Entidades querem evitar descaracterização da Promotoria de Direitos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, representada por seu presidente, deputado Durval Ângelo, liderou outras...

19/12/2005 - 01:00
 

Entidades querem evitar descaracterização da Promotoria de Direitos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, representada por seu presidente, deputado Durval Ângelo, liderou outras três entidades de defesa dos direitos humanos numa visita, na tarde desta segunda-feira (19/12/050, ao procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Jr. Os visitantes foram pedir a Soares Jr. que não acate a mudança na denominação da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, da forma como está sendo proposta por seus titulares, evitando descaracterizá-la.

Os novos promotores Maria Inês Rodrigues de Souza, Henrique da Cruz German e Mário Konich Higuchi Jr., que sucederam ao promotor Afonso Miranda Teixeira - promovido a coordenador da Promotoria de Conflitos Agrários - propuseram que a promotoria passe a se chamar Promotoria de Justiça de Inclusão Social e Combate à Tortura. Segundo Márcia Martini, diretora da Sedese para Direitos Humanos, a promotoria passaria a cuidar também de "perfumarias", como Lazer, Urbanismo e Educação.

"Consideramos isso um retrocesso ideológico, um discurso que só pode ser assumido pelos desinformados ou por contumazes violadores dos direitos humanos", condenou o deputado Durval Ângelo. "Trocar o nome dessa Promotoria é estratégia para enfraquecer o nosso movimento. Há 15 anos estamos na luta para defender essa bandeira pela qual muitos deram a vida. Não podemos aceitar que promotores novos, mal saídos dos cueiros, queiram trocar o nome da Promotoria de Direitos Humanos, e incluir essa salada de temas tão diferentes. Quem cuida de tudo não consegue cuidar de nada", acrescentou.

Promotores têm independência funcional para atuar

Jarbas Soares Jr. afirmou que os direitos humanos sempre serão prioridade do Ministério Público, como têm que ser, e que não haverá retrocesso no Ministério Público. No entanto, disse que os promotores são outros e pensam diferente dos antecessores que mostravam maior afinidade com a causa dos direitos humanos. "Eles estão buscando apoio social e político para fazer essa mudança, e vão trazer-me a proposta, com a qual não tenho que concordar. Vejo nela, no entanto, alguns pontos positivos, e quero discutir com eles aqueles que poderiam ser prejudiciais ao MP como um todo", informou o procurador-geral. Ele argumentou ainda que são 851 promotores em Minas, com formações e pensamentos diferentes, e que todos têm independência funcional para atuar. "Se não tiverem afinidade com o assunto, estaremos diante de um problema difícil de contornar", preveniu.

Heloísa Greco, do Movimento Tortura Nunca Mais, avaliou que a mudança provocaria o desmantelamento e a descaracterização da Promotoria. Soares Jr. admitiu que haveria descaracterização, mas discordou que haveria desmantelamento, porque inclusive autorizou uma melhoria na infra-estrutura daquela Promotoria. Caso incorra em negligência, descaso ou descompromisso, qualquer promotor está sujeito a investigação pela Corregedoria-Geral do Ministério Público. A Corregedoria não divulga números de sua atuação, mas sabe-se que tem aplicado punições que vão da suspensão à exoneração do promotor faltoso.

Durval Ângelo procurou ainda realçar a parceria entre a Promotoria dos Direitos Humanos e o pioneirismo das entidades defensoras dos direitos humanos em Minas. "As três primeiras condenações no Brasil por crime de tortura, feitas pelo Superior Tribunal de Justiça, ocorreram em Minas, como fruto da atividade da nossa Comissão e das entidades aqui presentes. O delegado Fadel foi condenado à maior pena já aplicada no Brasil. Duas mulheres também foram condenadas por tortura em Igarapé", citou o deputado.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; Jarbas Soares Jr., procurador geral de Justiça; Márcia Martini, diretora de Direitos Humanos da Sedese; Heloísa Greco, coordenadora do Movimento Tortura Nunca Mais; Rodrigo Filgueiras, promotor coordenador do Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos; Antônio Carlos Teodoro, presidente da ONG SOS Vida; Gustavo Corgozinho, advogado da Defensoria Pública; Elaine Parise, procuradora geral de Justiça adjunta jurídica; Alceu Torres Marques, procurador geral de Justiça adjunto institucional.

 

 

 

 

 

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