Potencial e dificuldades do Circuito Áreas Proibidas são
debatidos
"Conheça Pirapetinga e siga a Estrela Dalva. Dê uma
Volta Grande e vá Além. Seja um Aventureiro nos trilhos, nas águas,
nas trilhas e nas histórias das Áreas Proibidas". O slogan do
Circuito Áreas Proibidas, divulgado na reunião da Comissão de
Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembléia
Legislativa nesta sexta-feira (31/3/06), ilustra o potencial
turístico dessa região na Zona da Mata. Na audiência pública em
Angustura, distrito de Além Paraíba, representantes das áreas de
turismo e cultura dessa e das outras quatro cidades do circuito
mostraram o potencial do roteiro e os entraves para a sua
consolidação.
O presidente da comissão, deputado Paulo Cesar
(PDT), afirmou que só recentemente tomou conhecimento da importância
do roteiro Áreas Proibidas, após a leitura do livro "Os caminhos do
ouro na Estrada Real", de Plínio Alvim. Fazendo referência ao
significado de Angustura, ele disse que o turismo é como o
significado da palavra. "Turismo é uma 'passagem estreita entre
montanhas'. É um negócio sério como outro qualquer: pode trazer
recursos, mas também pode ser o início da degradação de um local, se
não for bem explorado", analisou.
O deputado Biel Rocha (PT) destacou que o circuito,
englobando Além Paraíba, Volta Grande, Estrela Dalva, Pirapetinga e
Santo Antônio do Aventureiro, está numa região das que mais
contribuíram para a formação de Minas Gerais. "Aqui, temos a fuligem
do trem, o negro do café e a figura do escravo negro que trabalhou
na região. Ao revitalizarmos o circuito, estaremos fazendo um acerto
de contas com o passado", disse Biel, que requereu a reunião junto
com o deputado Carlos Gomes (PT). Na avaliação dele, como o
diagnóstico da região já está pronto, agora é hora de discutir
projetos de financiamento, mas ressalvou: "não podemos nos iludir:
muitas regiões pleiteiam esses recursos, e o turista só volta se for
bem recebido. Para atrair visitantes, as cidades têm que ser dotadas
de infra-estrutura".
Humberto Mauro - Biel
Rocha destacou ainda a carta que recebeu do governador Aécio Neves
agradecendo o convite para participar da reunião. E lembrou que a
ausência do secretário de Turismo se deveu à reunião, também nesta
sexta, para troca do secretariado (no lugar de Herculano Anghinetti
entrou Maria Elvira). Já o deputado Carlos Gomes lembrou que, no ano
passado, ele e Biel estiveram em Volta Grande, numa audiência
pública que teve como objetivo resgatar a obra do cineasta Humberto
Mauro, nascido nesse município. "Felizmente estamos tendo progresso,
resgatando a história do cinema brasileiro", acrescentou.
Secretário municipal pede tombamento pelo
Estado
O secretário de Cultura de Além Paraíba, José Alves
Fortes, leu um documento com reivindicações para incrementar o
turismo na região. Ele solicitou à comissão "diligências que levem a
ALMG a aprovar leis de tombamento do conjunto arquitetônico da
cidade pelo Estado, através do Instituto Estadual do Patrimônio
Histórico e Artístico (Iepha). O acervo inclui o casario, igrejas,
cemitério, obras sacras e o acervo ferroviário (que engloba
rotundas, estações, vagões e outros). Fortes ressaltou que todo esse
conjunto já foi tombado pelo município, mas faltam recursos para
garantir a conservação. "A falta de apoio dos governos estadual e
federal constitui menosprezo a esses acervos".
O presidente do circuito Áreas Proibidas, Nilo
Alvim Oliveira Passos, entregou documento para os deputados sobre o
roteiro. "Começamos com muita dificuldade. No início, eram nove
municípios, mas ficaram cinco por haver maior afinidade histórica
entre eles". Ele disse que o documento de criação do circuito
pressupunha uma contribuição mensal de cada município, mas isso
nunca aconteceu. "Éramos um dos circuitos mais adiantados, mas, como
não tivemos apoio, tudo estagnou. Mais do que recursos, precisamos
de suporte do governo estadual, para que aí então possamos andar
sozinhos", completou. Nilo lembrou ainda que cada circuito criado
tem que ser certificado anualmente.
Falta de recursos - Já o
secretário do Instituto de Cultura e Turismo de Angustura, Além
Paraíba e Região (Culturar), Plínio Alvim, analisou que o repasse do
ICMS Cultural (previsto na Lei Robin Hood) não foi bem conduzido
pelo Estado, o que gerou perda de recursos para recuperar o
patrimônio. Ele reclamou da falta de recursos: "precisamos de
dinheiro para preservar nosso acervo histórico; nosso casario é
centenário e está se deteriorando". Sobre a revitalização das
ferrovias na região, prevista também nas propostas do circuito,
Plínio aproveitou para falar da identidade do povo mineiro com esse
meio de transporte. "Qualquer coisa é um trem, ou melhor, qualquer
trem é um trem. Há sempre um trem no nosso caminho - trem de doido,
trem bão demais, trem esquisito. O trem é a alma de Minas. Trem é
trem, sô!", concluiu.
Requerimentos aprovados
Foram aprovados quatros requerimentos dos três
deputados presentes, solicitando: audiência com a secretária de
Turismo, Maria Elvira, para levar as reivindicações da população
local; pedido de tombamento do acervo histórico, artístico e
cultural do circuito; reunião com o presidente do Iepha, Octávio
Elísio, para tratar desse mesmo assunto; e presença de representante
da ALMG na Semana de Angustura, realizada anualmente em março. Foram
também aprovados dois requerimentos do deputado Paulo Cesar pedindo
uma audiência pública na Assembléia, com a participação da
secretária de Turismo; e registro nos anais da Casa de manifestação
de aplauso ao Sindicato das Indústrias de Calçado de Nova Serrana
(SindNova).
Presenças - Deputados Paulo Cesar (PDT),
presidente da comissão; Carlos Gomes (PT), vice; e Biel Rocha (PT).
Participaram também Guilherme Antônio Diniz, do Instituto Culturar;
os secretários de Cultura de Pirapetinga, Leandro da Silva Santos; e
de Volta Grande, Clara Rodrigues Muniz; o vereador de Além
Paraíba, Neidson Barros Gonçalves; e o sargento Marco Aurélio, da
PMMG.
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