Sistema de informações é tema de painel do 5º Fórum das Águas

Dentro da programação do 5º Fórum das Águas, ocorreu na manhã desta quarta-feira (22/3/06) o primeiro painel do dia, ...

22/03/2006 - 00:00
 

Sistema de informações é tema de painel do 5º Fórum das Águas

Dentro da programação do 5º Fórum das Águas, ocorreu na manhã desta quarta-feira (22/3/06) o primeiro painel do dia, com o tema "Água: conhecer para administrar - a importância do sistema de informações". Quatro palestrantes falaram sobre a implantação dos sistemas de informação estadual e federal, e a relevância de estudos que atuem como base de bancos de dados. Os trabalhos foram abertos pelo 3º-vice-presidente da ALMG, deputado Fábio Avelar (PSC), e coordenados pelo presidente da Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe Rio Doce), deputado José Henrique (PMDB), e pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Santo Antônio, Hamilton Lage. Também compuseram a mesa o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia e presidente da Frente Parlamentar Mineira de Defesa e Preservação das Águas, deputado Laudelino Augusto (PT); e o diretor-geral do Igam, Paulo Teodoro de Carvalho.

Representando a diretora de Instrumentalização e Controle do Igam, Célia Maria Brandão Fróes, a chefe da Divisão do Sistema de Informação do Igam, Fabrizia Rezende Araújo, explicou o processo de implantação do Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos (SEIRH). A criação do sistema está prevista na Lei 13.199, de 1999, sancionada pelo governador Itamar Franco, que estabelece entre suas responsabilidades a coleta, o tratamento, o armazenamento, a recuperação e a divulgação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão (art. 12).

"Todas as informações disponíveis hoje no Igam, como o Sistema Integrado de Informação Ambiental (Siam) e o Simge, serão incorporadas ao novo sistema", afirmou. O Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge) é o atual responsável pela vigilância e previsão quantitativa do tempo, do clima e do comportamento hídrico, com detalhamento na escala regional. Fabrizia destacou que um dos pontos principais para implementação do SEIRH é a sua compatibilidade com Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH), também em processo de implantação.

O SNIRH foi o tema da exposição do gerente do Núcleo de Gestão da Informação da Agência Nacional de Águas (ANA), Sérgio Barbosa. Ele também defendeu a necessidade da integração entre o órgão e os gestores estaduais como ponto crucial para o bom funcionamento dos sistemas de informação sobre recursos hídricos no País. "Para administrar os recursos, precisamos conhecer, organizar dados e estruturar bancos de dados e ferramentas de busca", disse. A ANA conta com a participação de 19 institutos de pesquisa e do Ministério da Ciência e Tecnologia no projeto. Segundo o gerente, já está sendo finalizado o relatório da primeira etapa e, em abril, terá início o desenvolvimento dos diversos módulos que fazem parte do processo de implantação do sistema. "No site da ANA, já está disponibilizado o Sistema de Informações Hidrológicas", informou. O link é http://hidroweb.ana.gov.br/.

Conhecimento é fundamental para preservação de recursos

A importância do conhecimento para a gestão de recursos hídricos foi o tema principal da apresentação do consultor ambiental Carlos Bernardo Mascarenhas, do Projeto Manuelzão/UFMG, que citou exemplos de pesquisas e aplicações de ferramentas, como o biomonitoramento. O biólogo lembrou que um dos fatores que dificultam a análise da evolução do meio ambiente é a falta de dados históricos. De acordo com ele, Lagoa Santa, por exemplo, é um dos poucos lugares que tem a evolução de espécies de peixes nativos registrada desde 1875, devido ao trabalho de naturalistas europeus, como o pesquisador Peter Lund. "No século XIX, foram catalogadas 17 espécies de peixes na região. Depois de 150 anos, restam apenas quatro", contou.

Carlos Bernardo ressaltou ainda que a criação das áreas de conservação prioritárias em Minas Gerais não significou necessariamente a sua preservação. "O instrumento não foi efetivamente utilizado." Em sete anos, várias bacias hidrográficas estaduais foram alteradas, com instalação de usinas hidrelétricas, por exemplo, em regiões de conservação. "Só com conhecimento é possível conservar a água e demais recursos", disse. Esse é o caso de um dos objetos de estudo do Projeto Manuelzão, o Rio das Velhas, que tem 37 pontos de amostragem. Lá, o trabalho de biomonitoramento ajuda a detalhar a evolução da biodiversidade local, como o aparecimento de novas espécies de peixes. "Em 1999, eram conhecidas 93 espécies. Em 2005, o número subiu para 115", afirmou.

Relatórios impressos em formulários contínuos

A importância da tecnologia e as vantagens de se organizar a maior quantidade possível de informações sobre os recursos hídricos foram destacadas por Alice Silva Castilho, membro da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH/MG). "Quando não existia um sistema de informações, acessado pela internet, tínhamos que recorrer ao escritório do DNAE, que fornecia enormes relatórios impressos ou, no máximo, cópias em disquete", lembra ela. O próprio site da ANA já é um sistema de informações, pois hoje fornece a maioria dos dados de que precisamos, em tempo real.

Segundo Alice Castilho, a gama de dados hoje disponíveis atende à demanda dos mais diversos públicos. Os usuários do sistema vão desde o administrador público estadual ou municipal que precisa de informações sobre ações de governo executadas ou previstas, passando pelo planejador de empresa privada cujo empreendimento depende de recursos hídricos, pelo membro de comitê de bacia, que precisa estudar a legislação vigente, até o estudante de nível médio e a população em geral.

Em sua exposição, Alice Castilho apontou alguns marcos históricos do monitoramento da água no Brasil. Na década de 30, começou a ser feito pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM); na década de 40, alguns outros órgãos passaram a colaborar com o monitoramento, como as companhias hidrelétricas. Nos anos 70, foram criados os primeiros órgãos ambientais e os primeiros comitês de bacias. Segundo ela, houve grande avanço a partir da década de 80, na legislação ambiental e no diagnóstico de bacias. O último grade passo foi dado em 2000, com a Lei 9.984, que criou a ANA.

 

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