Sistema de Regulação deve reduzir filas no atendimento médico

Minas Gerais tem um déficit de leitos para internação de 37 mil e Belo Horizonte de 34 mil. Mas os números estão próx...

09/03/2006 - 00:00
 

Sistema de Regulação deve reduzir filas no atendimento médico

Minas Gerais tem um déficit de leitos para internação de 37 mil e Belo Horizonte de 34 mil. Mas os números estão próximos do parâmetro nacional do Ministério da Saúde, que é de 2,5 leitos/habitante e não representam uma situação de caos no atendimento, mas uma distribuição irregular por região do Estado e da Capital mineira. Tais dados foram apresentados pelas Secretarias de Estado e Municipal da Saúde, nesta quinta-feira (9/3/06), em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa.

A audiência discutiu a regulação e a disponibilização dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) em Belo Horizonte e no Estado, a requerimento do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da comissão, e aprovado em novembro do ano passado. A conclusão dos debates foi de que apesar dos avanços nos programas implantados e em implantação, como o Sistema de Regulação Assistencial do Estado, ainda serão necessárias mais conquistas e mais rápidas. A comissão acatou a sugestão dos participantes, de acompanhar, por meio de audiências públicas trimestrais, a implantação das mudanças no setor.

Segundo Adelmo Carneiro Leão, sua inquietude em relação ao serviço de internação no Estado, principalmente na Capital, veio das divulgações de demandas reprimidas, filas longas e atendimento precário em corredores. Ele ressaltou a necessidade de Estado e municípios empreenderem esforços para implantar uma política de saúde que garanta a assistência integral e universal à população.

Projeto integra unidades em tempo real

As representantes da Secretaria de Estado da Saúde, Mirian Araújo Coelho, superintendente de Regulação, e Maria de Fátima Rausch, diretora de programas, discorreram sobre o Sistema de Regulação Assistencial, demonstrando ao vivo seu funcionamento pela internet. O sistema começou a ser planejado em 2003 e hoje conta com a macrorregião de Montes Claros já em funcionamento O programa atende a consultas especializadas, exames, internações eletivas e de urgência e conta com uma unidade de apoio que é o transporte sanitário. Tudo é feito pela internet, em um sistema de rede que interliga todas as unidades hospitalares das diversas cidades que compõem a macrorregião.

São três macrorregiões com 18 pólos e 77 pólos microrregionais. Nos dois anos de implantação foram gastos R$ 24 milhões e o custeio anual será de R$ 1,3 milhão. Já estão em implantação a macro Nordeste, com sede em Teófilo Otoni, e a Leste, com sedes em Governador Valadares e Ipatinga. Está em preparação a macrorregião Centro, com sede em Belo Horizonte.

A proposta de acompanhamento e avaliação pela Comissão de Saúde da implantação do sistema de regulação foi feita pelo secretário municipal de Saúde, Helvécio Miranda Magalhães Júnior, que reconheceu que o novo modelo da saúde representa um avanço, "por apresentar uma radiografia do setor e publicizá-la". Segundo ele, ao final da implantação do sistema de regulação em Belo Horizonte, 100% das internações estarão dentro do programa.

Segundo ele, a cidade conta com 10.700 leitos, sendo que seis mil integrados ao SUS. "Desses, 75% estão na mão do setor privado, o que diminui nosso poder de negociação". Segundo o secretário, dos R$ 200 milhões gastos com internações no ano passado, R$ 120 milhões foram direcionados para o setor privado. Helvécio Magalhães destacou ainda como um dos problemas, o atendimento de consultas de 630 cidades do interior, congestionando ainda mais o sistema de Belo Horizonte. Ele salientou ainda que apesar da fila de espera de 34 mil pacientes para cirurgias eletivas, 14 mil são do interior.

Para o secretário municipal, os desafios são regular todo o setor, ampliar o atendimento público e mudar o conceito de internação, pois muitos procedimentos podem e devem ser feitos nos serviços suplementares. O vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Nicodemus Arimathea Júnior, defendeu uma interferência mais incisiva do Legislativo para a regulamentação efetiva da aplicação de recursos em saúde, enquanto o diretor do Sindi-Saúde, Renato Barros, criticou a terceirização no sistema de Montes Claros.

Acompanhamento - O deputado Fahim Sawan (PSDB) questionou a lentidão da implantação do cartão SUS, que segundo ele, iria diminuir custos, além de otimizar o atendimento. O deputado questionou ainda a diferença de repasses da União para Minas, destacando que o repasse per capita da saúde mineiro é menor do que em mais de 10 Estados, "cerca de 30% que dariam para melhorar muito a saúde no Estado".

Adelmo Carneiro Leão afirmou que a comissão vai se empenhar em pedir ao Ministério da Saúde uma equiparação do repasse per capita, "mas também vamos cobrar o cumprimento da Emenda 29, que prevê a aplicação na saúde, de 12% dos recursos do Estado" Em sua avaliação, apesar dos avanços na área, as mudanças estão lentas. "As demandas poderiam ser resolvidas mais rapidamente", concluiu.

Presenças - Deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente; e Fahim Sawan (PSDB).

 

 

 

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