Maioria dos projetos culturais concentra-se na Região Central

Cinqüenta e cinco por cento das empresas patrocinadoras de eventos culturais de Minas Gerais estão na Região Central ...

18/04/2006 - 00:00
 

Maioria dos projetos culturais concentra-se na Região Central

Cinqüenta e cinco por cento das empresas patrocinadoras de eventos culturais de Minas Gerais estão na Região Central do Estado, sendo que as duas maiores concentram 39,1% dos investimentos. De 1998 a 2002, a Região Central concentrou 78,5% dos projetos apresentados e 75,6% dos incentivados. Os dados são de uma pesquisa do Centro de Estudos Históricos e Culturais da Fundação João Pinheiro, apresentados nesta terça-feira (18/04/2006), na reunião da Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa.

O encontro com representantes de diferentes setores culturais do Estado foi requerido pelo deputado Biel Rocha (PT) para debater o Projeto de Lei 2.880/05, de autoria da deputada Elisa Costa (PT). O projeto altera a lei 12.733, de 1997, com o intuito de regionalizar a concessão de incentivo fiscal a fim de estimular a realização cultural no interior de Minas. A proposição garante que todas as regiões sejam contempladas com o benefício fiscal de incentivo à cultura, observada a proporcionalidade de arrecadação de ICMS nelas efetivada. Para isso, o projeto determina que a Secretaria de Estado de Cultura abra editais especiais de captação por região de planejamento, com valores correspondentes ao montante dedutível por região. "Minas é um Estado muito rico culturalmente. A muitos lugares do interior os recursos não estão chegando, daí a necessidade de desconcentrar. A proposta não traz modificações nos valores dedutíveis, mas apenas na forma de distribuição", observou a deputada.

O coordenador da Comissão de Representação do Fórum Técnico "Cultura: política e financiamento", Cássio Pinheiro, também criticou a concentração de investimentos numa só região do Estado, defendendo a necessidade de regionalização, mas pediu uma ampliação do debate em torno da proposta. "Concordo com os princípios do projeto, mas temos que avaliar melhor os caminhos a serem seguidos. Tenho receio, por exemplo, de que as empresas que financiam a cultura longe de suas bases de atuação se sintam desestimuladas a fazê-lo. Além disso, não há como falar em regionalização sem o Conselho Estadual de Cultura", disse. Cássio pediu também uma discussão mas ampla sobre a atual Lei de Incentivo à Cultura. "Pelo atual sistema, o artista e o produtores são os que menos ganham. O preocupante é que as empresas patrocinadoras têm a palavra final, e os produtores são obrigados a passar pelo crivo do Estado e também dessas empresas", lamentou.

Comissão Técnica considera projeto desnecessário

Apesar de concordar com a importância da desconcentração de recursos, o presidente da Comissão Técnica de Análise de Projetos da Lei de Incentivo à Cultura, Rômulo Avelar, questionou a necessidade do projeto de lei da deputada. Para ele, a mudança na lei não garantiria a desconcentração, "já que a decisão final do que patrocinar ou não é da empresa, que vai avaliar seus próprios interesses".

Rômulo Avelar considerou ainda a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o assunto. "A mudança proposta é bem radical e poderia gerar conseqüências ainda não avaliadas. Daí a necessidade de um estudo mais rigoroso. Faltam dados concretos, A proposta não está madura o suficiente", alegou, citando ainda outra dificuldade: "Hoje o processo de escolha dos projetos a serem beneficiados pela Lei de Incentivo à Cultura é complicado e minucioso. E olha que só há um edital, imagina com um edital para cada região?", indagou Rômulo, que, no debate, substituiu a secretária de Estado de Cultura, Eleonora Santa Rosa.

Para ele, existem outras formas para incentivar a regionalização. Uma delas é investir maciçamente na informação. "No interior, ainda há muita falta de conhecimento em relação à lei. Além disso, no processo de seleção dos projetos já estamos dando peso ao critério de regionalização", finalizou.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados Biel Rocha (PT), Domingos Sávio (PSDB) e a deputada Elisa Costa (PT).

 

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