Comissão pede que juiz decrete prisão preventiva de vereador

Indiciado em três artigos do Código Penal e em um do Código de Trânsito, o presidente da Câmara Municipal de Ilicínea...

26/04/2006 - 00:01
 

Comissão pede que juiz decrete prisão preventiva de vereador

Indiciado em três artigos do Código Penal e em um do Código de Trânsito, o presidente da Câmara Municipal de Ilicínea, Sul de Minas, vereador Sidnei Alves, continua a exercer suas funções no Legislativo municipal e na Prefeitura, como funcionário efetivo. Mas requerimento aprovado nesta quarta-feira (26/4/06), em audiência pública realizada na cidade, pela Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, pede ao juiz da comarca de Boa Esperança que determine a prisão preventiva do vereador. O motivo do requerimento, do deputado Sargento Rodrigues (PDT), que também solicitou a reunião, é o inquérito policial encerrado em janeiro passado, em que Sidnei Alves figura como réu em uma ação de estupro qualificado.

O pedido de prisão preventiva ao juiz veio acompanhado de outro requerimento também do mesmo deputado, que pede o encaminhamento das notas taquigráficas da reunião ao coordenador da Promotoria de Crimes contra a Infância, Ronald Albergaria, e ao juiz da comarca de Boa Esperança. O primeiro requerimento teve como base as explicações do deputado Zé Maia (PSDB), presidente da comissão e advogado criminalista por 12 anos, de que o caso possui dois requisitos que justificam o pedido de prisão preventiva: "o clamor público e o uso institucional de cargo público para pressionar a família da vítima, numa clara ingerência na instrução criminal" explicou.

Depois da leitura do relatório do inquérito policial em que o delegado Anésio Nava Filho conclui pelo indiciamento do vereador e do testemunho do pai da menor, Aristeu Lopes, os deputados admitiram que não resta ao Ministério Público outra atitude que não o pedido da prisão preventiva. O MP ofereceu denúncia contra Sidnei Alves em fevereiro passado.

Vereador tem processo de tentativa de homicídio

O caso com a menor foi relatado pelo deputado Sargento Rodrigues que foi acionado por dois vereadores da cidade, Adilson Pires Ferreira e Creuza Maria Resende, que tentaram afastar, sem sucesso, o presidente de suas funções. No inquérito consta que Sidnei Alves, que fazia o transporte de escolares da zona rural, como motorista efetivo da Prefeitura de Ilicínea, admitiu ter conhecido DNL em setembro de 2004, mas negado ter mantido relações sexuais com a menor. Já testemunhas e a própria menor confirmaram as relações que teriam acontecido em uma casa na zona rural em janeiro, fevereiro e março de 2005, época em que ela tinha apenas 12 anos. Em outubro, após a confissão da menor à diretora da escola onde estuda, o Conselho Tutelar da Infância apresentou queixa à polícia. Foram ouvidos os pais, colegas, professoras e o suposto autor. Também foi feito o exame de corpo de delito, tudo constando do inquérito policial.

Além desse processo, o vereador Sidnei Alves enfrenta outro por tentativa de homicídio, resultado de uma briga com um colega de Câmara, quando teria desferido tiros e acertado duas pessoas. Além de ter sido flagrado dirigindo sem habilitação. O presidente da Câmara foi indiciado nos artigos 213 (estupro qualificado) combinado com o 224 (presunção de violência, por ter a vítima menos de 14 anos). E nos processos anteriores ele foi indiciado por tentativa de homicídio (artigo 121) e de dirigir sem habilitação (artigo 309, do Código de Trânsito). Os três primeiros são do Código Penal.

Ameaças - Além de permanecer em suas funções, o vereador Sidnei Alves foi denunciado pelo advogado da menor, Rodrigo Martins Ribeiro, de pressionar a família a desistir da ação, o que foi confirmado pelo pai Aristeu Lopes e pelo vice-presidente do Conselho Tutelar, Adilson Adriano de Souza, na audiência pública. Aristeu disse que foi procurado pelo vereador e numa das vezes, Sidnei Alves teria proposto casar-se com a menor, mesmo ainda estando casado. O representante do Conselho Tutelar informou também ter sido procurado para desistir da queixa e contou que a presidente do órgão está afastada de suas funções também por temer o presidente da Câmara.

Voz da comunidade - Uma única pessoa se manifestou na reunião, o que, segundo a avaliação do deputado Sargento Rodrigues, demonstra o constrangimento a que a população está sendo submetida. Em voz pausada, clara e interrogativa, a professora de 53 anos, Jureceu Borges, indagou quando a cidade iria fazer cumprir o Estatuto da Criança, ou "deixar de se curvar ante o poder de alguns poucos". Os dois vereadores que pediram o afastamento do presidente da Câmara, também lamentaram estar sozinhos na luta, "até mesmo sem o apoio da Justiça, que negou um pedido para anular uma reunião em que o presidente aprovou o arquivamento do pedido de seu afastamento", informou o vereador Adilson Ferreira. O deputado Weliton Prado (PT) disse que, se existem mesmo as provas nos autos, é preciso apurar tudo.

Presenças: Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Sargento Rodrigues (PDT) e Weliton Prado (PT)

 

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