Organização dos produtores é essencial para usina de
biodiesel
Após a decisão do governo federal de instalar, até
dezembro de 2007, uma usina de biodiesel em Montes Claros, a
preocupação das lideranças locais agora é com a organização dos
agricultores para alavancar a produção e criar as condições de
logística para abastecer a fábrica. Essa discussão dominou os
debates na audiência pública realizada nesta segunda-feira (27/3/06)
pela Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da
Assembléia Legislativa de Minas, na Câmara Municipal de Montes
Claros. A reunião atendeu a requerimento dos deputados Jésus Lima e
Carlos Gomes, do PT.
O deputado Carlos Pimenta (PDT) lembrou que, em
1999, houve um programa estadual para incentivar o plantio da mamona
no Norte do Estado. Houve investimentos por parte dos agricultores,
mas o projeto não avançou, causando grandes prejuízos aos
produtores. Vereadores e representantes de entidades locais
destacaram a importância de se criar condições para o escoamento da
produção e pediram a isenção de impostos por dez anos, a fim de
consolidar a atividade produtiva de oleaginosas, como mamona e
pinhão manso, matérias-primas para a produção do biodiesel. Carlos
Pimenta apresentou requerimento, aprovado pela comissão, em que
solicita ao presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB),
que seja criada uma Comissão Especial para acompanhar e propor ações
sobre a criação da usina em Montes Claros.
Apesar das incertezas manifestadas por diversos
participantes, todos eles concordaram que a instalação da usina na
cidade pode representar a "redenção" da região Norte do Estado.
Segundo o prefeito da cidade, Athos Avelino, a fábrica poderá gerar
entre 15 mil e 20 mil empregos na região. Ela ficará em uma área de
103 mil metros quadrados no distrito industrial de Montes Claros e
sua instalação vai custar R$ 75 milhões.
Os deputados Paulo César (PDT), presidente da
comissão, Carlos Gomes, vice, e Rogério Correia (PT) destacaram a
possibilidade de geração de emprego e renda em uma das regiões mais
pobres de Minas. Jésus Lima lembrou que a decisão do governo federal
de implantar a fábrica em Montes Claros demonstra que o
desenvolvimento da região é uma das prioridades da gestão Lula. O
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) prevê a
instalação de outras duas usinas semelhantes no País: uma em
Candeias (BA) e outra em Quixadá (CE).
Momento é bom para investir em fontes de energia
renováveis
Carlos Gomes lembrou ainda que a exploração e o uso
do petróleo estão com seu tempo contado - as jazidas existentes
devem durar entre 25 e 50 anos, no máximo. Por isso, salientou, o
País precisa discutir formas alternativas de energia. "Minas Gerais
tem grande potencialidade na área da energia renovável", afirmou o
deputado, que elaborou e distribuiu uma cartilha mostrando as
vantagens do biodiesel em relação aos combustíveis fósseis, como a
gasolina e o óleo diesel.
Para o diretor da Associação Brasileira de Energias
Alternativas e Renováveis (Abraber), a região Norte de Minas tem à
sua frente uma excelente oportunidade de desenvolvimento. Para isso,
porém, precisa se organizar e não permitir que sejam cometidos os
mesmos erros ocorridos na década de 1970, quando houve o Pró-Álcool.
Naquela época, lembrou ele, a produção ficou concentrada nas mãos de
poucos usineiros e o programa acabou fracassando. "Precisamos nos
organizar em cooperativas para socializar os ganhos do programa",
alertou.
Presenças - Deputados
Paulo César (PDT), presidente da comissão; Carlos Gomes (PT), vice;
Carlos Pimenta (PDT); Rogério Correia (PT); e Jésus Lima (PT).
Participaram ainda o prefeito de Montes Claros, Athos Avelino; o
presidente da Câmara Municipal daquele município, vereador Sebastião
Ildeu Maia; o diretor da Associação Brasileira de Energias
Alternativas e Renováveis (Abraber), Pedro Ronaldo Comonian; o
secretário de Indústria e Comércio de Montes Claros, Adauto Marques;
e a técnica da Petrobrás Simone Pessoa, além de vereadores,
prefeitos e outras lideranças da região.
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