Cipe quer mobilizar prefeitos para despoluição do Rio Doce

Como garantir recursos para tocar projetos de despoluição? Como as prefeituras podem elaborar projetos bem embasados ...

25/11/2005 - 01:01
 

Cipe quer mobilizar prefeitos para despoluição do Rio Doce

Como garantir recursos para tocar projetos de despoluição? Como as prefeituras podem elaborar projetos bem embasados com poucos recursos e sem capacitação técnica? O que fazer para acabar com o lançamento de dejetos nos rios se muitas cidades não têm sequer rede de esgoto para toda a população? Essas questões afligem a população de Governador Valadares e região, preocupação que foi manifestada na audiência pública da Cipe Rio Doce realizada na cidade nesta sexta-feira (25/11/05). A reunião serviu para apresentar à comunidade o plano de despoluição da bacia do Rio Doce, um ambicioso programa que pretende reduzir em 90% o lançamento de esgotos nos rios da região até 2020.

O programa, que ganhou o nome de Rio Doce Limpo, passa pelo tratamento do lixo e esgoto doméstico e industrial dos municípios que compõem a bacia, mas também envolve a recuperação dos cursos d'água, combate ao assoreamento e erosão do solo, prevenção de enchentes e estímulo à educação ambiental e práticas de desenvolvimento sustentável. "95% dos municípios da bacia lançam esgoto nos rios sem tratamento. A Cipe quer ações emblemáticas, para que o problema da qualidade da água seja resolvido dentro da própria bacia, região onde cabem dois países do tamanho da Holanda", explicou o assessor da comissão, Alberto Pêgo.

Essas ações emblemáticas consistem na construção de estações de tratamento de esgoto, para livrar o Rio Doce dos rejeitos de 210 cidades do Leste de Minas Gerais e noroeste do Espírito Santo. Apenas três municípios da bacia já tratam seus esgotos (Ipatinga, Malacheta e Aimorés), de acordo com a deputada Elisa Costa (PT), 1a secretária e coordenadora da Cipe em Minas. Parte dos municípios já tem projetos de estações, mas a maioria esmagadora ainda não planeja tratar seus esgotos. "Nossa intenção é estimular as prefeituras a elaborarem seus projetos", informa Alberto Pêgo.

Governador Valadares, maior cidade da bacia, não trata seus esgotos, mas já tem planos de construir três estações de tratamento. A cidade lança diariamente 12 toneladas de rejeitos diretamente no Rio Doce. Para reverter essa situação, vai precisar investir cerca de R$ 12 milhões. O custo da despoluição de toda a bacia está estimado em R$ 600 milhões, ou aproximadamente R$ 40 milhões anuais, em investimentos contínuos nos próximos 15 anos. Para dar conta dessa demanda, o presidente da Cipe, deputado José Henrique (PMDB), defende parcerias entre o poder público e as empresas da região, que também são grandes poluidoras.

Linhas de financiamento disponíveis

A Caixa Econômica Federal tem linhas de crédito que podem financiar a construção de sistemas de tratamento de água, saneamento básico e tratamento de esgotos. Para se candidatarem a receber esses recursos, os municípios precisam apresentar projetos bem elaborados. "O Ministério das Cidades segura quase 50% do dinheiro disponível por falta de capacitação técnica dos municípios para a gestão de recursos hídricos", informou o técnico do banco, Paulo Pardini. O coordenador das ações da Cipe na Agência Nacional de Águas (ANA), Sebastião Virgílio Figueiredo, chamou a atenção para outras fontes de recursos, como a cobrança pelo uso da água e financiamentos internacionais.

O deputado José Henrique anunciou os esforços que estão sendo feitos para garantir a alocação de recursos para dar início ao programa Rio Doce Limpo. Ele defende que os parlamentares da região se mobilizem para assegurar emendas aos orçamentos federal e estadual para financiar o projeto. A deputada Elisa Costa, por sua vez, cobrou a responsabilidade dos prefeitos, para que todos os municípios da bacia tenham pelo menos a definição dos projetos de construção das estações de tratamento de esgoto.

Presenças - Deputado José Henrique (PMDB), presidente da Cipe; e deputada Elisa Costa (PT). Também estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal de Governador Valadares, vereador Júlio Avelar; o secretário municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento, Nilton Ferreira; e o coordenador do Copam Leste, Alexandre Melo dos Reis.

 

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