Implantação de agências de bacia gera polêmica

O terceiro painel da tarde desta terça-feira (22/3/06) no 5º Fórum das Águas realizado pela Assembléia Legislativa, f...

21/03/2006 - 00:00
 

Implantação de agências de bacia gera polêmica

O terceiro painel da tarde desta terça-feira (22/3/06) no 5º Fórum das Águas realizado pela Assembléia Legislativa, foi dedicado à discussão das leis e regulamentos que regem a implantação das agências de bacia, por parte de representantes da Agência Nacional das Águas, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, com posicionamentos contrários do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas.

Wilde Cardoso Gontijo Jr, da ANA, mostrou que todas as bacias hidrográficas onde já existe organização de comitês e agências têm território em Minas, citando, entre outros, as do São Francisco, Doce, Piracicaba (SP), Paraíba do Sul e Verde Grande. Disse também que as outorgas e fiscalização são de competência exclusiva do Estado, e que será preciso estabelecer normas para a convivência entre o órgão outorgante, o comitê e a agência de bacia. "Agência é entidade técnica, vinculada ao comitê. A primeira foi instalada no Paraíba do Sul em 1996. Devemos imaginar como seria uma agência do Rio São Francisco, cujo comitê está instalado em Salvador e tem onze subsedes ao longo da bacia", disse Wilde Gontijo.

Valter Vilela Cunha, que coordena o grupo técnico de regulamentação do CERH e pertence aos quadros da Copasa, lembrou que tanto o conselho quanto os comitês são órgãos de Estado, nomeados pelo governador. Disse que o custeio máximo, previsto em lei, é de 7,5% do valor arrecadado pela cobrança de água na bacia. No Paraíba do Sul, a previsão era de arrecadar R$ 2 milhões por mês, mas chega apenas à média de R$ 537.200,00. "A diferença no custeio é bancada pela ANA", informou.

Ambientalista quer participação da sociedade civil nas agências

Rodopiano Marques Evangelista, do Fórum Mineiro de Comitês de Bacia Hidrográfica, relatou os problemas da pequena bacia que representa, dos afluentes do Mogi-Guaçu e Pardo quase na fronteira de São Paulo. Francisco José Lobato da Costa, da ABRH, disse que o modelo de bom senso implica na implantação seletiva das agências.

Mauro da Costa Val, também do Fórum Mineiro, acendeu o debate questionando o papel que o Estado vem assumindo de açambarcar todas as responsabilidades e ações na área ambiental, sem atribuir tarefas para as Ongs e outras entidades da sociedade civil. Questionou se seria legal exigir plano diretor antes de autorizar a cobrança pelo uso da água e os critérios que levaram o legislador a estabelecer em 7,5% o percentual dos recursos arrecadados que poderiam ser usados em custeio. Propôs também que a cobrança seja progressiva.

Costa Val lembrou inúmeros eventos semelhantes na Assembléia, com destaque para o seminário "Águas de Minas II", que reuniu cerca de mil delegados, eleitos em etapas regionais para representar 50 mil pessoas. "A sociedade mineira demanda cuidados efetivos na questão ambiental e na gestão das águas, e para ter sucesso não se pode ter alergia às Ongs", disse Mauro Costa Val.

Paulo Teodoro de Carvalho, diretor-geral do Igam, disse que o modelo francês de gestão das águas, que embasou o modelo brasileiro, não teria sido aprovado nos dias de hoje, em que a palavra de ordem na França é a pactuação. "Minas tem 36 unidades de planejamento e gestão, mais de 10 mil cursos d'água em 853 municípios. Pela lei, cada comitê pode criar uma agência, mas isso seria inviável. Pactuação é obrigatória para nós. A sociedade vai nos cobrar resultados para esse dinheiro que vai pagar. O sistema produtivo não perdoará escorregões da nossa parte", alertou. Paulo Teodoro calcula que cada agência despenderia cerca de R$ 10 milhões por ano em seu custeio, com salários de diretoria, técnicos e contratação de projetos.

 

 

 

 

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