Comissão de Direitos Humanos debate igualdade de gênero

Dirigentes de entidades que atuam na defesa dos direitos das mulheres participaram, na manhã desta quarta-feira (8/3/...

08/03/2006 - 00:00
 

Comissão de Direitos Humanos debate igualdade de gênero

Dirigentes de entidades que atuam na defesa dos direitos das mulheres participaram, na manhã desta quarta-feira (8/3/06), na Assembléia Legislativa, de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos que debateu a igualdade de gêneros, em comemoração do Dia Internacional da Mulher. Na reunião, os deputados aprovaram requerimento do presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), propondo que no ano que vem a Assembléia agracie 150 mulheres com a Medalha da Ordem do Mérito Legislativo, em reunião especial a ser promovida no dia 8 de março, para lembrar os 150 anos do assassinato de 129 tecelãs em uma fábrica nos Estados Unidos, episódio que aconteceu em 1857 e que deu origem à comemoração do Dia Internacional da Mulher na data de 8 de março. De acordo com Durval Ângelo, que também foi o autor do requerimento que solicitou a audiência desta quarta-feira, a entrega das medalhas servirá para mostrar que o Legislativo mineiro está sintonizado com a organização e a luta das mulheres.

Na opinião unânime dos participantes da audiência, as mulheres avançaram muito na sua organização e na luta pela igualdade de direitos, mas a desigualdade ainda é grande, como revelam as diferenças de salário e de oportunidades no mundo do trabalho. Outro problema que ainda persiste e preocupa é a violência contra a mulher, praticada, na maioria das vezes, no próprio ambiente familiar.

A presidente do Conselho Estadual da Mulher, Luziana Lanna, disse que a promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres não é tarefa apenas do poder público e das entidades feministas, mas de toda a sociedade, a começar pela família. "Somos a maioria do País, a maioria dos eleitores, a maioria dos que pagam impostos", discursou. Ana Maria Silva Soares, secretária adjunta da Rede Feminista de Saúde, destacou que as mulheres negras são duplamente discriminadas, e cobrou a implementação de políticas públicas para a população negra. Neuza Cardoso de Melo, coordenadora da Rede, disse que o primeiro movimento organizado de mulheres no Brasil aconteceu em 1910 e teve como reivindicação o direito ao voto, o que só se concretizou em 1934. Ela lembrou que ainda hoje os partidos políticos têm dificuldade para comporem chapas legislativas respeitando a cota obrigatória de 30% de candidatos do sexo feminino, e informou que menos de 2% dos cargos eletivos no País são ocupados por mulheres. "A mulher brasileira ainda não alcançou a cidadania plena", avaliou.

Delegacias - A violência contra a mulher foi o assunto abordado por Olívia de Fátima Braga Melo, chefe da Divisão da Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher, o Idoso e o Deficiente. Em 2005, segundo ela, foram registradas 7.005 denúncias de agressões a mulheres na Capital, número equivalente aos dos anos anteriores. A delegada disse que as Delegacias de Mulheres de Venda Nova e do Barreiro, desativadas em 2004, deverão ser reativadas ainda este ano, e defendeu a implantação de delegacias especializadas nos municípios do interior. Atualmente, menos de 40 cidades mineiras têm Delegacias de Mulheres. Na avaliação da delegada, o maior obstáculo à criação de novas delegacias é a falta de vontade política de prefeitos e vereadores. "A Assembléia Legislativa pode ajudar a mudar esse quadro", declarou.

Para Maria Cecília Magalhães Gomes, do Fórum de Mulheres da Grande BH, o neoliberalismo acirrou as desigualdades e aumentou o desemprego, o que impõe a necessidade de se pensar a luta das mulheres como parte da luta do conjunto dos trabalhadores por seus direitos. Rita Evaristo e Elza Simões de Souza, da CUT/MG, concordaram com essa análise e destacaram aspectos da desigualdade de gêneros no mundo do trabalho. Por fim, Alessandra Pereira Eler, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública, falou sobre a importância da capacitação de servidores para atuarem no atendimento a mulheres que procuram a Defensoria. O Núcleo, criado há sete meses em parceria com a União, Estado e municípios, já está instalado em Belo Horizonte, Montes Claros e João Monlevade, e encontra-se em fase de implantação em Itajubá.

Requerimentos aprovados - Na reunião, a comissão aprovou ainda outros cinco requerimentos. O primeiro, do deputado Rogério Correia (PT), solicita a realização de audiência pública no município de Ouro Preto para debater o emprego de mão-de-obra infantil por mineradoras clandestinas na região. Os demais quatro requerimentos são de autoria do deputado Durval Ângelo e propõem: audiência pública para discutir a situação da Vara de Execução Penal da Comarca de Ribeirão das Neves; debate público sobre o tema "As transformações do papel da mulher na sociedade e a garantia de seus direitos", com a efetivação do lançamento do livro "Entre elas quando tudo acontece", de Regina Lanna; visita da comissão à cadeia pública de Manhumirim no dia 16 de março; e autorização para confecção de 500 convites para audiência pública que se realizará no dia 5 de abril na paróquia Cristo Redentor, na região do Barreiro, para debater os direitos fundamentais das pessoas com deficiência.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, Roberto Ramos (PSDB) e Paulo Cesar (PDT).

 

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