Comissão vai solicitar exumação do corpo do ex-prefeito de
Papagaios
A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia vai
solicitar à Promotoria de Justiça a exumação do corpo de Joaquim
Teodoro da Silva, ex-prefeito de Papagaios, e a complementação de
várias informações relativas ao inquérito policial que apurou sua
morte. O ex-prefeito foi encontrado morto no dia 1º de outubro de
2004 na zona rural depois de ficar desaparecido um dia, e as causas
da morte permanecem indeterminadas. Após ouvir familiares do
ex-prefeito e médicos legistas, nesta segunda-feira (12/12/05), o
presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), informou que o
objetivo é empreender todos os esforços para esclarecer o caso. "Não
queremos assumir a tese de assassinato nem de morte natural, mas sim
buscar a verdade, cujo caminho muitas vezes é tortuoso",
resumiu.
Outra medida a ser tomada pela comissão é solicitar
todos os originais e negativos das fotos que constam dos autos e
também das que não constam, para um exame minucioso em laboratório
de medicina forense. Também será cobrado o envio, ao Ministério
Público, dos dados telefônicos do celular do ex-prefeito -
informações solicitadas à Polícia desde abril, mas até agora não
respondidas. Um fato novo que o debate desta segunda-feira trouxe à
tona também será objeto de solicitação de esclarecimentos às
autoridades competentes. Segundo a família, duas pessoas foram
vistas na caminhonete com Joaquim Teodoro da Silva. Testemunhas
também disseram ter visto desconhecidos em um Gol cinza e numa moto
em local próximo àquele onde foi encontrado o corpo.
Legistas defendem exumação e família reivindica
novas apurações
Com a exumação, solicitada pela família e pelo
professor de Anatomia da UFMG Roberto Pereira Campos, a meta é
esclarecer dúvidas que o laudo pericial e os exames não conseguiram
elucidar. "Será possível dizer se houve violência e colocar uma pá
de cal no assunto", resumiu Campos, que teve atuação destacada,
junto à comissão, na apuração da morte da modelo Cristiana Aparecida
Ferreira. A comissão vai solicitar que ele acompanhe a exumação como
legista assistente. Para Campos, o caso do ex-prefeito é
"fronteiriço" e polêmico. Ele defende uma apuração "mais séria e
rigorosa pelo Estado" e aponta aspectos que precisam ser melhor
investigados, como o fato de o corpo apresentar um corte na cabeça e
pequenas lesões no cotovelo e nos braços e de estar em posição
atípica. "Se, porventura, ele estava passando mal, por que foi se
esconder no meio do mato?", indagou.
Asfixia - A exumação também
foi defendida pelo médico legista Thales Bittencourt de Barcelos,
responsável pela necropsia, tendo em vista a "situação dramática"
vivida pela família. Ele mostrou que o primeiro laudo pericial
apontou lesões externas pequenas nos braços e nas proximidades dos
cotovelos, mas nada que pudesse configurar uma causa de morte. Não
havia, ainda, lesões internas a olho nu. "Não existia sinal
inequívoco de morte violenta e não se pode fazer conjecturas na
confecção de um laudo", afirmou. Depois de exames complementares
solicitados ao laboratório, foram constatadas alterações sugestivas
de asfixia. Mesmo assim, o médico pondera que "daí a afirmar que a
asfixia foi a causa da morte é outra história". Essa falta de ar
poderia ter sido provocada tanto por sufocamento quanto por um
problema natural, apontou.
Kete Correia da Silva e Marco Antônio Correia da
Silva, filhos do ex-prefeito Joaquim Teodoro da Silva, queixaram-se
à Comissão de Direitos Humanos das dificuldades de obter informações
das autoridades policiais de Papagaios. Kete alega que o pai não
tinha inimigos políticos e nem havia registro de qualquer ameaça
recebida por Joaquim Teodoro da Silva. Prefeito por dois mandatos,
ele se preparava para a campanha política de um filho quando foi
encontrado morto na zona rural. "Até que se prove o contrário, não
se pode afirmar nem negar nada", afirmou ela quando indagada se
acreditava na hipótese de assassinato. Para Kete, no entanto, morte
natural é uma hipótese difícil de acreditar, tendo em vista as
circunstâncias e o local em que foi encontrado o corpo do pai - num
lugar ermo, longe do caminho que costumava seguir.
Presenças - Participaram da
reunião os convidados citados e os deputados Durval Ângelo (PT),
presidente, e Antônio Júlio (PMDB).
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