Comissão de Educação debate violência nas escolas de Venda Nova

A Escola Estadual Padre Lebret, localizada entre várias outras escolas de Venda Nova, já foi invadida, roubada, picha...

24/11/2005 - 01:00
 

Comissão de Educação debate violência nas escolas de Venda Nova

A Escola Estadual Padre Lebret, localizada entre várias outras escolas de Venda Nova, já foi invadida, roubada, pichada e vandalizada 42 vezes nos últimos quatro anos. A segurança do patrimônio público ali é tão precária que a diretora não quer a responsabilidade de guardar 15 computadores que acaba de ganhar de um programa de inclusão digital. A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa realizou audiência pública no auditório dessa escola na manhã desta quinta-feira (24/11/05), a requerimento do seu presidente, deputado Doutor Viana (PFL), e recolheu queixas de professores, dirigentes, pais de alunos e lideranças regionais.

A Padre Lebret, criada em 1987, educa e alimenta 560 crianças de 4 a 6 anos. Tem 45 funcionários, entre professores, cantineiras e pessoal de manutenção. A construção é precária, cheia de labirintos e ampliações mal planejadas. As paredes estão cobertas de hieróglifos de grafiteiros que saltam os muros e arrombam as portas durante a noite. A diretora Maria José Otoni, que também participou como vice das diretorias desde 1993, relatou aos deputados os casos de vandalismo e os roubos de material didático, merenda escolar, dois computadores, TV, aparelho de som e talheres.

"Recebemos uma verba federal de R$ 30 mil para comprar computadores, e nem temos como guardá-los em segurança, nem podemos desviá-la para outra finalidade. Propus cedê-los provisoriamente à Superintendência Regional de Ensino Metropolitana C, mas o colegiado não concordou", disse a diretora. Enquanto ela falava, uma saraivada de pedras atingiu o telhado metálico do auditório, fazendo grande barulho. Soldados da 14ª Cia PMMG saíram para verificar quem tinha atirado as pedras, sem sucesso.

Diretora recebida à bala de madrugada

A ex-diretora Sílvia Mara Justino Prata, que dirigiu a Padre Lebret de 1997 a 2004, relatou seus esforços para solucionar o problema de segurança: "Em 1998, conseguimos instalar um sistema de alarme. Ao disparar, eu era comunicada e vinha para cá, a qualquer hora da noite. Num sábado, fui recebida à bala pelos ladrões. Acabamos desistindo do alarme, por causa do alto custo de manutenção, de R$ 1.584,00 por ano".

Sílvia Prata terminou seu desabafo em prantos, e foi confortada pelo deputado Leonídio Bouças (PSC), que fez um discurso veemente exigindo soluções imediatas e propondo que a situação de descalabro vivida pela escola seja levada sem demora ao conhecimento dos secretários de Estado da Educação e da Defesa Social. Esse encaminhamento foi assumido pelo deputado Doutor Viana.

A reunião produziu posicionamentos práticos, além de discursos indignados. A superintendente regional de ensino, Maria Lúcia Martins da Silva, anunciou que a escola não suporta mais reformas e "puxadinhos", mas precisa ser inteiramente reconstruída, dentro de padrões modernos de acessibilidade e segurança. Ela disse que a filosofia atual do Governo é manter as crianças por mais tempo nas escolas, através de programas de socialização, que pretendem criar valores de não-violência e resistência ao uso de drogas desde a mais tenra idade.

O comandante do 13º Batalhão da PM, tenente-coronel Marco Aurélio do Vale, estimulou a comunidade a colaborar com denúncias anônimas pelo telefone 0800-300180, para que os policiais possam agir. O delegado Wellington Peres Barbosa, da 7ª Seccional, pediu confiança na polícia, que deve ser vista como parceira da comunidade. O empresário Agmar Alves de Souza, que possui loja de tecidos, relata que foi vítima de assaltos e arrombamentos seis vezes no período recente, e que liderou um movimento chamado "Direito pela Vida - Segurança Já", que fez passeata em outubro de 2004

Presenças: Deputados Doutor Viana (PFL), presidente e Leonídio Bouças (PSC). Além dos citados, participaram também Eduardo Bernis, presidente da ACMinas; os vereadores Silvinho Rezende, presidente da Câmara de Belo Horizonte, e Miguel Corrêa Júnior, o médico Josemar Alvarenga e William Gonçalves, representante das promotorias de Infância e Juventude.

 

 

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