Situação das águas de Minas é preocupante, com qualidade média

A situação das águas superficiais de Minas Gerais ainda é considerada preocupante pelos técnicos do setor, com o pred...

21/03/2006 - 00:00
 

Situação das águas de Minas é preocupante, com qualidade média

A situação das águas superficiais de Minas Gerais ainda é considerada preocupante pelos técnicos do setor, com o predomínio histórico de um conceito médio do Índice de Qualidade das Águas (IQA). Essa é uma das conclusões de mapeamento feito pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) em 244 pontos, abrangendo 98,3% da área estadual. Do total de pontos monitorados, 62% tiveram o índice médio; 24%, bom; 13%, ruim; e 1% muito ruim. Em nenhum ponto, o IQA foi considerado excelente. O relatório, que se refere ao ano de 2005, foi divulgado na abertura do 5º Fórum das Águas, na manhã desta terça-feira (21/3/06), no Plenário da Assembléia, pela coordenadora do Projeto Águas de Minas, Zenilde das Graças Guimarães Viola.

Das oito bacias mapeadas, apenas a do Rio São Francisco teve a avaliação muito ruim. É nessa bacia que se concentram grandes centros urbanos, como a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). As causas do problema diagnosticado pelo Igam são velhas conhecidas: lançamento do esgoto doméstico sem tratamento nos rios, disposição inadequada do lixo e ausência de tratamento dos efluentes, entre outras. O IQA reflete a contaminação por esgotos, material orgânico e fecal e sólidos (como erosão e assoreamento). Em entrevista à imprensa após o lançamento do relatório, Zenilde Viola analisou que a não variação do índice sinaliza que não está havendo o tratamento adequado e suficiente do esgoto doméstico para a melhoria da qualidade da água.

Em 2004, o mapeamento apontou que em 23% dos 244 pontos monitorados o IQA foi considerado bom; em 63%, médio; em 14%, ruim; e muito ruim em 0,4%. Foram monitoradas áreas nas bacias do São Francisco, Paranaíba, Grande, Paraíba do Sul, Rio Doce, Jequitinhonha, Pardo e Mucuri.

Tóxicos - O mapeamento do Igam também englobou a análise da contaminação por tóxicos, como chumbo, cianetos, mercúrio e zinco, entre outros. Das contaminações por tóxicos consideradas médias ou altas, 30% corresponderam à contaminação por chumbo. Os resíduos industriais e a atividade agrícola podem explicar a presença alta do chumbo nas águas. Apesar de uma melhoria dos índices de 2005 em comparação a 2004, a situação também não é considerada ideal. Dos 29 pontos monitorados no Rio das Velhas, por exemplo, 39% apresentaram contaminação alta. A estatística refere-se à região metropolitana. Segundo o mapeamento, a contaminação por tóxicos é considerada média em bacias como São Francisco, Doce e Paraíba do Sul.

Mudança na legislação contribuiu para melhoria do índice de contaminação por tóxicos

Se comparados os anos de 2004 e 2005, a melhoria dos índices relacionados à contaminação por tóxicos é creditada, em grande parte, à adequação da legislação específica. Segundo explicou Zenilde Viola, a legislação era muito restritiva para alguns parâmetros que muitas vezes não deveriam ser considerados. Agora, por exemplo, o padrão adotado para o alumínio e o cobre é o do metal dissolvido, que é a forma mais tóxica para os organismos. No caso dos fenóis, o limite antes era muito restritivo. No mapeamento de 2005, foi explicitado que as ocorrências de fenóis estão ligadas às regiões de indústrias e lançamento de esgoto.

Os números detalhados apresentados em entrevista à imprensa são os seguintes: em 2005, 62% dos 244 pontos monitorados apresentaram contaminação por tóxicos baixa; 25%, média; e 13%, alta. Em 2004, os números foram, respectivamente, 22%, 36% e 42%.

Mapeamento das águas subterrâneas também apontou problemas

Outro mapeamento divulgado pelo Igam no 5º Fórum das Águas foi o relativo às águas subterrâneas. Do total de 40 poços tubulares profundos analisados, 51% apresentaram potabilidade tolerável e 11% apresentaram potabilidade inaceitável para consumo humano. O monitoramento foi feito na bacia do São Francisco, especialmente as sub-bacias dos rios Verde Grande, Riachão e Jequitaí, e abrangeu 30 municípios. As regiões pesquisadas, segundo Zenilde Vila, são áreas de conflito pelo uso dos recursos hídricos e de escassez de água. O maior consumo é de água subterrânea, tanto para abastecimento quanto para irrigação.

Para a técnica do Igam, os resultados da pesquisa demonstram que a captação da água é feita sem tratamento preliminar. Concentração de sólidos dissolvidos e de metais foram constatadas, mas não foi feita ainda relação dessa contaminação com algum tipo de atividade econômica. Outra constatação dos pesquisadores preocupa: a de que o número de poços existentes, descobertos no trabalho de campo, é superior ao cadastrado.

O monitoramento das águas subterrâneas é um projeto piloto implantado pelo Igam em áreas identificadas como mais vulneráveis e com riscos reais ou potenciais de contaminação e poluição.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715