Dom Luciano Mendes pede reforma agrária pacífica em Minas

Bem ao seu estilo prudente e calmo, mas firme nos objetivos, o arcebispo de Mariana, Dom Luciano Mendes de Almeida, p...

25/04/2006 - 00:00
 

Dom Luciano Mendes pede reforma agrária pacífica em Minas

Bem ao seu estilo prudente e calmo, mas firme nos objetivos, o arcebispo de Mariana, Dom Luciano Mendes de Almeida, pediu, em nome da justiça social, uma reforma agrária capaz de atender a todos os agricultores sem-terra. O pedido foi feito durante a solenidade em que a Assembléia Legislativa comemorou os 30 anos da sagração episcopal de Dom Luciano e os 100 anos de elevação da Diocese de Mariana a Arquidiocese.

"O que o povo pede é simples: autonomia, respeito, direitos. Muitos deixam sua terra porque já não conseguem viver dela. Se a reforma agrária começar de Minas, sem lutas, sem confrontos, de maneira pacífica e fraterna, estou certo de que o Brasil inteiro vai seguir", disse o arcebispo, que falou também sobre os dois problemas principais que destaca no Brasil de hoje: "o mau estado das estradas, que coloca tantas vidas em perigo, e a falta de empregos. Parece que está havendo uma atrofia congênita dos empregos", disse o religioso.

Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida tem 75 anos e nasceu no Rio de Janeiro. Desde os seis anos, na primeira Eucaristia, decidiu que seria padre. "Tive que enfrentar muitas contradições em minha vida, mas jamais tive dúvida da minha vocação", declarou. Jesuíta, foi bispo auxiliar de Dom Paulo Evaristo Arns, em São Paulo, depois secretário e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Assumiu a Arquidiocese de Mariana em 1988, e em 1990 sofreu um grave acidente de automóvel, cujas seqüelas limitaram sua ascensão na hierarquia eclesiástica.

O requerimento da homenagem partiu dos deputados Padre João (PT) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Ribeiro Silva destacou que a vida de Dom Luciano foi integralmente dedicada à propagação do Evangelho. "É difícil encontrar homens de tal têmpera, caráter, retidão e carinho para com seus semelhantes", afirmou o parlamentar.

Padre João foi pároco subordinado à Arquidiocese de Mariana. Iniciou seu discurso pedindo perdão a Dom Luciano por enaltecer as virtudes de um homem cuja modéstia é lendária e por retirá-lo, ainda que por uma noite, do seu trabalho pastoral. Revelou que a Diocese de Mariana foi criada em 1748, e seu primeiro bispo veio do Maranhão numa viagem de 14 meses a cavalo: "Em mais de dois séculos, tivemos apenas oito bispos e quatro arcebispos, sendo sete deles congregados e cinco seculares".

Dom Luciano recebe título de cidadão honorário de Minas

O deputado destacou em Dom Luciano principalmente a qualidade e a abrangência do trabalho pastoral e a proteção específica que estendeu aos índios e aos quilombolas. "Fiquei definitivamente marcado por uma frase que ele proferiu ao estimular-nos ao trabalho pastoral. Dom Luciano disse que nenhuma paróquia deveria se sentir confortável para celebrar a Eucaristia se não tivesse um trabalho social profundo e coerente".

O 2º vice-presidente da Assembléia, deputado Rogério Correia (PT), que presidiu a solenidade, destacou o grande trabalho de solidariedade desenvolvido pela Arquidiocese de Mariana, como a manutenção das santas casas de Misericórdia e a construção de magníficas igrejas pelas ordens terceiras. Em Dom Luciano destacou a educação do povo para o exercício responsável da cidadania, e sua luta contra os ódios e os ressentimentos do período ditatorial.

O homenageado recebeu das mãos dos três deputados uma placa comemorativa da data e do secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro, o título de cidadão honorário de Minas Gerais, outorgado pelo governador Aécio Neves. Crianças atendidas pela Pastoral da Criança de Mariana cantaram a canção "Vida é", predileta do arcebispo. Dom Luciano revelou que a canção foi composta a partir de depoimentos colhidos das crianças ao longo dos últimos 20 anos.

Participaram da homenagem os deputados Rogério Correia, 2º vice-presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Padre João (PT); secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro; Padre Marcelo Santiago, da Arquidiocese de Mariana; o bispo auxiliar de Belo Horizonte, Dom Aluísio Vidal; o deputado federal César Medeiros (PT-MG), e o procurador-geral do Estado, Jarbas Soares Jr.

 

 

 

 

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