Cooperativas de crédito apresentam propostas para o setor em reunião

Reivindicações das cooperativas de crédito no âmbito do Congresso Nacional, do Executivo Federal e Estadual e do Legi...

22/11/2005 - 01:00
 

Cooperativas de crédito apresentam propostas para o setor em reunião

Reivindicações das cooperativas de crédito no âmbito do Congresso Nacional, do Executivo Federal e Estadual e do Legislativo municipal foram apresentadas pelos participantes da reunião da Comissão Especial do Cooperativismo da Assembléia Legislativa nesta terça-feira (22/11/05). O deputado Paulo Piau (PPS), presidente da comissão, abriu a reunião falando de seu desejo de que Minas Gerais seja o Estado mais cooperativista do Brasil. "Isso significa dizer que quero que Minas Gerais seja o Estado mais desenvolvido do País, porque cooperativismo e desenvolvimento estão intimamente ligados", afirmou.

Para o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Scucato, o cooperativismo está tendo o seu prestígio reconhecido com a comissão especial que, segundo ele, é a primeira do Brasil a tratar do tema. Ela afirmou ainda que as cooperativas de crédito correspondem a um dos ramos mais expressivos do cooperativismo em Minas. No entanto, as demandas do setor foram trazidas à reunião pelos representantes de diversas entidades e apoiadas por todos os presentes.

Participantes pedem mudanças em legislação

O diretor financeiro da Central de Cooperativas de Crédito Mútuo (Cecremge), José Ricardo Vilela, defendeu a aprovação de projeto de lei do Congresso Nacional que assegure o acesso das cooperativas de crédito a recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), a permissão para que os servidores públicos da ativa possam exercer cargos de administração ou fiscalização em cooperativas, e a aprovação de uma nova lei cooperativista, tendo como base a lei atual com adaptação à Constituição vigente. A regulamentação de dispositivo constitucional que garanta a não-incidência de tributos e contribuições sobre o resultado do ato cooperativo, a permissão para a União, os estados e o Distrito Federal e, fundamentalmente, os municípios movimentarem recursos por meio de cooperativas de crédito, e a adaptação do Código Civil à Lei do Cooperativismo foram outras reivindicações dirigidas ao Congresso Nacional.

Outros pleitos na esfera do Executivo Federal foram apresentados pelo diretor da Cecremge. É o caso da revisão dos percentuais de risco das operações infra-sistema; fixação de diretrizes para o funcionamento dos fundos garantidores de solidez; estabelecimento de níveis de cooperativas para fins de supervisão; redefinição dos papéis das confederações e centrais de cooperativas de crédito; revisão dos critérios para fins de exposição de risco em alocações de recursos por parte das cooperativas centrais; permissão do acesso aos recursos de fundos constitucionais; autorização/credenciamento junto aos órgãos públicos federais para que os bancos cooperativos, por meio das cooperativas de crédito, sejam agentes de pagamento de remuneração dos trabalhadores do serviço público federal, entre outras.

Ele também trouxe a proposta de possibilitar que os servidores públicos estaduais recebam os seus proventos e aposentadorias por meio de crédito direto em conta corrente mantida junto à cooperativa de crédito da qual for associado; além de regulamentação da não-incidência do imposto sobre serviços de qualquer natureza atinente ao ato cooperativo; não inserção das cooperativas de crédito como obrigadas a atender seus cooperados em prazo máximo estabelecido em leis municipais que abordam essa questão.

Hierarquização - A hierarquização dos tipos de cooperativa e a flexibilização das normas que regem o sistema cooperativo foram defendidas por Geraldo Magela Couto, presidente da Cooperativa Central de Crédito de Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais da Saúde de Nível Superior e Outros Segmentos de Crédito do Estado (Unicred). Segundo ele, a medida é necessária para que todas as cooperativas possam se adequar e continuar cumprindo seu papel. "O sistema cooperativo é muito heterogêneo", explicou.

O papel social das cooperativas, que têm condições de atender à população com menos recursos, foi destacado pelo presidente da Cooperativa Central de Crédito Rural de Minas Gerais, Heli de Oliveira Penido. Segundo ele, as cooperativas de crédito estão presentes em 500 municípios do Estado e podem chegar a todas as cidades mineiras. "Queremos ser o braço operacional das políticas do governo do Estado", afirmou. Ele afirmou que o crédito cooperativo de Minas Gerais já é o maior do Brasil.

O diretor de Planejamento e Controle do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), Wander José Soares Pereira, mostrou a relação de dependência entre o banco e as cooperativas, consideradas suas clientes. Ele afirmou que o Bancoob foi criado em 1997 para melhorar as condições de renda e a qualidade de atendimento dos cooperados. "Tudo o que beneficiar as cooperativas, beneficiará o banco cooperativo", comparou. Ele acrescentou os desafios colocados ao Bancoob, como a definição normativa do papel do banco cooperativo; a busca de linhas de financiamento para as cooperativas de crédito para que elas possam fornecer crédito aos cooperados sem comprometer seus limites de operação; e a autorização para que as cooperativas sejam credenciadas como agentes arrecadadores de tributos federais.

O representante do Banco Central, Marcos Pinheiro, informou que o banco tem um grupo de trabalho sobre o cooperativismo de crédito, que tem merecido muita atenção da instituição. Ele ressaltou, no entanto, que acredita que a normatização do cooperativismo tem avançado mais que a prática de seus paradigmas. "Hoje percebemos uma mudança do espírito da cooperação para o da competição. Diferentemente de uma companhia, por exemplo, a competição não é benéfica para as cooperativas e nem para os cooperados", afirmou. Para ele, o fracasso de uma cooperativa afeta todo o sistema e sua credibilidade.

Experiências de sucesso são apresentadas por cooperados

A experiência da Crediserv-BH, Cooperativa de Servidores Públicos, foi apresentada por Pedro Valdo Fernandes da Cunha, que destacou a importância de sua criação em um momento que a agiotagem estava presente em todas as áreas da Prefeitura de Belo Horizonte. Segundo ele, nas secretarias e autarquias onde estavam os profissionais que recebiam os menores salários, a prática era ainda mais comum. "A cooperativa veio substituir esse modelo. Lá não falamos em microcrédito, mas em empréstimo. Não importa o valor, todos são tratados da mesma forma", explicou.

O presidente da Cooperativa de Crédito de São Roque de Minas (Sicoob-Sacomcredi), João Carlos Leite, falou da importância da cooperativa, criada em 1991, para a recuperação da economia da cidade. Segundo ele, com a liquidação da Minas Caixa, São Roque de Minas sofreu um forte impacto e a cooperativa teve o papel de, inicialmente, retomar a movimentação financeira da cidade. Com o tempo, segundo ele, suas atividades foram crescendo e as parcerias com o setor público e privado aumentando. Passaram a investir no setor produtivo também. "Hoje São Roque de Minas é uma China dentro de Minas Gerais", afirmou João Carlos, se referindo ao PIB do município que cresce 8,74% ao ano.

A relação do Sebrae e o BDMG com o cooperativismo também foi apresentada durante a reunião. Os deputados aprovaram requerimento solicitando que sejam convidados representantes de cooperativas do ramo agropecuário para participarem da reunião marcada para o dia 6 de dezembro. Os deputados Laudelino Augusto (PT) e Marlos Fernandes (PPS) afirmaram ter saído da reunião ainda mais convencidos da importância do cooperativismo para o desenvolvimento do Estado.

Presenças - Deputados Paulo Piau (PPS), presidente; deputada Ana Maria Resende (PSDB), relatora; deputados Doutor Viana (PFL); Laudelino Augusto (PT) e Marlos Fernandes (PPS). Além dos convidados citados na matéria, também participaram da reunião a assessora da Subsecretaria de Indústria, Comércio e Serviços da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Maria do Carmo Martini; o gerente da Área de Agropecuária do BDMG, Gilvan Westin Cosenza; a coordenadora estadual da Unidade de Cultura do Sebrae/MG, Andrea Mageste Damazio; o coordenador da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae/MG, Alessandro Chaves; e o assessor da Frente Parlamentar do Cooperativismo da ALMG, Wagner Dias da Silva.

 

 

 

 

 

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