Ambientalistas debatem revitalização do Rio das Velhas

Ou o governador assume pessoalmente o comando do projeto de recuperação do Rio das Velhas, ou o plano "Meta 2010", qu...

14/03/2006 - 00:00
 

Ambientalistas debatem revitalização do Rio das Velhas

Ou o governador assume pessoalmente o comando do projeto de recuperação do Rio das Velhas, ou o plano "Meta 2010", que prevê a transformação do trecho do rio que passa pela Região Metropolitana de Belo Horizonte em um leito navegável e limpo a ponto de ser possível pescar e nadar em suas águas, poderá não se concretizar. Assim o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH-Velhas) e coordenador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, resumiu, ao final da audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa nesta terça-feira (14/3/06), sua avaliação sobre a viabilidade do cumprimento da meta de despoluição do rio até o ano de 2010.

A reunião foi convocada a requerimento do presidente e do vice-presidente da comissão, deputados Laudelino Augusto (PT) e Doutor Ronaldo (PDT), para que os participantes pudessem conhecer e avaliar os resultados das etapas já implementadas da "Meta 2010: navegar, pescar e nadar no Rio das Velhas, em sua passagem pela Região Metropolitana de Belo Horizonte", bem como conhecer as prioridades do governo na área ambiental. Presente à audiência, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, cujas ações em prol da recuperação do Rio das Velhas foram elogiadas por Apolo Lisboa, reafirmou o compromisso do governo com a "Meta 2010".

Meta 2010 - O desafio da despoluição do rio foi proposto inicialmente pelo Projeto Manuelzão, da UFMG, e em março de 2004, recebeu oficialmente o apoio do governo do Estado. O governador Aécio Neves assumiu a "Meta 2010" como compromisso de governo e assinou um documento se comprometendo com o objetivo do Projeto Manuelzão. Em dezembro daquele ano, o Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio das Velhas foi aprovado pelo CBH-Velhas. Foi montado então um grupo técnico de trabalho, formado por profissionais de diversos órgãos estaduais e do Projeto Manuelzão, encarregado de traçar diretrizes de orientação para o plano.

Na audiência desta terça-feira, José Carlos Carvalho ressaltou a importância da fixação de metas para o planejamento do Estado. Na sua opinião, o planejamento da ação de governo tem que ter metas mensuráveis, sem o que a governança resume-se a "mera ação declaratória". "Quando trabalhamos com metas mensuráveis, a ação do governo pode ser avaliada e é possível a mobilização dos órgãos governamentais e da sociedade", analisou. O secretário falou sobre as dificuldades a serem superadas para o cumprimento da meta, como a necessidade de se disciplinar a canalização de córregos - uma prática que se generalizou mas que não é aconselhável do ponto de vista ambiental - e fazer com que os municípios lancem seus esgotos na rede coletora, mudando a realidade atual em que várias cidades despejam esgotos na rede pluvial.

Esgoto - O problema maior do Rio das Velhas, segundo os especialistas, é o esgoto. José Carlos Carvalho defendeu, na reunião, a compulsoriedade do lançamento dos esgotos domiciliares na rede coletora, o que passa, inclusive, por mudanças na legislação. Ele destacou, ainda, o empenho das prefeituras de Belo Horizonte e de Contagem para o cumprimento da Meta 2010, em parcerias com a Copasa, e anunciou que em breve órgãos públicos estaduais, prefeituras e instituições privadas deverão assinar um documento explicitando os compromissos de curto, médio e longo prazos para o cumprimento da Meta 2010, oficializando o conceito do que vem sendo chamado de "Linha Azul".

Também presente à reunião, o assessor da Diretoria de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Thomaz Perilli, reiterou que a Meta 2010 é uma decisão política do governo que entra, agora, em fase de execução. Ele defendeu, no entanto, a necessidade de não se ocultar as dificuldades para o cumprimento da meta em 100%. "A construção da meta passa por falar a verdade, mostrar as dificuldades, que não são poucas. Estamos trabalhando para cumprir o máximo possível da meta", assegurou. Perilli falou sobre a importância da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do Arrudas, que ainda não opera em sua capacidade máxima, e da ETE do Onça, que deverá ser inaugurada em outubro de 2006 com uma capacidade, inicial, de tratamento de 1,8 mil litros de esgoto por segundo.

Participaram ainda da audiência o gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal Adjunta de Meio Ambiente da Prefeitura de Belo Horizonte, Weber Coutinho; Aluízio Fantini Valério, gerente do Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco em Minas Gerais; Fábio Bittencourt, secretário adjunto de Governo de Vespasiano e secretário executivo do Consórcio dos Municípios da Bacia do Ribeirão da Mata (COM-10); lideranças ambientalistas e líderes comunitários de municípios da Grande BH.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão, João Leite (PSDB), Márcio Kangussu (PPS) e Antônio Carlos Arantes (PSC).

 

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