Itajubá quer prioridade na rota do novo gasoduto da
Gasmig
Na expansão de sua rede de distribuição de gás
natural para o interior do Estado, a Gasmig projetou a construção de
um ramal a partir do gasoduto da Petrobras que passa por Lorena
(SP), e entraria em Minas por Itajubá, atingindo depois Pouso
Alegre, Varginha, Três Corações, Poços de Caldas e Andradas. Depois
a empresa passou a priorizar outro roteiro, saindo de Paulínia (SP)
e entrando em Minas por Jacutinga, Andradas, Pouso Alegre,
Congonhal, Poços de Caldas, Três Corações e Varginha.
A ameaça de exclusão de Itajubá do atendimento
nesta etapa provocou uma forte reação do empresariado e das
lideranças locais e da região, que pediram uma audiência pública na
Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia
Legislativa, realizada na manhã desta sexta-feira (2/12/05). A
reunião foi presidida pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e
teve as presenças também dos deputados Laudelino Augusto (PT),
Domingos Sávio (PSDB) e do secretário de Estado de Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior, Bilac Pinto.
José Góes Jr, da Gasmig, confirmou que a opção
preferencial da empresa passou a ser pelo gasoduto via Jacutinga,
por razões ambientais, de custo da obra e de mercado. "A opção por
Itajubá implica num custo maior de transposição de trechos rochosos
da Mantiqueira, atravessando uma área de proteção ambiental de
difícil licenciamento. Além disso, o mercado de Poços de Caldas é o
maior da região, com uma demanda atual de 500 mil metros cúbicos por
dia, enquanto o mercado de Itajubá é estimado em apenas 11 mil
m3/dia", explicou o técnico.
Números em poder da Gasmig estariam defasados,
dizem empresários
Os itajubenses contestaram os números apresentados.
O empresário Antônio José Vieira, da Higident, assegurou que apenas
ele necessita de 25 mil m3 por dia. Ele disse que tem
contratos de fornecimento com a Johnson&Johnson, a BDF Nívea, a
Disney, o Boticário e a Avon e está expandindo sua fábrica de
produtos de higiene em 7 mil m2 e contratando 700 novos
funcionários.
Outros líderes mencionaram várias empresas
termointensivas situadas no município, entre elas a Imbel, produtora
de armamentos. O prefeito de Piquete, Otacílio Rodrigues da Silva,
disse que o licenciamento ambiental não é problema, se o gasoduto
seguir a estrada. Citando o ex-ministro Delfim Netto, o ex-deputado
Rosemburgo Romano, disse que "quem ficar parado será atropelado".
Outros insistiram no acesso imediato ao gás, como fonte de energia
barata e moderna. "Muitos ainda estão na fase da queima de lenha, e
isso é errado do ponto de vista ambiental, porque compromete a
natureza da Serra da Mantiqueira", disse Cleber David, da CDL.
O deputado Laudelino Augusto, que preside a
Comissão de Meio Ambiente, apoiou a entrada do gás, por fornecer
energia limpa e mais barata para o desenvolvimento da região.
Lembrou que, com a descoberta das novas jazidas no litoral Sul, o
Brasil passou a ter mais gás que a Bolívia. No entanto, ressaltou
que a vocação regional é a tecnologia científica, que não é grande
consumidora de combustíveis.
Quando José Góes manifestou a possibilidade de
atender emergencialmente a região com "gasoduto virtual", ou seja,
transporte de gás comprimido ou liquefeito por caminhões, alguns
convidados manifestaram sua preocupação com o preço desses produtos,
receando que pudessem inviabilizar investimentos. Góes esclareceu
que o gás comprimido sai mais barato que o liquefeito e o óleo
diesel, mas é mais caro que o canalizado.
Ao final da reunião, o deputado Dalmo Ribeiro Silva
propôs ao secretário Bilac Pinto que agendasse uma audiência da
comitiva de Itajubá para a próxima semana com o secretário de
Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer, com a finalidade de
reverter a decisão da Gasmig.
Presenças - Deputados Dalmo
Ribeiro Silva (PSDB), presidente; Laudelino Augusto (PT) e Domingos
Sávio (PSDB).
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