Padrão digital estimula debate sobre democracia na TV

O debate promovido nesta quarta-feira (5/4/06) na Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, a respeito da i...

05/04/2006 - 00:00
 

Padrão digital estimula debate sobre democracia na TV

O debate promovido nesta quarta-feira (5/4/06) na Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, a respeito da implantação do sistema de TV digital no Brasil, mostrou a oportunidade que a escolha do novo padrão oferece para a discussão de novas regras para exploração dos meios de comunicação no País. Organizado a partir do requerimento do deputado Jésus Lima (PT), o debate mostrou que são pequenas as diferenças técnicas entre os padrões europeu e japonês de televisão digital, principais opções hoje avaliadas pelo governo brasileiro para implantação no Brasil. Por outro lado, as mudanças permitidas pelo novo sistema ampliam as possibilidades de democratização dos meios de comunicação, entre outras coisas, por multiplicarem por quatro ou até oito vezes o número de canais televisivos disponíveis.

Secretário-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), José Guilherme de Castro, anunciou que a entidade irá intensificar, nos próximos dias, uma campanha pela democratização do debate sobre a escolha do padrão digital de TV e democratização da comunicação. O calendário inclui um videoconferência, no dia 12 de abril, e uma conferência nacional, no segundo semestre de 2006. "Essa é a grande oportunidade de democratizar a comunicação no Brasil. O governo disse que estava decidido, que a bola estava na marca do pênalti. Estamos levando a partida para o segundo tempo e vamos ganhar", afirmou Castro.

Convidado a participar da reunião, o ministro das Comunicações Hélio Costa não compareceu, nem enviou representante. Em nome da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), o vice-presidente de Tecnologia da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt), Victor Purri Netto, defendeu o sistema japonês de TV digital como o que reúne melhores qualidades técnicas, por ter sido desenvolvido posteriormente aos modelos americano e europeu. Já o diretor da Amirt, Luiz Carlos Gomes, afirmou que há mais de cinco anos a Abert vem organizando seminários e encontros para discutir o tema. José Castro, por outro lado, desafiou as associações das grandes emissoras a realizarem um debate público na televisão. "São três lados nessa história: as emissoras, a sociedade e as telefônicas", afirmou o representante do FNDC.

O professor Fernando José da Silva Moreira, do Departamento de Engenharia Eletrônica da Escola de Engenharia da UFMG, afirmou que não há diferenças importantes entre os padrões europeu e japonês de TV digital, levando em conta os aspectos de mobilidade e interatividade do sistema, enquanto o modelo americano tem deficiências com relação à recepção do sinal por aparelhos em movimento, como celulares. "Mais importante que a escolha do padrão, na minha opinião, é a discussão da política regulatória e do modelo de negócios do setor", defendeu o professor.

O deputado Jésus Lima destacou a importância de se buscar a democratização da comunicação no País, mas disse acreditar que essa discussão não depende, necessariamente, do padrão digital a ser escolhido. "Essas duas discussões são independentes, e até agora, não vejo porque o adiamento da escolha do padrão possa contribuir para a democratização do setor", afirmou o parlamentar. Ele lembrou que há 12 anos se arrasta a discussão sobre TV digital.

O jornalista Luiz Carlos Bernardes, que representou o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, criticou a pressa do governo em definir o padrão. Ele alertou para o perigo de se repetir no Brasil o erro ocorrido por ocasião das privatizações, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em que as agências reguladoras foram criadas só depois de vendidas as grandes empresas públicas. Ele lembrou que, no Reino Unido, a implantação das agências precedeu as privatizações. "Seria o caso de discutirmos, antes da implantação da TV digital, a Lei Geral de Comunicações e o marco regulatório do setor", defendeu o jornalista.

Durante a reunião, foi aprovado ainda um requerimento que dispensa apreciação de Plenário.

Presenças - Deputados Chico Rafael (PMDB), presidente; Jésus Lima (PT) e João Leite (PSDB); e deputada Lúcia Pacífico (PSDB).

 

 

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