Comissão debate transferência de Centro Administrativo
A decisão do governo de Minas de transferir para a
área do hipódromo Serra Verde a construção do seu novo Centro
Administrativo foi considerada brusca, prejudicial a interesses
empresariais no entorno do aeroclube Carlos Prates, e não contemplou
alternativas para geração de emprego e renda na Região Noroeste, que
tem 60 bairros e 450 mil habitantes. Com essa justificativa
apresentada pelo presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência
e da Ação Social, deputado Alencar da Silveira Jr, realizou-se, na
tarde desta terça-feira (7/3/06), uma audiência pública da comissão
para debater o assunto.
O gerente adjunto de projetos do Centro
Administrativo, Gustavo de Castro Magalhães, afirmou que o
governador Aécio Neves e os secretários de Desenvolvimento
Econômico, Wilson Brumer, e do Planejamento e Gestão, Antônio
Anastasia, empenharam-se desde o primeiro momento para que a obra
fosse construída no Carlos Prates, por considerarem a área bem
localizada e carente de investimentos públicos estaduais.
"No entanto, as negociações com o Departamento da
Aviação Civil e a Infraero não evoluíram bem. O DAC exigiu que fosse
encontrada uma solução para abrigar o aeroclube e para transferir os
concessionários", disse o gerente. Ele não participou dessas
negociações, mas a alternativa apresentada de utilização do
aeródromo Beija-Céu, em Sete Lagoas, não teria vingado, levando o
governo a optar pela área do Serra Verde, que tem 784 mil m² e fica
às margens da Linha Verde, reduzindo os custos viários.
Deputado quer reverter a decisão
O deputado Alencar da Silveira Jr disse que não
considera a decisão irreversível. Acusou o DAC, a Infraero e o
Governo Lula de intransigência na negociação, resultando em prejuízo
para os interesses de Minas. Pediu às deputadas oposicionistas
presentes, Elisa Costa (PT) e Jô Moraes (PCdoB) que intercedessem
junto ao prefeito Fernando Pimentel e ao ministro Patrus Ananias,
como petistas influentes, para que os órgãos da aviação voltem atrás
e retomem as negociações.
Elisa Costa defendeu as administrações petistas e
prontificou-se a apoiar projetos de desenvolvimento. Jô Moraes
estranhou a interrupção repentina do projeto, sem uma discussão
democrática com a comunidade e sem oferecer uma perspectiva concreta
de retorno aos investimentos já feitos pelos empresários do Carlos
Prates.
A repentina reopção do governo deu o mote para as
reclamações dos convidados. Tânia Carvalho, diretora do Hospital
Geral Noroeste, disse que o estabelecimento estava duplicando sua
área física quando recebeu a notícia. "Em duas horas, puxaram nosso
tapete. Estamos frustrados, mas vamos continuar lutando por nosso
sonho", disse ela. "Estamos indignados", disse Antônio Teixeira de
Carvalho, que tem uma academia freqüentada por maioria de alunos
petistas. Wilton de Jesus, presidente da Associação Comercial do
Noroeste de BH, disse que contribuiu para que a população aceitasse
a obra, e para que os empresários antecipassem investimentos em
qualificação de pessoal e ampliação das suas instalações. Da mesma
forma se pronunciou o jornalista Jeferson de Andrade, do jornal
Folha do Padre Eustáquio. "Criamos expectativas, e agora
testemunhamos uma decepção muito grande", afirmou.
Ao final da reunião, Alencar da Silveira Jr propôs
uma nova audiência pública, desta vez com a participação do DAC, da
Infraero, da Prefeitura de Belo Horizonte, das associações de
moradores e do funcionalismo público. O requerimento foi
aprovado.
Pareceres - Foram
aprovados os pareceres favoráveis a quatro projetos de lei
declarando entidades de utilidade pública, todos eles relatados pela
deputada Jô Moraes. Por iniciativa do deputado José Henrique (PMDB),
foi contemplada a Apae de Santana do Manhuaçu. Por iniciativa do
deputado Doutor Ronaldo (PDT), foi atendida a Associação
Filantrópica Sagrado Coração de Jesus de Sete Lagoas. O deputado
Roberto Ramos (PSDB) contemplou a Associação dos Moradores do Bairro
São Francisco, de Muriaé. E a própria Jô Moraes atendeu a Província
Carmelita de Santo Elias.
Requerimentos - Os
deputados aprovaram mais cinco requerimentos na reunião. Alencar da
Silveira Jr pediu audiência pública para discutir os possíveis
impactos econômicos na região do Circuito dos Inconfidentes,
resultantes da construção de um aeroporto regional em Itabirito. Jô
Moraes quer audiência pública para discutir um projeto de lei que
cria programa de geração de trabalho para mulheres chefes de família
desempregadas. Elisa Costa propôs audiência para receber denúncias
do Sindieletro sobre acidentes fatais ocorridos com empregados
terceirizados da Cemig, que seriam 2.994 só em Belo Horizonte.
Outros dois requerimentos contêm votos de congratulações do deputado
Carlos Gomes (PT) ao novo presidente da Associação dos Moradores da
Vila Barraginha, e do deputado Alberto Pinto Coelho (PP), pela
eleição do engenheiro Marcos Túlio de Melo à Presidência do
Confea.
Presenças - Deputados
Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente; deputadas Elisa Costa
(PT), vice-presidente, e Jô Moraes (PCdoB).
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