Deputados estão preocupados com ocorrência de distúrbios
alimentares
O desenvolvimento de diagnósticos precisos e
multidisciplinares, um maior controle sobre as propagandas de
remédios que prometem milagres para a redução de peso e a
necessidade de formulação de estatísticas sobre a incidência de
transtornos alimentares, como anorexia e bulimia, são fatores
considerados essenciais para a prevenção dessas doenças. Essa é a
opinião dos deputados Fahim Sawan (PSDB) e Adelmo Carneiro Leão
(PT), que participaram da reunião da Comissão de Saúde desta
quarta-feira (29/3/06), junto com representantes da Secretaria de
Estado de Saúde e do Conselho Regional de Psicologia.
Apesar de ainda serem desconhecidas por grande
parte da população, a bulimia e a anorexia, com suas complicações,
são patologias cada vez mais crescentes na sociedade, como lembrou o
deputado e médico Fahim Sawan, que pediu o debate. Ele disse estar
alarmado com a influência exercida pelos meios de comunicação,
especialmente a TV e a internet, que vendem a todo momento a idéia
do corpo magro como sinônimo de sucesso pessoal. Sawan relatou que
chegou a visitar, na internet, sites e comunidades do Orkut que
cultuam a magreza, como uma chamada "Ana e Mia", em referência a
anorexia e bulimia, com "dicas" nada saudáveis para os
participantes. "Estou assustado, isto é uma desproporção", disse,
citando, ainda, as fórmulas mágicas divulgadas em programas de
auditórios e intervalos comerciais.
Segundo o deputado, apesar de o Brasil ter o maior
consumo per capita de remédios para emagrecer, a venda desses
medicamentos é feita, muitas vezes, sem critérios sobre
classificação (fitoterápicos, homeopáticos e naturais) e sem
comprovação de sua eficácia. "Estudos indicam que apenas 1/3 das
pessoas que sofrem de anorexia e bulimia conseguem se recuperar; e
20% morrem em função de complicações", lembrou Fahim Sawan.
O presidente da Comissão de Saúde Adelmo Carneiro
Leão, também médico, compartilhou da preocupação com a forma
descontrolada como que a saúde vem sendo tratada. Para ele, o Estado
brasileiro e as instituições públicas precisam formular uma
legislação mais avançada e implementar ações para reduzir os
problemas de desnutrição e da má nutrição. Adelmo Carneiro Leão
informou que a ALMG vai realizar um seminário sobre alimentação,
nutrição e saúde, no final de junho, para debater o tema com
profundidade e encaminhar sugestões concretas.
Doença está cada vez mais abrangente
As doenças classificadas como transtornos
alimentares estão cada vez mais abrangentes, como afirmaram os
especialistas que participaram da reunião. Se antes a anorexia e a
bulimia atingiam mais meninas adolescentes e pessoas de classe média
alta, agora também homens e pessoas de idade adulta e de classes
mais baixas estão se caracterizando como vítimas dos distúrbios.
A coordenadora estadual de Alimentação e Nutrição
da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Maria Beatriz Monteiro
Lisboa, chamou a atenção para outro problema que está no extremo
oposto das doenças que buscam a magreza: a obesidade, que tem as
mesmas dificuldades de prevenção e tratamento. Por isso, os
profissionais de saúde devem ter uma percepção diferenciada para
detectar os problemas. "Ninguém chega para o médico e fala 'eu tomo
laxante' ou 'eu como escondido à noite e vomito tudo depois',
alertou. Daniela Souza Lima Campos, nutricionista da SES, lembrou
que os distúrbios alimentares têm causas múltiplas e, muitas vezes,
precisam ser tratados em hospitais psiquiátricos.
Requerimentos - A comissão
aprovou os seguintes requerimentos: do deputado Adelmo Carneiro
Leão, pedindo a realização de reunião para debater a Leishmaniose
Visceral no Estado e as ações para combater a doença; e do deputado
Carlos Pimenta (PDT), pedindo ofício de congratulações pelos 60 anos
da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais.
Presenças - Deputados
Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente; Carlos Pimenta (PDT), Doutor
Ronaldo (PDT) e Fahim Sawan (PSDB). Além dos citados na matéria,
participaram também os seguintes convidados: a representante de
Referência Técnica em Saúde Mental da Criança e do Adolescente da
SES, Isabela Peres macedo; e a representante do Conselho Regional de
Psicologia, Elaine Maria do Carmo Zanolla.
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