População de Bom Despacho reclama da criminalidade

Uma pacata cidade do interior mineiro está assustada com a violência. Em Bom Despacho, no Centro-Oeste do Estado, a C...

23/03/2006 - 00:00
 

População de Bom Despacho reclama da criminalidade

Uma pacata cidade do interior mineiro está assustada com a violência. Em Bom Despacho, no Centro-Oeste do Estado, a Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa ouviu, em audiência pública realizada nesta quinta-feira (23/3/06), reclamações de moradores que se sentem ameaçados com os constantes casos de assaltos e com o crescimento do consumo de drogas na cidade.

"Não tem segurança para nossas crianças na escola. Drogas são distribuídas para alunos da 5a série durante o dia, com o sol quente", reclama o presidente da Associação dos Moradores dos Bairros São Vicente, Aeroporto I e II, Geraldo Majela de Freitas. Ele também reclama dos roubos a residências e assaltos a moradores na rua, em plena luz do dia. De acordo com relatos de vereadores, a periferia do município, uma região conhecida como Cidade Nova, é a que mais sofre com a violência decorrente do policiamento deficiente.

De fato, tanto a Polícia Militar quanto a Civil enfrentam sérias dificuldades logísticas. Segundo o comandante do 7o Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Alcides Raimundo da Silva, o déficit de viaturas da unidade é de 15 veículos. O 7o BPM, que tem sob sua jurisdição 31 municípios com população de 450 mil habitantes, tem um efetivo de 704 homens, quando o ideal seria de pelo menos 856 policiais. O déficit de armamentos é ainda maior, de acordo com o comandante. São 781 no total, número bem inferior ao ideal, estimado em 1.136 armas. Outras carências são a falta de bafômetros, radares e detectores de metais. Além disso, 20% do efetivo da PM faz a guarda de presos das cadeias da região.

Na Polícia Civil, a situação não é muito melhor. O delegado regional Lindon Batista Neves relata que a sua seccional, que tem sob sua responsabilidade 21 municípios com quase 300 mil habitantes, conta com apenas 91 policiais. A frota da seccional é de apenas 19 viaturas, algumas com quase 20 anos de uso. A superlotação das carceragens é outra reclamação da Polícia Civil.

Para polícia, problema está sob controle

Apesar de todas essas dificuldades, a violência é um problema sob controle em Bom Despacho, na avaliação dos chefes das duas polícias. Segundo o delegado regional, a cadeia pública da cidade abriga uma média de 40 presos, contra 85 em Lagoa da Prata e 81 em Pompéu. As estatísticas da PM mostram que os índices de criminalidade no município estão em queda. Em setembro de 2004, o número de ocorrências por grupo de mil habitantes foi de 5, taxa que caiu para 3,2 no último mês. Na vizinha Nova Serrana, esse índice é de 4. O índice de criminalidade violenta foi de 0,12 em dezembro do ano passado, contra 0,28 em janeiro de 2005.

"A sensação de insegurança realmente bate à nossa porta, mas será que isso realmente procede? Quantas pessoas saem de casa e deixam portas e janelas abertas? Será que a PM é a culpada de tudo?", questiona o tenente-coronel Alcides Raimundo da Silva. Ele avalia que a criminalidade é um problema isolado em Bom Despacho, relacionado principalmente aos menores infratores. Há casos de adolescentes que já foram presos 23 vezes em dois anos, segundo ele.

Para o deputado Sargento Rodrigues (PDT), a solução para reforçar o policiamento na periferia seria a descentralização do batalhão por meio da instalação de pelotões distritais, a exemplo do que foi feito com êxito em Ituiutaba. Ele lembrou que apresentou um Projeto de Lei (823/03), que propõe a vinculação das taxas de segurança pública a investimentos no setor. Ele calcula que a vinculação de metade dessa verba representaria um aporte adicional de R$ 180 milhões para investimentos em segurança pública no Estado.

O presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB), que solicitou a reunião, enumerou diversas ações positivas do governo do Estado na área de segurança pública: reaparelhamento das polícias, aquisição de viaturas, ampliação do número de vagas no sistema prisional, integração das polícias. "O governador Aécio Neves tem dado atenção especial à segurança pública. É por isso que os índices de criminalidade vêm caindo", disse.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; e Sargento Rodrigues (PDT). Também compuseram a mesa o comandante da 2a Região da Polícia Militar, coronel Gentil Alberto de Menezes; o secretário municipal de Administração, coronel Eunício Menezes; e os presidentes das Câmaras Municipais de Bom Despacho, Marcos Fidelis Campos; de Monte Alegre de Minas, Valério Souza Mendes; e de Arcos, Geraldo Coelho.

 

 

 

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