Deputados criticam juiz que manda soltar presos

A atitude do juiz da Vara de Execuções de Contagem, Livingston José Machado, de mandar soltar presos perigosos das ca...

23/11/2005 - 01:00
 

Deputados criticam juiz que manda soltar presos

A atitude do juiz da Vara de Execuções de Contagem, Livingston José Machado, de mandar soltar presos perigosos das cadeias públicas por falta de vagas, mesmo à revelia de decisões do Tribunal de Justiça, foi duramente criticada pelos deputados Célio Moreira (PSDB) e Sargento Rodrigues (PDT), durante reunião extraordinária da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa, realizada nesta quarta-feira (23/11/05), a requerimento do primeiro.

"É inconcebível que bandidos perigosos sejam devolvidos à rua em liberdade, em detrimento do direito à segurança do cidadão de bem. Os alvarás do juiz de Contagem beneficiam assassinos da pior espécie. Um dos presos por ele libertado já estuprou uma moça de 18 anos. As ações intempestivas desse magistrado põem em risco toda a sociedade", disse Célio Moreira.

Sargento Rodrigues acrescentou outra preocupação, com o estímulo à impunidade e a indignação dos policiais, agentes carcerários, delegados e promotores. "Imaginem o sentimento de insatisfação e desânimo que está atingindo o policial que enfrentou risco de vida, chuva e frio para prender esse bandido, para vê-lo processado e condenado, e em seguida libertado por um ato do juiz. Seu salário é ruim, ele mora mal, seu armamento é insuficiente e o equipamento deficiente, e agora seu trabalho se tornou inútil. O reflexo é altamente negativo sobre o aparato jurídico-policial", alertou o deputado.

Por sua vez, o deputado Antônio Júlio (PMDB) disse compreender a atitude do juiz, que tem que manter presos condenados nas cadeias por não poder enviá-los à penitenciária de segurança máxima que fica em sua jurisdição. "Por isso ele quis chamar atenção desta forma", justificou o parlamentar, propondo uma estrutura de penas alternativas ou domiciliares para os presos que apresentam menor risco para a comunidade.

Governo Aécio está oferecendo 5.689 vagas no sistema carcerário

O superintendente de Segurança e Movimentação Penitenciária, José Karan, apresentou uma série de dados sobre as providências tomadas pelo Governo de Minas para atenuar as deficiências do sistema prisional. Disse que há 5.346 condenados com guia de recolhimento, e que o governo está criando 2.797 vagas este ano com a construção de novos presídios e ampliação dos já existentes, e que para o próximo ano serão oferecidas unidades para mais 2.892 presos. Nos presídios de Uberaba, Muriaé, Três Corações e Patrocínio haverá 32 vagas para mulheres em cada um.

"O nosso maior problema consiste em evitar a superpopulação nas cadeias. Hoje temos 2.809 presos nas delegacias. Isso será amenizado com os novos presídios, mas para resolver o déficit seriam necessários, além dos que já anunciamos, mais três presídios com 820 vagas cada. Estamos inclusive providenciando uma ampliação na Nelson Hungria, para mais 360 vagas, e oferecemos ao Dr. Livingston 200 dessas vagas para aliviar a situação dos distritos de Contagem", informou Karan.

Alceu José Torres Marques, promotor de Justiça, informou que a Procuradoria Geral de Justiça criou uma comissão para apurar a fundamentação jurídica apresentada nas decisões do juiz e que ainda esta semana vai tomar um posicionamento a respeito. "Não nos cabe julgar atos de juiz. A competência é da Corte de Justiça ou da Corregedoria", afirmou.

Marcelo Souza e Silva, da Câmara dos Dirigentes Lojistas, anunciou para esta quinta-feira uma reunião com os organismos policiais para definir o esquema de policiamento para as festas de final de ano, e manifestou preocupação com os efeitos da decisão do Dr. Livingston sobre a segurança do comércio e dos consumidores. "Isso cria um caos. Nossa expectativa é justamente o contrário: que o trabalho das polícias resulte na prisão de muitos elementos indesejáveis", disse ele.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Antônio Júlio (PMDB), Sargento Rodrigues (PDT), Célio Moreira (PSDB) e Paulo Cesar (PDT).

 

 

 

 

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