Regularização de terrenos em Nova Ponte tem novos encaminhamentos

Desde outubro de 2005, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais trabalha para tentar ...

26/04/2006 - 00:00
 

Regularização de terrenos em Nova Ponte tem novos encaminhamentos

Desde outubro de 2005, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais trabalha para tentar ajudar a resolver a questão da regularização dos terrenos remanescentes da construção da cidade de Nova Ponte, no Triângulo Mineiro, que foi relocalizada pela Cemig para a construção de uma usina hidrelétrica. Uma audiência pública realizada na Câmara Municipal daquela cidade em 17/10/2005 levantou a situação e debateu as soluções possíveis com as autoridades e representantes da estatal.

Nesta quarta-feira (26/4/06), outra reunião com os mesmos personagens foi convocada para examinar o andamento das soluções apontadas. Os deputados constataram que nada foi feito, nem mesmo houve resposta aos quatro requerimentos apresentados na ocasião. Paulo Cesar (PDT) cobrou a apresentação de alternativas concretas e viáveis na presente reunião.

Essas alternativas surgiram de fato. O deputado Durval Ângelo, presidente da Comissão, conseguiu separar as reivindicações em dois grupos: um deles é composto por antigos moradores da área inundada, que não eram proprietários, mas foram instalados em casas construídas pela Cemig em áreas mais altas, e até hoje não receberam as escrituras. O outro grupo é composto por cerca de 400 famílias que não habitavam as áreas inundadas, e receberam os lotes remanescentes que a Cemig doou à Prefeitura para incorporação em seu patrimônio.

Eliana Aparecida de Oliveira, Alaor Batista Melo e Moisés Batista Camilo fizeram desabafos sobre a insegurança de quem não tem escritura e expuseram casos ilustrativos do problema. O vereador oposicionista Sérgio Bernardes Lemos reclamou de que protegidos e partidários políticos do prefeito conseguiam regularizar seus lotes, mediante simulações de licitação. Lemos disse que havia chegado à Câmara um projeto de lei regularizando 20 propriedades, e que as demais não estavam contempladas. Esse tipo de acusação havia predominado na audiência realizada em Nova Ponte, mas o deputado Durval Ângelo a considerou improdutiva.

Prefeitura e Cemig negam má-fé e responsabilidade

O prefeito Lindon Carlos Resende da Cruz negou que prevalecessem critérios políticos, mas admitiu que herdou o problema das administrações anteriores, desde os prefeitos Jarbas Fernandes e José Divino, que pertencem a seu grupo político. O representante da Cemig, Evandro Leite Vasconcelos, que havia dito que a empresa se eximia de qualquer responsabilidade após a transferência dos lotes remanescentes para a Prefeitura, pediu uma lista daqueles moradores do primeiro grupo, para encaminhar a solução dentro da empresa.

Permanecia o impasse quanto a uma solução viável para o segundo grupo, cobrada insistentemente pelos deputados Roberto Ramos (PSDB) e Weliton Prado (PT). O prefeito Lindon Cruz afirmou que os lotes remanescentes foram doados à Prefeitura para serem incorporados ao seu patrimônio, e que lhe era vedado doá-los aos moradores pela Lei 8.666, de Licitações, e pela Lei de Responsabilidade Fiscal, sob pena de sanções severas do Tribunal de Contas.

Um auxílio valioso para a solução do impasse veio da assessora jurídica da Prefeitura, Alice Ribeiro de Souza. Ao explicar os temos em que a estatal doou os terrenos remanescentes em escritura pública única, ela abriu caminho para uma solução jurídica, que foi anotada por Evandro Vasconcelos e pelo deputado Paulo Cesar: "Basta que a Cemig faça uma ressalva na escritura, mudando os termos que impedem a doação", propôs o deputado.

O deputado Durval Ângelo expôs os bons resultados obtidos pela Comissão nas negociações entre o Governo e os moradores a serem removidos pela Linha Verde, e afirmou que a Cemig negociou com os atingidos pela hidrelétrica de Irapé dentro de conceitos muito mais flexíveis do que os adotados em Nova Ponte.

Requerimentos: Dois requerimentos foram apresentados na reunião: o deputado Paulo Cesar pediu cópia do termo de acordo entre a Cemig e os atingidos, que teria sido assinado pelo então presidente da empresa, Carlos Eloy. Os deputados Paulo Cesar, Robeto Ramos e Weliton Prado solicitam seja enviado ofício à Cemig, pedindo que retifique em cartório a transferência dos lotes de sua propriedade na nova cidade de Nova Ponte, para a Prefeitura desse município, reconhecendo que essa transferência se deu com o objetivo de regularizar a situação dos imóveis de todos os moradores que não eram proprietários de imóveis na cidade velha.

Outros seis requerimentos foram aprovados. O primeiro, do deputado Rogério Correia (PT), solicita audiência pública para discutir ordem de despejo da Comunidade do Novo Lajedo, na região Nordeste da Capital. Do deputado Durval Ângelo foram cinco requerimentos. Um deles pede investigação sobre a morte de 19 jovens em Muriaé, possivelmente por meningite, e os demais tratam de fiscalização trabalhista sobre contratação de mão-de-obra terceirizada para a extração de eucalipto no Estado, com visitas às áreas da Cenibra.

Presenças: Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PSDB); Paulo Cesar (PDT), Weliton Prado (PT), Paulo Piau (PPS).

 

 

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