Programa pretende reduzir pobreza rural em Minas

Minas Gerais pretende investir US$ 46,8 milhões nos próximos quatro anos em ações de redução da pobreza rural nos Val...

14/03/2006 - 00:00
 

Programa pretende reduzir pobreza rural em Minas

Minas Gerais pretende investir US$ 46,8 milhões nos próximos quatro anos em ações de redução da pobreza rural nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e no Norte de Minas. É o Projeto de Combate à Pobreza Rural (PCPR), que aguarda a liberação de US$ 35 milhões do Banco Mundial até o final do mês para ser efetivamente implantado. Com tamanha injeção de recursos, o governo do Estado espera reduzir as desigualdades regionais e elevar o Índice de Desenvolvimento Humano da porção mais pobre de Minas, mas a forma de execução desse projeto preocupa entidades que representam trabalhadores rurais. O assunto foi tema de audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa realizada nesta terça-feira (14/3/06).

Além dos recursos do Banco Mundial, o PCPR também vai contar com US$ 7,6 milhões do governo do Estado e outros US$ 4,2 milhões devem ser incluídos no programa através de contrapartida de associações beneficiárias dos financiamentos. Associações de trabalhadores rurais, artesãos, pescadores e donas de casa legalmente constituídas devem elaborar subprojetos que terão que ser submetidos à aprovação dos conselhos municipais de desenvolvimento rural sustentável. Cada subprojeto pode ter custo total de até R$ 100 mil e deve ser concluído no prazo máximo de um ano após a liberação do financiamento. Podem ser escolhidos projetos de construção de barragens, cisternas, armazéns comunitários, casas de farinha, mecanização agrícola, apicultura, creches e lavanderias comunitárias.

Poderão se beneficiar 188 municípios, além de outros 11 da microrregião de Curvelo que também serão incluídos na área de atuação do PCPR. Conforme explicou o coordenador do programa, Arnaldo Severino, o universo potencial de beneficiários é de mais de um milhão de moradores da zona rural da área atendida, que somam quase um terço da população rural de Minas Gerais. Cada município deve ser contemplando com uma média de US$ 224 mil. O PCPR é supervisionado pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (Idene), e seus resultados serão monitorados periodicamente. "Esse projeto será um instrumento de incorporação definitiva das comunidades mais pobres na construção de um novo tempo", acredita a secretária de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e Norte de Minas, Elbe Brandão.

Entidades de trabalhadores rurais fazem críticas

Mesmo contando com a participação de associações comunitárias na elaboração dos subprojetos, o PCPR enfrenta críticas de entidades representativas de trabalhadores rurais. O assessor técnico da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Ronaldo Cardoso, lembra que muitas associações não têm a capacitação necessária para a elaboração e execução de projetos. Ele também acusou a ingerência de vereadores nas reuniões dos conselhos que aprovaram os projetos e alertou para o risco de pulverização dos recursos. Já o diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg), Vilson Luiz da Silva, criticou a composição do grupo gestor do PCPR, que não tem representantes da sociedade. O representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Vanderlei Martini, atacou o financiamento do Banco Mundial. "Os organismos multilaterais têm promovido ingerências em programas sociais com objetivos mercantilistas", acusou.

Respondendo a questionamentos da deputada Elisa Costa (PT), a secretária Elbe Brandão defendeu a formatação do PCPR. Segundo ela, os conselhos municipais são amplamente representativos e estão se capacitando para a gestão de recursos e elaboração de projetos. A deputada, que pediu a realização da reunião, reiterou as ponderações feitas pelos movimentos sociais e defendeu maior participação popular na elaboração de políticas públicas. "Precisamos pensar modelos para um projeto definitivo de redução da pobreza. As entidades ligadas ao campo deveriam ser convidadas a pensar na concepção desses programas", defende a parlamentar.

A comissão aprovou ainda um requerimento do deputado Alencar da Silveira JR. (PDT), para a realização de audiência pública para debater a situação dos deficientes mentais do Estado.

Presenças - Deputados Alencar da Silveira Jr. (PDT), presidente; Elisa Costa (PT), vice; Jô Moraes (PCdoB), Rogério Correia (PT), Padre João (PT) e Márcio Kangussu (PPS). Também participaram da reunião o diretor de projetos e programas do Idene, Ricardo Veloso; e a especialista em políticas públicas da Seplag, Márcia Miranda.

 

 

 

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