Suposta agressão de PMs a crianças deixa comunidade indignada

Uma covardia que merece punição exemplar. Assim o deputado Edson Rezende (PT) definiu a suposta ação policial da Polí...

29/03/2006 - 00:00
 

Suposta agressão de PMs a crianças deixa comunidade indignada

Uma covardia que merece punição exemplar. Assim o deputado Edson Rezende (PT) definiu a suposta ação policial da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) que, no último dia 16 de março, teria invadido a Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga, na região de Venda Nova, zona norte de Belo Horizonte, e agredido crianças com idades entre dez e 14 anos. A operação, que teria sido chefiada por um cabo identificado como Guedes, foi discutida na tarde desta quarta-feira (29/3/06) em uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa.

A reunião foi pedida por Edson Rezende, que recebeu a denúncia em seu gabinete. Participaram representantes de entidades ligadas aos direitos humanos, do Poder Judiciário, da Secretaria Municipal de Educação, da comunidade e familiares de alguns dos estudantes que teriam sido agredidos. As ausências da PMMG e da direção da escola foram lamentadas pela maioria dos presentes.

De acordo com as informações prestadas pelos representantes da comunidade, a polícia foi chamada por vizinhos da escola porque alguns alunos estariam atirando objetos em suas casas. Ainda segundo o relato, o cabo Guedes e outros policiais invadiram a escola, algemaram, espancaram e prenderam cerca de dez crianças. A Secretaria Municipal de Educação afastou imediatamente a diretora e a vice da escola até que os fatos sejam esclarecidos, informou a gerente regional de Educação, Benilda Regina Paiva de Brito. Mas o cabo Guedes continua trabalhando normalmente em outra região, disseram os líderes comunitários.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), disse que o Estatuto da Criança e do Adolescente é uma "letra morta até para um agente do Estado", referindo-se à Polícia Militar. Ele elogiou a mobilização da comunidade e falou da importância da continuidade desse tipo de manifestação. Durval lembrou casos recentes de condenação em última instância, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), de policiais acusados de cometerem crimes contra cidadãos.

O promotor de Justiça da Infância e Juventude Márcio Rogério de Oliveira também enalteceu a atitude da comunidade e questionou quem vai responder pelos traumas psicológicos causados aos alunos. Ele sugeriu que as famílias acionem judicialmente o Estado para exigir uma indenização por danos morais. A representante da Secretaria Municipal de Educação disse que esses estudantes já estão recebendo apoio psicológico.

Famílias recebem garantia de apoio constante

Familiares de algumas das crianças que teriam sido agredidas relataram detalhes da ação policial. O deputado garantiu que a comissão estará ao lado das famílias até o esclarecimento total do caso. A coordenadora de Atendimento da Ouvidoria de Polícia, Maria de Lourdes Alves, confirmou que o órgão já recebeu a denúncia contra a PMMG e também prometeu que a apuração desse episódio será acompanhada de perto.

Durval Ângelo apresentou dois requerimentos, que foram aprovados, solicitando urgência na transcrição das notas taquigráficas da reunião para que elas sejam encaminhadas aos representantes policiais e do Ministério Público; e pedindo o envio de um ofício à Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais solicitando providências urgentes em relação ao episódio. Outro requerimento semelhante, desta vez do deputado Edson Rezende, é endereçado ao Comando-Geral da Polícia Militar de Minas Gerais.

A representante da Sub-Secretaria de Direitos Humanos, Márcia Martini, também deu mostras da sua indignação contra o episódio na escola: "Será que esse tipo de agressão aconteceria em um colégio como o Santo Agostinho, ou o Santo Antônio ou o Loyola?", questionou, referendo-se a escolas particulares para alunos de classe média de Belo Horizonte. "Segurança pública significa olharmos para um policial e vermos nele uma pessoa que vai nos dar garantia", afirmou ela.

Outros requerimentos - Foram aprovados ainda os seguintes requerimentos: do deputado Durval Ângelo, solicitando: encaminhamento de ofício à Corregedoria do Ministério Público do Estado, pedindo providências relativas à atuação do promotor de Justiça da comarca de Ouro Fino no inquérito civil aberto para apurar a deposição de lixo tóxico no município de Inconfidentes, bem como a anexação das notas taquigráficas da audiência pública da tarde desta quarta-feira; agendamento de uma visita das comissões de Direitos Humanos e de Meio Ambiente e Recursos Naturais à Superintendência da Polícia Federal de Minas Gerais, com o objetivo de discutir questões relativas ao mesmo inquérito; e envio de ofício à Divisão de Crimes Contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico da Polícia Federal, pedindo rapidez na conclusão desse inquérito; e do deputado Biel Rocha (PT), pedindo o envio, ao comandante da 4ª Região da Polícia Militar de Juiz de Fora, coronel Gilmar Simões, de uma manifestação de repúdio à atitude de integrantes do 2º Batalhão PM que, segundo o requerimento, prenderam arbitrariamente o deficiente visual Júlio Pereira Goulart, de 77 anos.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; Roberto Ramos (PSDB), vice; Paulo Cesar (PDT), Biel Rocha (PT), Edson Rezende (PT) e Carlos Gomes (PT). Participaram ainda, além dos convidados citados na matéria, a coordenadora de Atendimento da Ouvidoria de Polícia, Maria de Lourdes Alves, a representante do Conselho Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente, Márcia Ambrósio Rodrigues, familiares dos alunos e representantes de entidades estudantis e de direitos humanos.

 

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