Direitos Humanos ouve denúncias de contaminação por chumbo

Denúncias de que a empresa MS Metais, em Pouso Alegre, no Sul de Minas, estaria burlando a legislação ambiental e de ...

20/04/2006 - 00:01
 

Direitos Humanos ouve denúncias de contaminação por chumbo

Denúncias de que a empresa MS Metais, em Pouso Alegre, no Sul de Minas, estaria burlando a legislação ambiental e de que funcionários estariam sendo contaminados por chumbo levaram os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais a realizar uma audiência pública na cidade, na manhã desta quinta-feira (20/4/06). O diretor da empresa, Marco Antônio Vac Júnior, contestou as denúncias apresentadas pelos vereadores André Antunes e Geraldo Cunha Filho ao afirmar que "as atividades da MS Metais são idôneas e corretas", e que seguem a legislação ambiental. O cumprimento das exigências legais foi confirmado pelos representantes da Feam e do Ibama local.

Segundo o vereador Geraldo Cunha Filho (PFL), os funcionários da MS Metais estariam sendo contaminados por chumbo, que tem efeito progressivo e irreversível no organismo, afetando órgãos vitais. Ele apresentou um laudo do médico Francisco Ernesto Barbosa Filho, professor de medicina do trabalho da Universidade do Vale do Sapucaí. De acordo com o vereador, esse médico atendeu funcionários da empresa e detectou níveis de chumbo além do limite permitido. O deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, pediu cópia do material e informou que pediu à Delegacia Regional do Trabalho exames de sangue de todos os funcionários da MS Metais, inclusive dos que foram demitidos no prazo de um ano. Em resposta, o presidente disse que a empresa realiza exames de sangue a cada três meses em todos os funcionários da MS Metais e, quando é detectado um nível acima do usual, esse funcionário é afastado por um período.

O outro vereador que apresentou as denúncias, André Antunes (PT), disse que as pessoas têm receio de falar com medo de possíveis retaliações por parte da empresa. Dessa forma, o deputado Durval Ângelo autorizou que parte da reunião desta quinta-feira (20) fosse realizada a portas fechadas para ouvir quatro moradores vizinhos à fábrica que se prontificaram a falar. Informou ainda que nova reunião será promovida em Belo Horizonte, para ouvir outros denunciantes. O diretor da empresa, Marco Antônio Vac Júnior, negou qualquer tipo de intimidação e pediu apuração do fato. "Não é admissível que coloquem dessa maneira a questão, sem provas", afirmou.

Representantes ambientais pedem novos testes

As denúncias em relação à empresa se arrastam há 3 anos. Desde então, quatro audiências públicas foram feitas, inclusive uma da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia, em junho de 2004. Segundo o representante do Ministério do Meio Ambiente e chefe do Ibama em Pouso Alegre, Fernando Afonso Fernandes, desde que as denúncias foram apresentadas, ele as encaminhou aos Ministérios Público Estadual e Federal e solicitou à Copasa análise das amostras de água do Rio Mandu, que abastece a cidade e que fica próximo a MS Metais. Ele afirmou que não existe nenhum descumprimento em relação à questão ambiental por parte da empresa, mas admitiu que a legislação é falha no sentido que dá voto de confiança ao empreendedor. "Quem monitora as análise de poluentes é a própria empresa. Se existe um empresário mau intencionado, ele consegue burlar a lei", afirmou.

O técnico da Feam, Ronildo Silva Valente, também confirmou que todos os laudos - de solo, água e vegetação - em relação à MS Metais estão corretos, mas ele e o representante do Ibama solicitaram à Comissão de Direitos Humanos que providencie novos testes minuciosos dos locais próximos à MS Metais. Os dois técnicos afirmaram que a denúncia de contaminação de funcionários é grave e, se confirmada, é possível tomar as atitudes cabíveis e legais. "Fica difícil tomarmos qualquer atitude porque as provas técnicas não extrapolam os limites permitidos pela legislação", afirmou Fernando Afonso Fernandes.

Deputados constatam superlotação em cadeia

Após a audiência pública na Câmara Municipal de Pouso Alegre, os vereadores da cidade, juntamente com o s deputados Durval Ângelo (PT) e Roberto Ramos (PSDB), visitaram a cadeia pública, que fica no centro da cidade. Lá, eles constataram problemas como superlotação - estão abrigados 182 presos, onde cabem 70 - agressões físicas, insalubridade e falta de médicos. Segundo Durval Ângelo, a comissão está levando duas reivindicações da população e dos presos: a liberação de recursos para construção de uma nova cadeia e o pedido à Secretaria de Defesa Social de contratar agentes penitenciários para a instituição.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; e Roberto Ramos (PSDB), vice; além do secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Pouso Alegre, Herculano Costa, representantes da Copasa e diversos vereadores e autoridades locais.

 

 

 

 

 

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