Cultura do pequizeiro é debatida na Comissão de Meio Ambiente

A comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais discutiu, nesta quarta-feira (30/11/05), o Projeto de Lei 2.312/05, d...

30/11/2005 - 01:01
 

Cultura do pequizeiro é debatida na Comissão de Meio Ambiente

A comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais discutiu, nesta quarta-feira (30/11/05), o Projeto de Lei 2.312/05, do 1º secretário da Assembléia, deputado Antônio Andrade (PMDB), que autoriza o abate do pequizeiro mediante prévia autorização do Instituto Estadual de Florestas (IEF), desde que não haja risco para a sobrevivência da espécie na região. A reunião foi solicitada pelo 2º vice-presidente da Assembléia Legislativa, deputado Rogério Correia (PT).

De acordo com o projeto, o abate só pode ocorrer mediante o replantio pelo empreendedor de 10 mudas da espécie extraída, exceto nos casos de relevante interesse social ou por motivos de utilidade pública. A atual legislação permite a extração da árvore mas não garante o replantio da mesma espécie, e sim de qualquer outra. "O objetivo é incentivar a produção e preservar o pequizeiro, não podemos deixar de fazer este investimento para o Estado e para o País, afirmou o 1º secretário da Assembléia Legislativa. Para ele, é importante incentivar o desenvolvimento da agricultura familiar e do agronegócio - uma realidade do cerrado mineiro, que gera empregos, melhora as condições de vida da população e torna o mercado nacional capaz de competir com o internacional.

Para a assessora da diretoria de Monitoramento e Controle do IEF, Cassandra Dias Castro, o projeto é um avanço, já que obriga o plantio de 10 mudas de pequizeiro para cada árvore arrancada, o que não vem acontecendo atualmente. Já o prefeito de Arinos, Carlos Alberto Recch Filho, defendeu a viabilidade do projeto, garantindo que ele é sustentável para a economia no Norte e Noroeste de Minas. "O projeto não restringe a nossa economia; pelo contrário, ele nos traz novas perspectivas", completou. O presidente da Cooperativa Agropecuária de Unaí Ltda (Capul), Valdirei Paulo de Oliveira, também é a favor do projeto. "A proposta é coerente; proibir o corte do pequizeiro é o mesmo que impedir o Estado de crescer de modo sustentável, observou.

Mas o assessor da Comissão Pastoral da Terra, Paulo Roberto Faccion, acha o projeto é inviável para o Norte de Minas já que o pequi é fonte de renda da população. Na sua opinião, o agronegócio será o grande beneficiado e o pequizeiro não será preservado. Para o deputado Sávio Souza Cruz (PSDB), a legislação atual não é eficiente já que o IEF não consegue fiscalizar o desmatamento do pequizeiro. O secretário de Meio Ambiente de Montes Claros, Paulo Faria Ribeiro, também concorda que a proposta vai beneficiar os grandes empreendedores e projetos de irrigação. Segundo ele, a extração indiscriminada do pequi pode iniciar um processo de desertificação no Norte de Minas.

O assessor de Meio Ambiente da Faemg, Carlos Alberto Santos Oliveira, destacou que o debate sobre o PL 2312/05 não pode ser entendido como uma disputa entre a agricultura familiar e o agronegócio, pois o cultivo do pequizeiro vai beneficiar as duas formas de produção. "Em algum momento, o agricultor familiar pode querer implementar o seu negócio através do investimento em tecnologias mais avançadas", observou.

Para o presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares e Agroextrativistas Grande Sertão, Waldomiro Cardoso da Silva, também é importante discutir a preservação do cerrado, e não somente de uma de suas culturas, como o pequizeiro. "Devemos preservar a mata; são 48 espécies de fruto que o pequeno produtor coloca na mesa do consumidor, com muita dificuldade", garantiu. Ele citou os produtos gerados pelo pequi como sabão, óleo, tempero, polpa e alimentos para animais.

Para o deputado João Leite (PSDB) o PL do deputado Antônio Andrade pode ser considerado um passo inicial para que se inicie uma importante discussão, com a participação de especialistas, sobre o investimento na produção do pequi. O deputado Rogério Correia (PT) afirmou que discorda de alguns pontos do projeto e que apresentou um substitutivo propondo que o replantio do pequizeiro seja obrigatório também nos casos em que a extração da árvore ocorra por motivos de utilizade pública ou relevante interesse social, o que não prevê o projeto do deputado Antônio Andrade.

Ao final da reunião, foi aprovado um requerimento do deputado Rogério Correia solicitando uma audiência pública para debater o programa Pró-Pequi. Serão convidadas as seguintes autoridades: os secretários de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Silas Brasileiro; representantes da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes); da prefeitura da cidade; do Conselho Pró-Pequi; e do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA).

Presenças - Deputado Laudelino Augusto (PT), presidente; deputado João Leite (PSDB); Sávio Souza Cruz (PMDB); e Antônio Andrade (PMDB).

 

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