Aprovado relatório final da Comissão Especial do Cooperativismo

Foi aprovado, na tarde desta quarta-feira (5/4/06), o relatório final da Comissão Especial do Cooperativismo da Assem...

05/04/2006 - 00:01
 

Aprovado relatório final da Comissão Especial do Cooperativismo

Foi aprovado, na tarde desta quarta-feira (5/4/06), o relatório final da Comissão Especial do Cooperativismo da Assembléia Legislativa. Fruto do trabalho conjunto dos deputados com entidades representativas do setor, o documento teve como objetivos básicos, de acordo com sua relatora, deputada Ana Maria Resende (PSDB), fazer o diagnóstico do atual estágio do cooperativismo; colher subsídios para a formulação de políticas públicas e ações para desenvolvimento dessa atividade; e divulgar os princípios cooperativistas.

A relatora informou ainda que a Comissão Especial do Cooperativismo foi proposta pelos integrantes da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop/MG), criada na ALMG. O requerimento que originou a comissão teve como primeiro signatário o deputado Paulo Piau (PPS), eleito presidente. A comissão especial foi criada para, no prazo de 60 dias, proceder a estudos e propor políticas públicas para o desenvolvimento do Sistema Cooperativista de Minas.

Ao fazer a leitura do relatório, Ana Maria Resende fez um histórico do trabalho desenvolvido, lembrando que foram realizadas oito reuniões, cada uma com representantes de ramos diferentes do cooperativismo (num total de 13). Antes delas, houve uma primeira reunião ampla, em que foi traçado um diagnóstico do setor no mundo, no Brasil e, especialmente, em Minas Gerais. Os ramos do cooperativismo atualmente existentes no Brasil são: crédito, consumo, educação, especiais, habitação, mineral, produção, agropecuária, saúde, trabalho, infra-estrutura, transporte, e turismo e lazer. No Estado, há cerca de 800 cooperativas, com um milhão de cooperados, que empregam 30 mil pessoas.

Diagnóstico - Como conclusões do trabalho da comissão, a relatora diagnosticou o seguinte: o cooperativismo no Brasil e em Minas ainda tem muito a desenvolver, se comparado com o de outros países; em Minas Gerais, ele vem se fortalecendo e se organizando de forma inédita nos últimos anos; o cooperativismo de crédito mineiro ocupa atualmente posição de vanguarda em relação ao restante do País; em outros setores, é comparável ao dos estados mais avançados do Brasil, como Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul; e o sucesso do desenvolvimento econômico e institucional do País depende do desenvolvimento do cooperativismo, que tem a missão de fornecer a estrutura de base para a produção de bens de consumo e a prestação de serviços.

Relatório faz recomendações aos poderes Executivo e Legislativo

Ao final, o relatório traz várias recomendações gerais a diferentes órgãos das esferas de Poder, nos âmbitos federal, estadual e municipal. Ao Congresso Nacional, a comissão sugere regulamentar, através de lei complementar, o artigo 146, inciso III, alínea c, da Constituição Federal, assegurando a não-incidência de tributos e contribuições sobre o resultado do ato cooperativo; aprovar projeto de lei sobre o cooperativismo, incluindo nova definição de atos cooperativos como os "praticados entre as cooperativas e seus sócios, entre estes e aquelas, e pelas cooperativas entre si, quando sócias, para a consecução dos objetivos sociais"; e aprovar o PL federal 3.767, de 2004, que adapta o Código Civil à Lei do Cooperativismo, por meio da eliminação da exigência de número mínimo de sócios para compor a administração de sociedades cooperativas.

Ao Executivo federal, o relatório final da Comissão Especial do Cooperativismo recomenda inserir nos currículos do ensino fundamental (por meio de alteração na lei pertinente) conteúdos e atividades relativos ao cooperativismo; e prever recursos (preferencialmente administrados pelas entidades representativas do setor) para a capacitação de dirigentes, executivos e associados de cooperativas no orçamento do Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural (Denacoop) e de outros órgãos de fomento ao cooperativismo.

Fundo - Do Executivo estadual, a comissão reivindica a criação do Fundo de Apoio ao Cooperativismo do Estado (Fundecoop), visando oferecer crédito, financiar estudos sobre o cooperativismo, financiar assistência técnica e consultoria às cooperativas para aperfeiçoamento de gestão e desenvolvimento institucional sustentável; a inclusão de representante da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) na Junta Comercial do Estado, como prevê a Lei 15.075, de 2004; e a implementação do Conselho Estadual de Cooperativismo (Cecoop). Como recomendação aos legislativos municipais, Ana Maria Resende propôs a regulamentação da não-incidência do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) no que diz respeito ao ato cooperativo.

Comissão pede revisão de leis sobre cooperativismo

Com base nos depoimentos e documentos recebidos, a comissão conseguiu reunir uma série de demandas específicas de 11 dos 13 ramos do cooperativismo. As recomendações específicas foram destinadas às cooperativas agropecuárias, de consumo, de crédito, educacionais, habitacionais, do ramo mineral, de produção, de saúde, de trabalho, de transporte e de turismo e lazer.

Em linhas gerais, as solicitações dizem respeito a: aprovação, revisão e regulamentação de leis envolvendo o cooperativismo, por parte dos legislativos federal, estadual e municipais; pedidos, aos Executivos federal, estadual e municipais, de incentivos fiscais, linhas de crédito, fomento, propostas de políticas públicas e mudanças na tributação e fiscalização das cooperativas, dentre outros; e solicitação de apoio a entidades de representação das cooperativas (como Ocemg e outras).

Mineração - A relatora da comissão especial, deputada Ana Maria Resende, fez ainda duas solicitações à Comissão de Meio Ambiente da Assembléia. O relatório solicita que seja estudada a denúncia feita por José Alves da Silva, da Federação Nacional dos Garimpeiros (Fenag), com relação a exploração de esmeraldas sem a devida autorização legal por cooperativa de garimpeiros desde 1999. E pede que seja debatida, em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos, a situação da mineração de pedra-sabão em Ouro Preto e região, com ênfase na formação de cooperativas de mineração, nas dificuldades de obtenção do direito mineral e no uso de trabalho infantil na atividade. Presente à reunião, o deputado Laudelino Augusto (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente e também suplente na comissão especial, disse que já estava dando encaminhamento às solicitações.

O deputado Paulo Piau agradeceu a contribuição dos envolvidos para a concretização dos objetivos: a relatora, o presidente da Ocemg, Ronaldo Scucato, presente à reunião; os membros das cooperativas, representados na audiência pelo presidente da Cooperativa Central dos Produtores de Cachaça de Alambique de Minas Gerais, Trajano Raul Ladeira; os consultores e assessores da ALMG, entre outros. E concluiu dizendo que o maior objetivo é "fazer de Minas Gerais o Estado mais cooperativo do Brasil". O deputado José Henrique (PMDB) acrescentou que Minas precisa de mais cooperativas e que os governos têm que incentivar mais o setor.

Presenças - Deputado Paulo Piau (PPS), presidente; deputada Ana Maria Rezende (PSDB), relatora; e deputados José Henrique (PMDB) e Laudelino Augusto (PT).

 

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