Deficientes querem cumprimento das leis que os protegem

A I Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência foi aberta nesta segunda-feira (12/12/05), no Hotel G...

12/12/2005 - 01:00
 

Deficientes querem cumprimento das leis que os protegem

A I Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência foi aberta nesta segunda-feira (12/12/05), no Hotel Grandarrel, em Belo Horizonte, com a presença de quase 300 delegados eleitos nas etapas municipais. A abertura foi presidida pela deputada Maria Tereza Lara (PT), representando o presidente da Assembléia, e teve ainda as presenças dos deputados André Quintão (PT), líder do bloco PT/PcdoB, e dos deputados federais Leonardo Matos (PV-MG) e Eduardo Barbosa.

André Quintão disse que o evento "é a convergência de esforços entre níveis de governo diferenciados, da sociedade civil organizada e profissionais da área. Respeitar os direitos da pessoa com deficiência, numa perspectiva inclusiva, significa cobrar efetividade das políticas públicas e das leis, e também uma maior consciência e compromisso dos cidadãos". A estratégia da conferência é exigir o cumprimento das leis que asseguram direitos especiais aos deficientes, especialmente o decreto 5.296, de 2/12/04, que as regulamenta.

Muitas das reivindicações dos deficientes estão contidas nos oito objetivos do milênio, adotados pela ONU. Marielza Oliveira, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), afirmou que os deficientes estão entre as minorias discriminadas. "De cada 100 mulheres brasileiras, 37 estão empregadas. Mas de cada 100 mulheres deficientes, apenas 12 trabalham. Entre os homens, são 63 empregados em cada 100. Entre os deficientes, apenas 32 em 100 trabalham", disse ela.

Adilson Ventura, do Conselho Nacional da Pessoa Deficiente, disse que os portadores de deficiência no Brasil chegam a 14,15% da população, ou seja, 25 milhões de pessoas. "A grande maioria é ignorada, esquecida e isolada, desconsiderada na elaboração de políticas públicas". Para ele, a cidade de Uberlândia é o melhor município do Brasil em acessibilidade para os deficientes.

O engenheiro Marcos Fontoura, da BHTrans, explicou a necessidade de credenciar os usuários dos estacionamentos para deficientes com métodos que chama de "acessibilidade assistida", para evitar as pessoas que burlam as normas e usufruem indevidamente do privilégio. Relatou episódios em que familiares sadios de deficientes usam vagas com carros credenciados, enquanto pais e mães de deficientes mentais que os levam para tratamento não têm esse direito. "Certa vez tive que dizer a uma senhora com enfisema, que se desloca com um pesado cilindro de oxigênio, que a legislação não lhe dá o direito a estacionamento especial", lamentou Fontoura.

O arquiteto Antônio Marcos Belo, do Crea-MG, mostrou vários bons exemplos de medidas de acessibilidade adotadas no próprio Conselho e nas cidades de São Paulo e Uberlândia, e maus exemplos de calçadas atravancadas com barreiras arquitetônicas que impedem a passagem das cadeiras de rodas. Ele disse que são 675 mil os portadores de algum tipo de deficiência só na Região Metropolitana de Belo Horizonte. "O Ministério Público fiscalizou 329 prédios em Belo Horizonte e 98% se mostraram inacessíveis. Apenas sete deles atendem as recomendações, por exemplo, de que as rampas para as cadeiras de rodas devem ter declividade máxima de 8,33%. Por outro lado, bons exemplos de adaptação podem ser vistos em Olinda (PE) e Pirenópolis (GO)", disse o arquiteto.

Marta Esteves de Almeida Gil, socióloga da USP e consultora do Banco Mundial, falou sobre a acessibilidade na mídia, que seria outro item na reclusão do deficiente. Para ela, um site com linguagem muito fechada é inacessível para alguns tipos de deficientes. "O deficiente quer assumir o controle de sua própria vida. Se estamos falando em equiparação de oportunidades em todas as esferas, é preciso fazer sites pensando também nesse tipo de público", disse Marta Gil.

A deputada Maria Tereza Lara anunciou a abertura de inscrições para os 70 delegados mineiros que vão a Brasília, e sugeriu que fossem escolhidos 35 da sociedade civil (11 vagas por região de planejamento, 5 para deficientes físicos, 5 para visuais, 5 para auditivos, 5 para mentais, 4 para profissionais que trabalham com deficientes). Propôs ainda que 28 vagas sejam do poder público municipal (11 duplas por região de planejamento e 6 para as maiores delegações presentes), e 7 do Executivo e do Legislativo estadual.

Um dos painéis desta terça-feira será coordenado pelo deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos. O deputado João Leite (PSDB) presidirá a Plenária final do evento.

 

 

 

 

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