Exploração de diamantes divide opiniões em audiência pública

Fica em Minas Gerais a primeira jazida de kimberlito economicamente viável do Brasil. A rocha é fonte primária de dia...

19/04/2006 - 00:00
 

Exploração de diamantes divide opiniões em audiência pública

Fica em Minas Gerais a primeira jazida de kimberlito economicamente viável do Brasil. A rocha é fonte primária de diamante. Estima-se que apenas 1% do kimberlito existente no mundo seja economicamente viável para exploração de diamantes. Essa foi uma das informações apresentadas por especialistas e representantes de entidades ligados à exploração de diamante na audiência pública desta quarta-feira (19/4/06) da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa. Participaram da reunião os deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão; e João Leite (PSDB), ambos requerentes do encontro, junto ao deputado Doutor Ronaldo (PDT).

O objetivo foi conhecer e debater o processo de certificação Kimberley, que regulariza as importações e exportações do diamante, assim como a sua exploração na Serra da Canastra. Com duração de mais de quatro horas, o debate tratou também da situação específica da cidade de Coromandel, onde cerca de três mil garimpeiros encontram-se acampados em frente à prefeitura, exigindo a reabertura das lavras, proibidas desde o final do ano de 2005, em decorrência da falta de documentação necessária para a exploração.

Os deputados ouviram atentamente as falas dos convidados, que começaram com a explicação do diretor-geral adjunto do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), João César de Freitas Pinheiro. Ele apresentou dados sobre o certificado Kimberley, criado por lei federal em 2003 e regulamentado em agosto de 2005. Também explicou o panorama internacional da exploração de diamante, e as estruturas governamental e jurídica ligadas ao tema. João César reafirmou a importância do certificado, os esforços da entidade para organizar e regulamentar a exploração do mineral no Brasil, e informou a chegada de uma missão internacional, em 26 de abril, que fará a revisão ordinária da certificação. "A certificação auxilia a organização dos setores produtivos. A ilegalidade é um problema difícil de ser resolvido, mas o governo vem tentando construir alianças entre os atores envolvidos na questão", concluiu.

O panorama da situação na cidade de Coromandel foi o foco da fala da prefeita Dione Maria Peres. Ela deixou claro seu apoio aos pequenos e médios garimpeiros da região e denunciou o aproveitamento do conflito entre garimpeiros e poder público para interesses políticos. "Eles viraram massa de manobra de poucos, mas grandes garimpeiros", afirmou ela, que se disse preocupada com a situação. Segundo a prefeita, foi iniciado um programa de formalização dos procedimentos de lavra, em parceria com a mineradora Samsul, como caminho de legalizar os trabalhos dos pequenos e médios garimpeiros da região. "Pela primeira vez, os pequenos terão títulos minerários. Faço apelo para que o programa não pare", pediu.

Representante de mineradora questiona legitimidade de cooperativa de garimpeiros

Durante a audiência, Laudelino Augusto leu fax enviado por representantes do Sindicato dos Garimpeiros de Coromandel e região e da Associação de Pequenos de Médios Garimpeiros de Coromandel, que não compareceram à audiência, apesar do convite. O documento questionou a atuação da Samsul Mineração na área. Segundo eles, a empresa detém mais de 236 mil hectares de título minerário sem exploração efetiva. O diretor financeiro da Samsul, Lúcio Mauro de Souza Coelho, argumentou que as atividades da mineradora estão paralisadas há três anos, aguardando o processo de revisão dos limites do Parque Estadual da Serra da Canastra. Ele informou que não reconhece a cooperativa de garimpeiros da cidade como representante dos pequenos garimpeiros, alegando que a entidade é financiada por grandes garimpeiros da região que têm interesses políticos não declarados no conflito instalado em Coromandel.

Lúcio foi o responsável por informar a descoberta pela empresa da primeira jazida de kimberlito economicamente viável do Brasil, que aguarda uma série de desdobramentos para início da exploração. O Canadá tem sua exportação de diamantes baseada nesse tipo de lavra, o que gera ao país uma faturamento de US$ 1 bilhão por ano. "Nossa previsão é que o Brasil passe a ser um grande produtor de diamante de fonte primária. A exploração de Canastra 1 pode colocar o País entre os cinco maiores exportadores do mundo", disse. Atualmente, as exportações brasileiras de diamante significam apenas 0,2% dos números mundiais.

Falaram ainda o diretor comercial da GAR Mineração, Comércio, Importação e Exportação Ltda., Francisco de Assis Ribeiro; o presidente do Sindicato dos Geólogos (Singeo/MG), Dower Rios Freitas Alvim; e o conselheiro da Associação Brasileira de Profissionais da Mineração (Apromin), Ronald Fleischer. Após as exposições, os deputados fizeram questionamentos aos convidados.

Na conclusão dos trabalhos, João Leite enfatizou que a comissão votará, em sua próxima reunião, requerimentos "para conhecer mais sobre a situação e acompanhar todo o processo em torno do tema". Laudelino também expôs sua preocupação, que dividiu em dois pontos: "Precisamos solucionar os problemas dos garimpeiros e também ficarmos atentos quanto à arrecadação de impostos referentes ao comércio de diamantes". E concluiu que "é preciso somar esforços", garantindo que a discussão do tema terá continuidade nos trabalhos da comissão.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão; e João Leite (PSDB). Compareceram ainda o diretor de Mineração da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Newton Reis de Oliveira Luz; a prefeita de Coromandel, Dione Maria Peres; o diretor-geral adjunto do DNPM, João César de Freitas Pinheiro; o diretor financeiro da Samsul Mineração Ltda., Lúcio Mauro de Souza Coelho; o diretor comercial da GAR Mineração, Comércio, Importação e Exportação Ltda., Francisco de Assis Ribeiro; o presidente do Singeo, Dower Rios Freitas Alvim; o presidente da Associação Brasileira de Profissionais da Mineração (Apromin), o conselheiro da Apromin, Ronald Fleischer; e o geólogo e assessor da Codemig, Renato Fonseca.

 

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