Audiência debate norma para funcionamento do Suas

A desigualdade entre os municípios brasileiros, sobretudo a falta de estrutura administrativa e de recursos dos peque...

20/04/2006 - 00:00
 

Audiência debate norma para funcionamento do Suas

A desigualdade entre os municípios brasileiros, sobretudo a falta de estrutura administrativa e de recursos dos pequenos municípios, constitui o grande desafio a ser vencido para implantação do Sistema Único de Assistência Social (Suas). A dificuldade é ainda maior no que se refere ao estabelecimento de uma política de recursos humanos para os trabalhadores que irão atuar na prestação de serviços públicos de assistência social no âmbito do sistema. Essa preocupação foi externada por todos os participantes da audiência pública da Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quinta-feira (20/4/06), para debater a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos da Política de Assistência Social (NOB/RH). A reunião foi convocada a requerimento dos deputados André Quintão (PT), Maria Tereza Lara (PT) e Miguel Martini (PHS) e contou com a participação de cerca de 200 assistentes sociais de vários municípios mineiros.

A proposta da NOB/RH foi elaborada pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e está sendo discutida em todo o País, e o documento definitivo será definido pelo Conselho Nacional de Assistência Social no mês de novembro. Ao abrir a audiência, o deputado André Quintão lembrou que a Assembléia vai realizar um ciclo de debates regionalizado, a partir de maio, para sensibilizar municípios, informar e capacitar gestores para a implantação do Suas. Os encontros acontecerão em Divinópolis (Centro-Oeste), Governador Valadares (Rio Doce), Juiz de Fora (Zona da Mata), Itaobim (Vale do Jequitinhonha) e Montes Claros (Norte).

Diretrizes da NOB/RH

A diretora do Departamento de Gestão do Suas, Simone Aparecida Albuquerque, explicou que a principal função da NOB/RH é determinar as ações e procedimentos que cabem a cada um dos entes federados com relação às pessoas que trabalharão com assistência social no âmbito do Suas, tornando viável a sua plena implementação no prazo previsto de dez anos. Ela ressaltou, no entanto, que a norma tem que ser pactuada e incentivada, uma vez que a União não pode obrigar estados e municípios a aderirem às diretrizes do sistema. "A NOB dá parâmetros. Não haverá um plano de carreiras, cargos e salários único para o Brasil inteiro. O País tem 4.020 municípios de pequeno porte, que têm muita dificuldade para manter uma política de assistência social. O Suas só vai ser consolidado se os três entes federados compactuarem, apostarem no sistema", analisou.

Os principais eixos da norma, segundo a dirigente do MDS, são as diretrizes relativas a financiamento dos recursos humanos; política de capacitação permanente; planos de carreiras, cargos e salários; papel dos entes públicos envolvidos; papel da rede socioassistencial privada; equipe multiprofissional; cadastro nacional dos trabalhadores do Suas; controle social da gestão de recursos humanos no âmbito do Suas; e fóruns de deliberação sobre política de gestão de recursos humanos. Em seu pronunciamento, Simone Albuquerque destacou a necessidade de se enviar uma proposta de emenda constitucional ao Congresso Nacional, para que seja autorizada a utilização de recursos transferidos do Fundo Nacional de Assistência Social para pagamento de recursos humanos de servidores concursados. Hoje, esse tipo de gasto de dinheiro do fundo é vedado.

Sedese terá que adaptar-se à norma

Para a superintendente de Assistência Social da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes (Sedese), Marta Maria Castro Vieira da Silva, o Estado terá que superar alguns desafios para implementação da NOB/RH. Será necessário adaptar os planos de carreiras da Sedese às diretrizes da norma; além de fazer um estudo do impacto financeiro dos recursos humanos na área de assistência social, sem deixar de obedecer às limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A legislação também terá que sofrer adaptações. "Os fundos estaduais e municipais visam o financiamento de atividades finalísticas, e não o pagamento de recursos humanos", acrescentou. Na avaliação de Marta Maria, outro ponto que merecerá empenho será a capacitação dos trabalhadores de toda a área de assistência social, principalmente no interior do Estado: "Muitos municípios, de pequeno porte, têm dificuldades enormes de gestão. Talvez seja preciso estabelecer prazos", disse.

Outros participantes do debate também frisaram, além dessas questões, assuntos como a necessidade de realização imediata de concursos públicos para assistentes sociais, valorização dos agentes públicos, exigência de perfil técnico para o preenchimento de cargos de gerência, controle social, melhoria da qualidade dos serviços prestados à população, carência de profissionais habilitados no interior do Estado, regulamentação do trabalho de estagiários, entre outros.

Deputados destacam importância do Suas

O deputado André Quintão considerou irrisório o percentual de 0,2% do orçamento estadual para a área de assistência social, e lembrou que a Prefeitura de Belo Horizonte, sozinha, investe no setor 30% a mais que o Estado. Ele recordou, ainda, que foi graças à atuação da Comissão de Participação Popular que o orçamento destinado a assistência social foi aumentado em um terço em relação ao ano passado; e defendeu a realização de concurso público na Sedese, criticando a política de terceirização de mão-de-obra. Elisa Costa (PT) também falou sobre a importância do Suas e da atuação da Assembléia de Minas na implantação do sistema. E Miguel Martini (PHS) argumentou que, além da correta aplicação dos recursos destinados para a assistência social, é preciso que todos se empenhem por uma melhor distribuição dos recursos provenientes dos impostos entre os entes federados.

Presenças - Deputadas Maria Tereza Lara (PT), presidente da comissão, e Elisa Costa (PT) e deputados André Quintão (PT) e Miguel Martini (PHS). Também compuseram a mesa a diretora do Departamento de Gestão do Suas, Simone Aparecida Albuquerque; a superintendente de Assistência Social da Sedese, Marta Maria Castro Vieira da Silva; a presidente do Cogemas, Rosilene Cristina Rocha; o vice-presidente do Conselho Estadual de Assistência Social, Jean Carlos Rocha; Maria do Carmo Vilamarim, do Conselho Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte; Maria Rosângela Pinheiro Damaso, representante do Fórum Mineiro de Assistência Social; e o vereador Antônio Carlos Pereira, de Belo Horizonte.

 

 

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