Plenário mantém veto e aprova quatro projetos na reunião da
tarde
Em reunião que durou cinco horas, e que chegou a
ficar suspensa por duas vezes para que os deputados buscassem
entendimentos sobre as votações, o Plenário da Assembléia
Legislativa votou cinco proposições e encerrou a discussão de outras
cinco na tarde desta segunda-feira (19/12/05). Em primeiro lugar,
foi mantido o Veto Parcial do governador à Proposição de Lei 16.682,
que torna obrigatório equipar com aparelho desfibrilador cardíaco os
locais, veículos e vários estabelecimentos que menciona. O veto ao
inciso III do artigo 1º da proposição foi mantido por 37 votos a
favor e dois contrários. O inciso III obriga a instalação do
equipamento em trens, metrôs, aeronaves e embarcações com capacidade
igual ou superior a 100 passageiros. O veto ao inciso I da
proposição também foi mantido, e recebeu 35 votos por sua rejeição,
10 pela manutenção e um voto nulo. Para se derrubar um veto são
necessários os votos pela rejeição de pelo menos 39 deputados dos 77
deputados. O inciso I trata de estações rodoviárias e ferroviárias,
portos, aeroportos, centros comerciais, estádios e ginásios
esportivos, academias de ginástica, hotéis, clubes, locais de
trabalho e outros locais com aglomeração ou circulação média diária
igual ou superior a 1.500 pessoas. Os deputados Padre João e
Laudelino Augusto, ambos do PT, abstiveram-se na segunda votação por
discordarem de ela ter sido feita por meio de urna, e não pelo
painel eletrônico. A votação de veto é secreta.
Na fase de discussão do veto, o deputado Antônio
Júlio (PMDB) ocupou a tribuna e criticou a matéria publicada pelo
jornal Estado de Minas, segundo a qual ele estaria se
beneficiando de proposta de anistia de dívidas de ICMS. O deputado
negou ser devedor e disse que o jornal se baseou em uma certidão
falsa emitida no município de Frutal. Ele pediu a apuração do fato e
afirmou que sua atuação é em benefício dos empresários que estão
sendo massacrados pela atuação da Secretaria de Estado da Fazenda.
Os deputados Chico Rafael (PMDB), Adalclever Lopes (PMDB), Sávio
Souza Cruz (PMDB), Rogério Correia (PT), Antônio Andrade (PMDB),
Ermano Batista (PSDB) e Alencar da Silveira Jr. (PDT) manifestaram
solidariedade ao deputado.
Além do veto, que estava na faixa constitucional,
com prioridade de votação sobre todas as demais matérias, estavam na
pauta da reunião outras 48 proposições. No início dos trabalhos, foi
aprovado requerimento do deputado André Quintão, líder do Bloco
PT/PCdoB, para que fossem priorizados, na pauta, os Projetos de Lei
(PLs) 2.854/05, que reajusta os vencimentos dos servidores do Poder
Judiciário; 2.855/05, que reajusta os vencimentos dos servidores do
Ministério Público; 2.028/05, que dispõe sobre a Política Estadual
de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável; 2.459/05, que
trata de doação de imóvel ao município de Peçanha; 23/03, que dispõe
sobre a distribuição da parcela de receita do produto da arrecadação
do ICMS pertencente aos municípios; 2.812/05, que trata do reajuste
para servidores da Segurança Pública e o Projeto de Resolução (PRE)
2.896/05, que transforma a especialidade de Comunicador Social
relativa ao cargo de Analista Legislativo nas especialidades de
Jornalista e Relações Públicas.
Advocacia-Geral do Estado
Por 44 votos a favor e nenhum contrário, o Plenário
aprovou, em 1º turno, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 68/05, do
governador, que acrescenta dispositivo à Lei Complementar 83, de
2005, que dispõe sobre a estrutura orgânica da Advocacia-Geral do
Estado. O projeto autoriza a Advocacia-Geral e os órgãos jurídicos
das autarquias e fundações públicas que a ela se reportam a
representar judicialmente os titulares e os membros dos Poderes do
Estado, bem como os titulares das secretarias e dos demais órgãos do
Poder Executivo, de autarquias e fundações públicas estaduais,
ocupantes de cargos de direção e assessoramento e os servidores
efetivos. A autorização abrange também a defesa, judicial e
extrajudicial, ativa e passiva, dos agentes públicos, na hipótese
de, no exercício de suas atribuições institucionais, serem vítimas
ou indevidamente apontados como autores de ato ou omissão
tipificados como crime ou contravenção penal, nos termos da lei.
O projeto foi aprovado na forma do substitutivo nº
1, da Comissão de Constituição e Justiça, com a emenda 1, da
Comissão de Administração Pública. O substitutivo nº 1 apenas
corrige imprecisões técnicas e vícios de redação legislativa, como a
redundância de dispositivos que têm, essencialmente, o mesmo
objetivo. Ele também inclui dois dispositivos na proposição
original. O primeiro assegura aos ocupantes de cargos de chefia,
subchefia ou adjunto na atividade-fim contenciosa da estrutura da
Advocacia-Geral que tenham atuado na causa a prerrogativa de receber
honorários advocatícios de sucumbência, tal como ocorre com os
procuradores do Estado. O segundo diz respeito à representação, a
cargo da Procuradoria-Geral da ALMG, dos servidores do Legislativo,
que deve se restringir à atividade administrativa e institucional,
nos termos de regulamento específico.
A emenda da Comissão de Administração Pública
explica que a Advocacia-Geral do Estado ficará habilitada a propor
ação penal privada e a representar o Ministério Público,
principalmente para impetrar as ações de habeas corpus e
mandado de segurança, no caso de os agentes do poder público serem
vítimas de delito relacionado a atos por eles praticados no
exercício de suas atividades constitucionais, legais ou
regulamentares. Essa representação judicial se estende aos
ex-titulares de cargos ou funções, "desde que demandados por ato
praticado em razão do ofício e a administração faça a defesa do
ato". A emenda acrescenta dispositivo que cria o parágrafo 8º no
artigo 21 da Lei Complementar 81, de 2004, a qual institui as
carreiras do grupo de atividades jurídicas do Poder Executivo. Esse
parágrafo estabelece que, no nível inicial da carreira, a
antigüidade será apurada exclusivamente pelo tempo de serviço
prestado nesse nível, e, havendo empate, o desempate far-se-á apenas
pela classificação obtida no respectivo concurso de admissão.
Combustível biodegradável
O terceiro projeto aprovado em 1º turno na tarde
desta segunda-feira foi o Projeto de Lei (PL) 1.408/04, do deputado
Gustavo Valadares (PFL), que dispõe sobre a fabricação e uso de
combustível biodegradável para ser usado em veículos de passeio,
transporte coletivo, carga e como aditivo em óleo diesel e outros
combustíveis. O projeto foi aprovado na forma do substitutivo nº 4,
da Comissão de Meio Ambiente. A emenda 6, com parecer pela rejeição,
foi rejeitada.
O projeto tem o objetivo de autorizar a fabricação
de combustível biodegradável no Estado a partir de plantas
oleaginosas como dendê, mamona, soja, babaçu e girassol, e também à
base de óleo vegetal comestível usado. Esse biocombustível poderia
ser utilizado em veículos de passeio, de transporte e de carga, e
também como aditivo no óleo diesel e em outros combustíveis. Entre
as alterações introduzidas pelo substitutivo 4, está a previsão de
integração de ações públicas e privadas para o setor em consonância
com as diretrizes do governo federal. O texto do substitutivo também
explicita as competências do Poder Executivo na implantação dessa
política e prevê a adoção de incentivos fiscais para os produtores e
importadores de biodiesel.
Segurança alimentar
Outro projeto aprovado, esse em 2º turno, foi o PL
2.028/05, do governador, que dispõe sobre a Política Estadual de
Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável. O projeto foi
aprovado na forma do vencido em 1º turno (sem novas alterações).
A proposição define a segurança alimentar e
nutricional sustentável como direito fundamental ao acesso regular e
permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem
comprometer o atendimento de outras necessidades essenciais.
Estabelece, também, a estrutura necessária à consecução da política
de segurança alimentar, criando o Sistema e o Plano Estadual de
Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, integrado pela
Coordenadoria Geral da Política Estadual de Segurança Alimentar e
Nutricional Sustentável, pelas Comissões Regionais e pelos Conselhos
Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável. A
proposta estimula a geração de emprego e renda, em especial no campo
da agricultura familiar. Merecem destaque as normas que incentivam a
municipalização das ações alimentares, a participação permanente da
sociedade nos processos decisórios e a preservação e a recuperação
do meio ambiente e dos recursos hídricos. A cada dois anos deverá
realizar-se a Conferência Estadual de Segurança Alimentar e
Nutricional Sustentável de Minas Gerais, a fim de propor as
prioridades do Plano Estadual, bem como proceder à sua
revisão.
Jornalistas e relações públicas
Outra proposição aprovada, em 1º turno, foi o
Projeto de Resolução (PRE) 2.896/05, da Mesa da Assembléia, que
transforma a especialidade de Comunicador Social relativa ao cargo
de Analista Legislativo nas especialidades Jornalista e Relações
Públicas. O projeto foi aprovado com a emenda 1, também da Mesa da
Assembléia.
Projetos recebem emendas e retornam às
comissões
Cinco projetos tiveram a discussão encerrada na
tarde desta segunda-feira mas não chegaram a ser votados porque
receberam emendas durante a fase de discussão. Com isso, quatro
desses projetos, que estão em 1º turno, retornaram às comissões para
parecer sobre as emendas. O quinto, o PL 2.459/05, do governador,
que altera lei que autoriza o Poder Executivo a doar imóvel ao
município de Peçanha, teve a votação adiada a requerimento do autor
da emenda, deputado Alberto Pinto Coelho (PP). O projeto tramita em
2º turno.
Os PLs 2.854 e 2.855/05, do governador, que tratam,
respectivamente, do reajuste dos vencimentos dos servidores do Poder
Judiciário e do Ministério Público, receberam emendas do deputado
Rogério Correia (PT) propondo que o reajuste seja retroativo ao mês
de agosto, e foram encaminhados à Comissão de Administração Pública.
O PL 2.812/05, do governador, que dispõe sobre a concessão de
reajuste para servidores da área de defesa social (policiais civis e
militares, bombeiros e agentes de segurança), recebeu duas emendas e
também voltou para a Comissão de Administração Pública. O PL 23/03,
do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que dispõe sobre a distribuição
da parcela da receita do produto da arrecadação do ICMS pertencente
aos municípios, foi encaminhado à Comissão de Fiscalização
Financeira e Orçamentária para análise de cinco emendas apresentadas
durante a discussão.
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