Comissão intermedia negociações de desapropriados pela Linha Verde

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa ofereceu intermediação na negociação entre a Urbel e 957 fam...

07/12/2005 - 01:00
 

Comissão intermedia negociações de desapropriados pela Linha Verde

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa ofereceu intermediação na negociação entre a Urbel e 957 famílias de cinco favelas na região dos bairros São Paulo e 1o de Maio, que serão removidas para a construção da Linha Verde. Na manhã desta quarta-feira (7/12/05), o presidente da Comissão, deputado Durval Ângelo (PT), foi ao local, na interseção entre a Avenida Cristiano Machado e o Anel Rodoviário, e promoveu uma reunião com autoridades da Urbel e da Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas, as principais lideranças dos atingidos e uma centena de moradores.

Há um mês houve uma reunião sobre o mesmo tema na Assembléia, e o deputado assinalou pelo menos um avanço desde então: o governo concorda em construir pequenos prédios de apartamentos nas áreas remanescentes, para alojar as famílias que desejarem permanecer no bairro. Os apartamentos seriam de dois ou três quartos, conforme o tamanho da família. O de três quartos teriam 54 m2, solução que o deputado considera digna para quem vive hoje em barracos de madeira em áreas alagáveis. Fernando Janotti, secretário-adjunto de Obras, disse que serão construídas 300 unidades, e que as famílias receberão bolsa-moradia até que os apartamentos fiquem prontos.

O presidente da Urbel, Claudius Vinicius Leite Pereira, disse que há três opções à disposição dos desapropriados: o valor mínimo para uma nova habitação, de R$ 17 mil; a indenização por habitações melhores, de alvenaria, que pode ultrapassar esse teto, conforme a avaliação; e também um financiamento do Sistema Financeiro da Habitação, a juros subsidiados, para quem, tendo direito a uma casa de R$ 17 mil, desejar adquirir outra de maior valor e tiver condições de pagar o financiamento.

No entanto, Claudius Pereira assegura que a Urbel não vai indenizar ninguém em dinheiro, a não ser que a família opte por receber apenas o valor de avaliação da posse, que é irrisório, na faixa de R$ 800. O objetivo é assegurar que a família receba outra moradia, de sua escolha, em qualquer parte do território mineiro. O receio é que, recebendo os R$ 17 mil em espécie, a família priorize outras compras e fique sem teto.

Este é um dos pontos de impasse que provoca a radicalização das lideranças. Jorge Nolasco, presidente de associação comunitária, considera que esse tipo de tutela é herança da ditadura, e que as famílias têm o dinheiro de receber o dinheiro e fazer o que bem entenderem, como qualquer proprietário de imóvel que venda sua propriedade.

Casas na região custam mais de R$ 35 mil

O pároco do 1º de Maio, Pierluigi Bernareggi, conhecido como Padre Piggi, deseja que todas as famílias tenham a oportunidade de permanecer na paróquia, mas afirmou que não há casas dignas na região por menos de R$ 35 mil. Padre Piggi aprova a oferta de apartamentos, mas disse que as pessoas preferem receber o dinheiro porque não confiam que o governo irá cumprir sua palavra.

Inúmeros moradores empunharam o megafone para reclamar das avaliações. Um deles disse que a Urbel desconsiderou os 50 caminhões de terra que comprou para preencher seu alicerce e livrar-se das enchentes. Outra teve seu barracão incendiado e quer saber como será indenizada. Outro ainda defende o interesse de menores órfãos que moram numa das favelas.

O deputado Durval Ângelo ouviu a todos, e depois reuniu-se com um grupo menor de 12 lideranças e as autoridades, para buscar encaminhamentos para a questão: "Não estamos aqui para vender ilusões. A Linha Verde será construída e vocês serão removidos. O que temos que assegurar são condições dignas de reassentamento, e critérios corretos de avaliação dos imóveis", disse o deputado. De concreto, as autoridades asseguraram que as famílias poderão retirar o material de demolição de suas casas, e, a pedido do deputado, desistiram dos apartamentos de dois quartos. Todos eles terão três quartos.

Uma reunião com seis representantes da comunidade, Padre Piggi e Jorge Nolasco, mais as autoridades da Urbel e da Setop, foi marcada para a próxima quarta-feira, na Assembléia, onde serão redigidas e assinadas garantias aos moradores, com o aval da Comissão de Direitos Humanos, para que as famílias possam confiar e retomar as negociações com a Urbel.

 

 

 

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