Em reunião na ALMG, governo destaca crescimento do ICMS

Na reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia de Minas, que discutiu, nesta quarta-f...

19/04/2006 - 00:01
 

Em reunião na ALMG, governo destaca crescimento do ICMS

Na reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia de Minas, que discutiu, nesta quarta-feira (19/4/06), as metas fiscais do Estado para 2005, os técnicos do Executivo apresentaram números positivos sobre a arrecadação do ICMS e o resultado da execução orçamentária, enquanto parlamentares questionaram a inclusão de investimentos em saneamento como gastos com saúde. Segundo o governo, a arrecadação de ICMS pulou de R$ 9,397 bilhões, em 2002, para R$ 12,9 bilhões, em 2004, e para R$ 15,2 bilhões, em 2005. O volume de recursos arrecadados com o imposto no ano passado correspondeu a 60% da receita total de Minas Gerais. Já o resultado da execução orçamentária fiscal passou de R$ 874,341 milhões negativos, em 2002, para R$ 221,654 milhões, em 2005.

Os números foram apresentados pela contadora-geral do Estado, Maria da Conceição Barros de Rezende, e pelo chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Estado da Fazenda, Iran de Almeida Pordeus, durante reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa. Eles falaram sobre o cumprimento das metas fiscais estabelecidas para o Estado referentes aos quadrimestres de 2005, em obediência à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O autor do requerimento da reunião foi o presidente da comissão, deputado Domingos Sávio (PSDB).

Saneamento e saúde - Um dos assuntos que marcaram a reunião foi o velho questionamento sobre a inclusão de gastos com saneamento básico no montante de recursos destinados à saúde. Segundo a contadora Maria da Conceição, em 2005 o Executivo investiu R$ 1,852 bilhão no setor, o que representa 12,33% da receita proveniente da arrecadação de impostos e de transferências. O mínimo constitucional exigido é de 12%. Na avaliação do deputado Sebastião Helvécio (PDT), preocupa a existência de várias interpretações, em cada unidade da federação, sobre o que é gasto com saúde. Ele lembrou que os investimentos do Estado no setor foram menores do que o montante gasto em educação - que, em 2005, chegou a R$ 4,418 bilhões, ou seja, 29,48%, sendo que o mínimo constitucional exigido é de 25%.

A deputada Elisa Costa (PT) também questionou os números apresentados pelo governo, lembrando que os investimentos feitos em saneamento pela Copasa não deveriam ser considerados gastos com saúde. Assim como a contadora-geral do Estado, a deputada defendeu a regulamentação da Emenda à Constituição Federal nº 29, que estabelece os índices a serem aplicados na área. Também na avaliação da parlamentar do PT, haveria margem para a concessão de reajuste salarial maior do que o dado recentemente aos servidores, em particular os da educação e saúde. Ela se referiu a outro número apresentado pelo Executivo: que o comprometimento da receita corrente líquida com pagamento de pessoal, em 2005, foi de 43,49%, inferior ao limite de 49% estabelecido pela LRF e ao limite prudencial que a própria lei determina, que é de 46,45%.

Dívida com a União - A pedido da comissão, o chefe da Assessoria Econômica, Iran de Almeida Pordeus, fez uma análise do comprometimento da receita com o pagamento da dívida com a União. Ao final de 2005, a dívida fundada (da qual 95% referem-se à dívida com a União) era de R$ 43,5 bilhões. Essa é a dívida de longo prazo, contratual, que engloba também os empréstimos junto ao Banco Mundial, ao Banco Interamericano de Desenvolvimento e à Caixa Econômica Federal, entre outras instituições. Para pagamento de juros e amortização, foram gastos, em 2005, R$ 2,55 bilhões, contra R$ 1,8 bilhão em 2004. Entre 2002 e 2005, a dívida fundada teve um crescimento de R$ 11 milhões.

Admitindo que a dívida com a União é, sim, onerosa para o Estado, Iran de Almeida explicou que o saldo cresce ao longo do tempo tanto por conta do indexador utilizado (o IGP-DI) quanto pela taxa de juros - que é de 6% ao ano e de 7,5% ao ano, nos dois principais contratos. Junto com o Pará, Minas é o Estado onde a taxa de juros cobrada é a mais alta. Isto porque, à época da renegociação da dívida, Minas não dispunha de valores para aportar na chamada "conta gráfica", que equivaleria à quitação de 20% do total em até dois anos via privatizações - que foram feitas em vários Estados. Além disso, o pagamento mensal é limitado a 13% da receita líquida real.

Maria da Conceição, contadora-geral do Estado, comentou, ainda, crítica feita pelo deputado Sebastião Helvécio à "ingerência" da Secretaria do Tesouro Nacional nas Secretarias de Fazenda estaduais. Ela defendeu a criação do Conselho de Gestão Fiscal, previsto na LRF, que reuniria União, estados, municípios, órgãos de classe e representantes da sociedade civil, para definir conjuntamente aspectos como padronização de índices e ferramentas de informação.

Polêmica - Coube à deputada Elisa Costa e ao deputado Sebastião Helvécio polemizarem sobre as realizações dos governos estadual e federal na área da saúde. A deputada informou que as receitas federais cresceram de R$ 30 bilhões, em 2003, para R$ 41 bilhões, em 2005. Já o deputado Sebastião Helvécio avaliou que o investimento continua tímido e que o governo federal não tem se preocupado em vincular a base de gastos para a saúde. O vice-presidente da comissão, deputado Jayro Lessa (PFL), que presidiu a reunião, ratificou as palavras do deputado Sebastião Helvécio e fez duras críticas ao PT, além de defender a renegociação da dívida de Minas com a União.

Projetos analisados

A Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária aprovou, ainda, pareceres favoráveis aos seguintes projetos, todos tramitando em 1º turno:

* Projeto de Lei (PL) 1.987/04, do deputado Ricardo Duarte (PT), que estabelece diretrizes para as ações do Estado na prevenção e na redução de danos causados à saúde pelo uso constante de substâncias causadoras de dependência química. O relator, deputado Sebastião Helvécio, opinou pela aprovação na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Saúde.

O substitutivo acolhe sugestões apresentadas por especialistas presentes em audiência pública realizada para subsidiar a discussão do projeto, que se referem à precisão dos termos técnicos e à clareza do projeto. Assim, pelo substitutivo, o Estado deverá atuar na prevenção, no tratamento, na recuperação e na reinserção social do dependente, realizando campanhas educativas permanentes sobre os riscos do uso de substâncias químicas psicotrópicas causadoras da dependência e para a prevenção do contágio de doenças transmissíveis associadas ao uso de drogas.

O substitutivo também prevê a parceria entre entidades governamentais ou não, instituições educacionais e empresas privadas. O Estado também deverá promover a capacitação técnica dos profissionais de saúde e de assistência social de sua rede. Essas ações serão executadas no âmbito do SUS e planejadas e coordenadas pelo governo do Estado. Há também a mudança na Lei 12.296, de 1996, determinando-se a distribuição gratuita de preservativos, seringas e agulhas descartáveis, a ser feita por profissionais treinados e vinculados ao serviço público.

* PL 2.752/05, do governador, que autoriza o Executivo a doar a Ubá os imóveis que especifica. O relator, deputado Dilzon Melo (PTB), opinou pela aprovação na forma proposta.

* PL 3.004/06, do governador, que autoriza o Executivo a doar imóvel a Itanhandu. O relator, deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB), opinou pela aprovação na forma proposta.

Também foi aprovado o Requerimento 6.403/06, da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, que apela ao governador que viabilize a redução do ICMS dos combustíveis e, conseqüentemente, diminua o preço do produto para o consumidor final. Foi ainda retirado de pauta o PL 2.080/05, do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que acrescenta dispositivo ao artigo 8º da Lei 12.733, de 1997, que dispõe sobre a concessão de incentivos fiscais com o objetivo de estimular a realização de projetos culturais no Estado.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Jayro Lessa (PFL), vice-presidente, que a presidiu; Dilzon Melo (PTB), Elisa Costa (PT), José Henrique (PMDB), Luiz Humberto Carneiro (PSDB) e Sebastião Helvécio (PDT).

 

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