Uso de viaturas por comandantes opõe praças e oficiais

A utilização de viaturas por comandantes e delegados de polícia opôs policiais de base e oficiais durante reunião da ...

13/12/2005 - 01:00
 

Uso de viaturas por comandantes opõe praças e oficiais

A utilização de viaturas por comandantes e delegados de polícia opôs policiais de base e oficiais durante reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa realizada nesta terça-feira (13/12/05). De um lado, estão os soldados e investigadores, que reclamam por não ter direito ao uso de viaturas para seu deslocamento para o trabalho. De outro, os policiais que ocupam posições de comando, que negam estar sendo privilegiados. A reunião foi solicitada pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT).

O presidente da Associação dos Praças e Bombeiros Militares (Aspra), sargento José Luiz Barbosa, acusou o uso de viaturas para transporte de comandantes da PM, procedimento que segundo ele é muito comum na corporação. "Não acho que uma autoridade tenha que ter o direito de usar um carro do Estado, a não ser que haja uma situação concreta que justifique", disse. O representante dos praças também reclama que os policiais que denunciam irregularidades desse tipo são alvo de sindicâncias a pedido de seus superiores hierárquicos. "Não dá para a Corregedoria servir como algoz. O policial na posição hierárquica inferior é massacrado e muitas vezes não se prova nada contra ele", protestou.

Para o presidente da Associação dos Oficiais da PM, major Zoé Ferreira dos Santos, o problema não é tão disseminado, pois o uso de viaturas poderia representar risco para a própria família do policial. "Hoje em dia ninguém quer andar de viatura. Se me oferecerem uma, eu dispenso", afirmou. Já o promotor Denilson Feitosa, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, avalia que o problema poderia ser resolvido com a criação de regras claras que permitissem o controle do uso dos carros pelos policiais. "Não pode haver proibição nem liberação geral. O importante é ter controle sobre o uso dos veículos oficiais", considera.

Em Contagem, denunciante foi afastado

Sem regras claras, o uso indevido das viaturas vem provocando controvérsias e até punições de policiais que fazem denúncias. O deputado Sargento Rodrigues citou o exemplo do major Eduardo Alves de Oliveira, que teria sido afastado de suas funções por ter denunciado o uso irregular de viatura por parte de seu superior hierárquico, o coronel Reinaldo Martins, comandante da 7a Região da Polícia Militar de Contagem. "O código de ética da PM diz que é falta grave usar recursos humanos e materiais para fins particulares de policiais", informou o deputado, que pediu ao Ministério Público que investigue o caso.

O promotor Denilson Feitosa anunciou que vai instaurar procedimento administrativo para investigar se a denúncia é procedente. Se ela for comprovada, o caso pode se desdobrar em uma ação civil e o coronel pode ser condenado por improbidade administrativa. Já o corregedor da PM, coronel Cláudio Lélis, disse que a denúncia não chegou à Corregedoria. Por esse motivo, o deputado Sargento Rodrigues teve aprovado requerimento de sua autoria pedindo que a denúncia seja encaminhada ao órgão.

Para tentar solucionar o problema, o corregedor da Polícia Civil, delegado Nelson Garofolo, propõe uma ampla negociação envolvendo a ALMG, as corregedorias, os comandos das polícias Civil e Militar e as associações de policiais, idéia que recebeu apoio do deputado Sargento Rodrigues. Ele á autor do Projeto de Lei 279/03, que visa disciplinar o uso dos veículos da frota oficial do Estado.

Deputados criticam o governo

O deputado Adalclever Lopes (PMDB) reclamou da falta de viaturas nas pequenas cidades do interior. Ele acusou o comando da PM de omissão e avisou que a bancada do PMDB já protocolou um requerimento para que o comandante-geral, coronel Sócrates Edgard dos Anjos, seja convocado a prestar esclarecimentos sobre a falta de viaturas. O deputado Weliton Prado (PT) também atacou a escassez de viaturas e defendeu a aplicação dos recursos arrecadados com a Taxa de Segurança Pública, que estão sendo destinados ao caixa único do Tesouro.

O presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB), foi quem defendeu o governo. "Esse é o governo que, de longe, mais investiu em segurança pública em Minas Gerais", ressaltou o deputado, lembrando a recente redução dos índices de criminalidade no Estado.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Sargento Rodrigues (PDT), Weliton Prado (PT) e Adalclever Lopes (PMDB). Também participou da reunião o vice-presidente do Sindipol, Denilson Martins.

 

 

 

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