Deputados visitam microdestilarias em Betim e Mateus
Leme
A Comissão de Política Agropecuária e
Agroindustrial da Assembléia Legislativa conheceu, nesta terça-feira
(21/2/06), duas experiências desenvolvidas nos arredores de Belo
Horizonte envolvendo microdestilarias. Atendendo a requerimento do
deputado Padre João (PT), presidente da comissão, os deputados
visitaram o assentamento da reforma agrária Dom Orione, em Betim, e
a fazenda do ex-dirigente da Acesita Energética, Marcello Guimarães
Mello, em Mateus Leme.
Em Betim, os deputados viram o trabalho realizado
por sete das 39 famílias que compõem o assentamento. Elas decidiram
montar uma microdestilaria para álcool combustível e chegaram a
produzir 50 litros. Porém, devido à falta de assistência técnica
para a produção de álcool combustível, as famílias se limitam a
fabricar cachaça e rapadura. Cento e cinqüenta mil unidades do doce
foram produzidas sob contrato para fornecimento à Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), o que lhes rendeu R$ 37,5 mil.
"A maior riqueza que aqui observei é a
diversificação das atividades, que permite melhor sobrevivência para
as famílias assentadas", destacou o deputado Padre João.
Durante a visita, representantes da Associação
Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq) condenaram o
modo de produção, que utiliza um equipamento em aço inoxidável
chamado coluna de destilação contínua. Segundo a Ampaq, esse método
é inaceitável para a produção de cachaça de qualidade. Os deputados
observaram que o equipamento, que custa R$ 40 mil, está
subutilizado. Por isso, Marlos Fernandes (PPS) informou que, na
próxima reunião da comissão, vai apresentar um requerimento pedindo
que a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de
Minas Gerais (Emater) e a Fundação Centro Tecnológico de Minas
Gerais (Cetec) forneçam suporte técnico às famílias.
Fazenda apresenta modelo de
auto-desenvolvimento
Na fazenda de Marcello Mello, em Mateus Leme, os
deputados verificaram o funcionamento de um modelo chamado de
"auto-desenvolvimento", no qual as atividades agrícolas se integram
de forma que os resíduos oriundos da obtenção de alguns produtos se
transformam em insumos para a produção de outros. Assim, o bagaço da
cana e o vinhoto se transformam em alimento para o gado e o álcool
produzido é usado nos veículos e demais motores utilizados na
fazenda.
Marcello Mello disse que trabalha na criação de
modelos de produção alternativos para os pequenos proprietários de
terra e sugeriu a formação de cooperativas, entidades que contariam
com equipamentos mais sofisticados. Dessa forma, os fazendeiros
produziriam cachaça e a venderiam, com o excedente sendo direcionado
à cooperativa e transformado em álcool combustível, para posterior
uso pelo próprio produtor em suas máquinas.
Presenças: Deputados Padre
João (PT), presidente, e Marlos Fernandes (PPS), vice-presidente;
Victor Soares Lopes, da Secretaria da Agricultura; Marco Antônio de
Magalhães e Raimundo Ribeiro Vieira, da Ampaq; e Marcelo Furtado
Vital, do INDI.
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