Comissão cobra apuração de crimes supostamente cometidos por
PMs
A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa visitou nesta quinta-feira (1o/12/05) o
comando da Polícia Militar, com o objetivo de cobrar o andamento de
investigações sobre assassinatos cujos suspeitos são servidores da
corporação.
O primeiro caso refere-se ao assassinato do garçom
José Arlindo dos Anjos, de 27 anos, morto no dia 14 de julho deste
ano no Conjunto Estrela Dalva. Segundo testemunhas do crime, ele
teria levado um tiro à queima-roupa do soldado Felipe Lucas Soares.
O policial teria abordado a vítima, pedido para que ele levantasse a
camisa e então atirado contra o rapaz. A polícia foi chamada logo em
seguida e socorreu José Arlindo, mas ele morreu a caminho do
Hospital João XXIII.
A família alega que o crime não teve motivação,
pois o garçom não teria nenhuma desavença com o PM, que era apenas
seu conhecido. Felipe Lucas Soares foi preso em flagrante e
libertado no mesmo dia. Ele ainda não foi julgado e continua
trabalhando na 126a Cia. de Polícia Militar. "Antes de
sepultar meu filho, esse cidadão já estava na rua. Espero que a
justiça seja feita. Foi um assassinato muito covarde", diz o pai de
José Arlindo, o aposentado Divino Marcelino dos Anjos, que relata
telefonemas anônimos e homens encapuzados rondando sua casa
ameaçando a família.
Outro assassinato ainda sem solução ocorreu no
bairro Jaqueline, divisa de Belo Horizonte com Santa Luzia. Wayne do
Carmo Braga, de 40 anos, gerente de uma fábrica de alumínios, foi
morto no dia 8 de janeiro deste ano. O principal suspeito é seu
concunhado, o cabo Ezequiel Pinheiro Ramos. De acordo com relatos de
testemunhas, ele estava à paisana quando abordou a vítima em um
ponto de ônibus, deu-lhe uma coronhada na cabeça e em seguida
disparou um tiro à queima-roupa.
Segundo os familiares, Ezequiel já teria feito
várias ameaças contra Wayne. Eles reclamam que o processo que
investiga o assassinato está parado na Justiça comum, enquanto o
acusado continua trabalhando normalmente. "Espero que ele seja
afastado e que a Justiça faça a sua parte, prendendo esse rapaz.
Como policial, ele é mais uma ameaça do que uma defesa da
população", desabafa a irmã de Wayne, Imaculada Conceição Braga
Gonçalves. Ela reclama que já levou sua reclamação à corregedoria da
polícia várias vezes, mas nunca obteve resposta.
O caso mais recente foi registrado em Teixeiras, na
Zona da Mata, no último dia 27. O deputado Durval Ângelo (PT),
presidente da comissão, mostrou a denúncia encaminhada para seu
gabinete, segundo a qual o microempresário Sebastião Modesto da
Silva teria sido assassinado pelo soldado Vandro Emílio Araújo,
lotado no 21o Batalhão da Polícia Militar de Ubá.
Testemunhas disseram que a vítima teria sido morta após ter
arranhado o carro do PM no estacionamento de um bar. Sem nenhuma
discussão, o soldado, que estava à paisana, teria se aproximado e
disparado um tiro na nuca de Sebastião. O caso está sendo
investigado pela Polícia Civil de Ubá, enquanto o suspeito continua
trabalhando na área administrativa da Polícia Militar em
Ervália.
Estado Maior garante investigação
O chefe do Estado Maior da Polícia Militar, coronel
Hélio dos Santos Júnior, disse que vai encaminhar os três casos à
corregedoria e aguardar o resultado das investigações para depois se
posicionar sobre o assunto. "Não estou passando o problema para a
frente, mas as acusações não podem fluir sem provas. Vou me inteirar
de cada caso e os senhores terão uma resposta oficial",
garantiu.
O deputado Durval Ângelo cobrou agilidade nas
investigações dos três homicídios. "São cidadãos trabalhadores, que
foram friamente assassinados por quem deveria proteger, e nunca se
voltar contra a sociedade", acusou o deputado, que se disse
tranqüilo quanto ao andamento das investigações que serão feitas
pela PM.
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