Aplicação do FGTS na habitação rural é debatida em comissão

A aplicação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a habitação popular, urbana e rural, fo...

14/03/2006 - 00:00
 

Aplicação do FGTS na habitação rural é debatida em comissão

A aplicação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a habitação popular, urbana e rural, foi o tema dos debates travados na reunião da Comissão de Participação Popular da Assembléia, nesta terça-feira (14/3/06). Além desse assunto, normatizado pela Resolução 460, de 2004, da Caixa Econômica Federal, a audiência pública trataria também de recursos para assentamentos de reforma agrária. Esse último tema, objeto da Norma de Execução 46, de 2005, do Incra, deixou de ser abordado, devido à ausência do dirigente dessa entidade na reunião, apesar de ter sido convidado. A audiência foi acompanhada por lideranças, trabalhadores e produtores rurais de diversas regiões do Estado.

O superintendente da Caixa Econômica Federal em Minas Gerais, Dimas Wagner Lamounier, esclareceu que a Resolução 460, editada pelo Conselho Curador do FGTS, teve como objetivo destinar recursos desse fundo na habitação popular. Segundo ele, a mudança promovida pela medida foi contemplar, com financiamentos lastreados por recursos do Fundo de Garantia, também as pessoas com renda mensal entre um e três salários mínimos. Para Lamounier, o programa "Operações Coletivas", originado da resolução, "é o mais revolucionário da habitação no Brasil", por atender à fatia da população onde se concentra 84% do déficit habitacional no País. Ele enfatizou que o programa é socialmente justo, uma vez que quanto menor a renda maior é o desconto oferecido no financiamento.

Desconto - Complementando essas informações, a superintendente regional da Caixa, Laci Siqueira, disse que o programa atende a famílias com renda mensal entre R$ 200,00 e R$ 1.500,00. Ela explicou que os recursos do FGTS entram complementando a capacidade de pagamento do beneficiário, sob a forma do desconto (ou subsídio). Outro elo da parceria são as entidades organizadoras das famílias (cooperativas, sindicatos, ONGs, prefeituras etc), as quais se encarregam de uma contrapartida no financiamento (que pode ser com dinheiro ou na forma de serviços).

Laci Siqueira deu um exemplo de um financiamento para a Região Metropolitana de Belo Horizonte: uma família com renda de R$ 300,00, ao obter R$ 14 mil para aquisição ou reforma de imóvel, teria um desconto de R$ 10.500,00 (75 % do valor obtido), e pagaria o financiamento sobre R$ 2.100,00. A entidade contratante participaria com R$ 1.400,00, em dinheiro, ou com serviços (de pedreiros, engenheiros, material de construção e outros). Com isso, caberia ao mutuário uma prestação de apenas R$ 44,00 em 72 vezes.

Experiências no Sul do Brasil são relatadas

Para tratar das experiências de financiamento rural com FGTS no Sul do País, onde o processo encontra-se mais adiantado, falou o presidente da Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos três Estados do Sul, Celso Ricardo Ludwg. Ele disse que os recursos foram usados na construção de casas no campo, e até 2005, foram construídas 5 mil unidades na região. Além disso, a entidade já deu entrada em mais de 5 mil outras propostas para construção e reforma de habitações rurais. De acordo com Ludwig, o sucesso do trabalho no Sul do Brasil se deve à organização dos produtores rurais e às parcerias com o Incra, as prefeituras, a Caixa e outras entidades.

Ousadia - A deputada federal Maria do Carmo Lara (PT-MG) afirmou que abrir financiamento para a habitação rural foi "uma grande ousadia", pois o trabalhador rural não tem renda fixa como o urbano. "Apesar disso, pelo que vemos, não há muita inadimplência", disse a parlamentar que integra a Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior da Câmara dos Deputados.

A presidente da Comissão de Participação Popular, deputada Maria Tereza Lara (PT), que requisitou a reunião, informou que, após a edição da Resolução 460, 60 % dos recursos do Fundo de Garantia passaram a ser aplicados na habitação popular. E que era importante que as lideranças se informassem sobre a obtenção e utilização desses recursos. Já o deputado Padre João (PT) avaliou que um dos grandes avanços com a medida foi o de desvincular das prefeituras a liberação de recursos para a habitação popular nos municípios, abrindo a possibilidade para que outras entidades possam intermediar essas verbas.

Presenças - Deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente da comissão; e deputado Padre João (PT). Além dos citados na matéria, participaram também a coordenadora da Federação dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar (Fetraf-MG), Tereza Santos Silva; e o gerente da Caixa, Marcos Fernandes dos Santos.

 

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