Fogos de artifício chineses prejudicam indústria mineira

A importação de fogos de artifício chineses passou de 250 quilos em 2000 para 628 toneladas em 2004, segundo dados do...

14/12/2005 - 01:01
 

Fogos de artifício chineses prejudicam indústria mineira

A importação de fogos de artifício chineses passou de 250 quilos em 2000 para 628 toneladas em 2004, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Esse quadro tem criado cada vez mais dificuldades às indústrias pirotécnicas da região de Santo Antônio do Monte, responsável por 85% da produção nacional. Esse assunto foi discutido nesta quarta-feira (14/12/05) por deputados, empresários e representantes dos governos estadual e federal durante reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), Sidônio Fernandes do Couto Patusco, a invasão dos produtos chineses no mercado brasileiro representa uma séria ameaça à própria sobrevivência do município de Santo Antônio do Monte, já que 75% da economia local é baseada na produção e na venda de fogos de artifício. Ele cobrou um tratamento no mínimo igual dos governos aos produtos nacionais e importados. "A importação de fogos chineses é feita indiscriminadamente, sem a avaliação técnica devida, enquanto que os produtos brasileiros são fortemente fiscalizados", queixou-se.

Patusco denunciou ainda a falsificação de embalagens brasileiras no Paraguai. Segundo ele, no comércio daquele país já existem fogos de artifício chineses embalados em caixas brasileiras, o que estaria trazendo prejuízos às indústrias e maiores riscos aos usuários.

Salvaguardas - O diretor do Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando de Magalhães Furlan, confirmou o que ele chamou de "surto" de importação de produtos chineses, que tem provocado uma desorganização do mercado nacional: "Queda na produção, nas vendas e nos preços, além de aumento da capacidade ociosa das empresas. Tudo isso justifica a adoção de salvaguardas oficiais contra a China", disse ele.

Para que o governo brasileiro institua essa proteção aos fabricantes, porém, é preciso fundamentar o pedido com informações precisas sobre a situação do setor no mercado interno. O representante da Fiemg na reunião, Alexandre de Brito Santos, disse que o levantamento dessas informações é uma tarefa complicada, pois depende de uma pesquisa direta, já que o setor ainda é pouco organizado.

O assessor parlamentar do Exército, Evandro Bartholomeu Vidal, manifestou sua solidariedade aos fabricantes. Ele disse, no entanto, que as forças armadas não podem impor restrições econômicas aos chineses, mas apenas dificultar sua importação baseando-se em critérios técnicos. Vidal e o outro representante do Exército, major Pimenta de Melo, afirmaram que vão levar o assunto ao diretor de Fiscalização de Produtos Controlados do Ministério de Estado da Defesa, Rosalvo Leitão de Almeida, para que sejam estudadas as providências cabíveis.

O deputado Domingos Sávio (PSDB), presidente da Comissão, disse que os parlamentares vão preparar três requerimentos para tentar reverter a situação: um vai pedir ao Ministério da Defesa mais rigor na fiscalização dos produtos importados; outro será encaminhado ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, empenho na adoção de salvaguardas contra os chineses; e o terceiro será encaminhado ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Mauri Torres (PSDB), solicitando a formação de uma comissão especial para discutir e encontrar alternativas para o problema, não só para os produtos pirotécnicos, mas também para os setores calçadista e têxtil, igualmente afetados pela "invasão" chinesa.

Comissão apóia projeto de incentivo ao esporte

Na segunda parte da reunião, os deputados aprovaram pareceres de 1º turno favoráveis a quatro projetos de lei (PLs). Um deles é o PL 2.399/05, do deputado João Leite (PSDB), que prevê incentivos fiscais aos contribuintes que apoiarem projetos esportivos no Estado. No parecer, o deputado Domingos Sávio opinou pela aprovação da matéria na forma do substitutivo nº 2, que apresentou, com a rejeição da emenda nº 2 da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática. O substitutivo prevê que a concessão do benefício será autorizativa e deixa a forma, o prazo e as condições para regulamentação posterior. Os outros três projetos que receberam pareceres favoráveis tratam da doação de imóveis.

Presenças - Deputados Domingos Sávio (PSDB), presidente; Jayro Lessa (PFL), Ermano Batista (PSDB), Sebastião Helvécio (PDT), José Henrique (PMDB) e a deputada Elisa Costa (PT). Além das personalidades citadas na matéria, compareceram também a representante da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Gláucia Maria Carneiro, e o analista de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Evaristo Augusto Pinheiro.

 

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