Direitos Humanos avalia avanços contra a discriminação de homossexuais

Os avanços na implantação da Lei 14.170, de 2002, a chamada Lei do Beijo, que pune a discriminação de pessoas em virt...

30/11/2005 - 01:01
 

Direitos Humanos avalia avanços contra a discriminação de homossexuais

Os avanços na implantação da Lei 14.170, de 2002, a chamada Lei do Beijo, que pune a discriminação de pessoas em virtude de sua orientação sexual, foram debatidos em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, na manhã desta quarta-feira (30/11/05). A lei foi regulamentada por decreto em dezembro de 2003, e para sua implementação é preciso instalar uma comissão para receber as denúncias de ato discriminatório por parte de pessoas jurídicas e aplicar as multas previstas.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), enumerou outros eventos da comissão para combater a discriminação contra homossexuais, entre eles uma audiência pública em Montes Claros para esclarecer o assassinato de um bailarino. "A audiência se realizou em clima pesado, porque o fazendeiro acusado do assassinato era parente do prefeito da cidade", lembrou Durval Ângelo.

O autor do projeto que resultou na Lei 14.170, ex-deputado João Batista de Oliveira - hoje subsecretário de Estado de Direitos Humanos - anunciou que está em busca de um imóvel na área central da cidade para instalar o Centro de Referência Homossexual, um ponto de apoio da comunidade gay em suas lutas pelos direitos civis e pela paz. A diretora de Direitos Humanos e Inclusão Social da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes (Sedese), Márcia Martini, disse que a comissão especial prevista na lei terá dois representantes do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh), um indicado pelas entidades homossexuais, outro pelas entidades do comércio e outro de indicação do titular da Sedese.

Prontamente, Walquíria La Roche, coordenadora do Centro de Diversidade Sexual, informou que as entidades já elegeram Carlos Magno Fonseca, do Grupo Cellos, como representante nessa comissão. O deputado Biel Rocha apresentou requerimento ao Conedh pedindo agilidade na formalização da Comissão. João Batista Oliveira disse que vai enviar ofício ao CDL e à ACMinas para indicar o representante do comércio.

Outro assunto da reunião foi a situação do PLC 47/03, de autoria da ex-deputada Marília Campos, que permite a inclusão do companheiro ou companheira homossexual como dependente do segurado do Ipsemg. O deputado Biel Rocha (PT) argumentou que esse projeto já passou por todas as comissões e ainda não foi levado ao Plenário. A comissão aprovou requerimento dele, pedindo ao presidente da Assembléia que inclua na Ordem do Dia o PLC 47/03.

Gays protestam contra discriminação do Papa

Vários representantes da comunidade gay apresentaram protestos contra as formas de discriminação que sofrem. Walquíria La Roche criticou a recomendação do Vaticano contra padres e seminaristas homossexuais e contra os participantes da cultura gay. "O Papa vem reforçar essa cultura heteronormativa que persiste em nossa sociedade. Enquanto isso, transexuais e travestis continuam sendo excluídos das escolas e do serviço público. Queremos o direito de ir, vir e permanecer", disse ela.

Soraia Menezes, da Associação Lésbica de Minas Gerais, lembrou a primeira parada Gay Pride realizada em Nova York, quando a comunidade gay saiu às ruas disposta a bater nos policiais que a chantageavam. João Batista acrescentou que a primeira marcha GLS atraiu 30 ou 40 pessoas, mas que agora atrai 30, 40 mil, porque simboliza a luta pelos direitos civis. "A diplomacia, a elegância e a competência do movimento em Minas conquistaram a simpatia dos deputados para a aprovação da Lei 14.170", lembrou Oliveira.

Danilo de Oliveira, do Clube Rainbow de Serviços, afirmou que os gays são 10% da população, pagam os mesmos 47 impostos que todos os brasileiros, mas têm 34 direitos a menos. "Nosso discurso é vitimista porque a cada dois dias um homossexual é assassinado por causas homofóbicas. Por causa da rejeição da família e do grupo social, é alto o número de suicídio entre os jovens homossexuais.

Carlos Magno, do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (Grupo Cellos), também atacou a posição discriminatória da Igreja na década de 80, quando apelidou a Aids de "peste gay". "Somos o setor mais consciente e organizado contra essa epidemia. As políticas públicas de combate à Aids devem muito à comunidade dos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT). Nós trabalhamos, produzimos, a sociedade nos deve muito. Queremos ser protagonistas de um processo de mudança desta sociedade intolerante", disse ele.

Requerimentos - Além dos requerimentos do deputado Biel Rocha, foram aprovados oito requerimentos do deputado Durval Ângelo, dois deles assinados também pelo deputado Roberto Ramos (PSDB), pedindo audiências públicas em BH para debater a hidrelétrica de Aimorés; em Papagaios para apurar o assassinato do ex-prefeito Joaquim Teodoro da Silva; em São Sebastião do Paraíso para ouvir promotores públicos; em Piumhí para esclarecer a morte de Júlio César Rodrigues. O deputado quer ouvir ainda o juiz Livingsthon José Machado, afastado da Comarca de Contagem; vítimas e testemunhas de violações de direitos humanos por parte de agentes públicos; e debater a publicação de um livreto contendo as atividades da Comissão em 2005; e a participação da Comissão no II Fórum pela Promoção da Igualdade racial, a se realizar em Cachoeira do Campo.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PSDB), vice-presidente; Paulo Cesar (PDT), Biel Rocha (PT), Rêmolo Aloise (PSDB) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

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