Segurança Pública pede que polícia esclareça denúncias no JK

A Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa vai pedir providências aos comandos das Polícias Civil e Mi...

22/11/2005 - 01:00
 

Segurança Pública pede que polícia esclareça denúncias no JK

A Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa vai pedir providências aos comandos das Polícias Civil e Militar quanto às denúncias envolvendo o Condomínio do Conjunto JK, em Belo Horizonte. A ação foi tomada na forma de um requerimento, a ser aprovado na próxima reunião da comissão, diante do conflito existente entre a administração do condomínio e alguns moradores. Os autores do requerimento, deputados Sargento Rodrigues (PDT), que requereu a audiência, e Célio Moreira (PSDB), pedem também o envio às polícias das notas taquigráficas da reunião.

A própria síndica do JK, Maria Lima das Graças, listou as acusações, sem provas, contra ela, de irregularidades no condomínio, feitas pela moradora Erudite Nunes Rodrigues. A mais grave das denúncias foi a de que Maria Lima seria a chefe de uma organização que praticaria ou ocultaria crimes como tráfico de drogas, prostituição de menores e pedofilia. Maria Lima, que pediu a reunião a Sargento Rodrigues, disse que a moradora vem fazendo acusações há muito tempo, mas sem trazer provas. A síndica passou à comissão um relatório encadernado com vários documentos, principalmente ofícios, comprovando que já havia pedido providências quanto as denúncias às autoridades competentes - Polícias Civil, Militar e Federal e Ministério Público.

Maria Lima afirmou ainda que Erudite havia acusado membros dessas autoridades de receberem propina do condomínio para acobertarem as irregularidades. "As instituições estão sendo desmoralizadas pelas denúncias vazias feitas por essa senhora", reclamou a síndica. "Nossos funcionários não agüentam: são acusados irresponsavelmente por Erudite de fazer parte de uma quadrilha de tráfico de drogas!", desabafou. Outra denúncia foi a de que policiais e bombeiros militares estariam intimidando moradores do Conjunto JK.

Espancada - Já a moradora Erudite Nunes acrescentou às denúncias a de que teria sido espancada a mando do condomínio e a porta de sua casa teria sido danificada, ao que o público presente ao Auditório da ALMG reagiu com vaias. A moradora disse também que suas denúncias não eram contra o condomínio, mas contra Maria Lima das Graças, que seria criminosa e estaria inclusive empregando cinco policiais no condomínio. O coronel aposentado da PM, Edson Fernandes foi acusado, também sem provas, de chefiar uma boca de fumo no condomínio.

Moradora acusa, mas não traz provas

Intervindo na fala da moradora, o deputado Sargento Rodrigues (PDT), que requereu a reunião, questionou-a quanto a provas das denúncias, ao que ela não respondeu. Rodrigues alertou Erudite, ainda, sobre a gravidade das acusações que, caso não fossem comprovadas, configurariam um crime. O deputado Célio Moreira concordou com Rodrigues e disse que pediria inclusive um exame da sanidade mental de Erudite.

Compulsiva - Já o advogado do condomínio, Farid Assrany, taxou Erudite de "denuncista compulsiva", que fez mais de 100 denúncias contra a síndica e autoridades, e as ações decorrentes foram julgadas improcedentes. Sobre a porta, ele disse que a própria Erudite a teria danificado. Para o advogado, as acusações da moradora seriam provocadas por inveja dela, que teve apenas cinco votos quando se candidatou a síndica. "Essa senhora transformou o condomínio num verdadeiro inferno; ela não tem limites, é uma demente", acusou Farid.

Ao responder à pergunta de Sargento Rodrigues sobre providências quanto às denúncias, o delegado da Superintendência Regional da corporação, Anselmo Rezende Gusmão, declarou que não existe nenhum inquérito e nenhuma ocorrência da PMMG envolvendo o JK. Como as denúncias eram graves, apesar de não terem provas, ele anunciou que seria instaurado agora o inquérito.

PMMG - O major PM Márcio Cassavari, comandante da 5ª Companhia Especial da PMMG, que abrange o edifício JK, disse que seria necessário citar nomes e época em que militares teriam trabalhado no condomínio, para que a denúncia fosse apurada. Sobre denúncias de tráfico de drogas, prostituição infantil e pedofilia no condomínio, Cassavari afirmou que os moradores que procuraram a 5ª Companhia foram orientados a se dirigirem à Polícia Civil. Ele citou ainda o desembarque de contrabando que ocorria próxima ao JK, banido do local após a operação conjunta das polícias estaduais e da Federal, que apreendeu 15 veículos e R$ 600 mil em mercadorias. O comandante fez questão de defender também o coronel Edson Fernandes, que teria "idoneidade intocável".

A conselheira do condomínio do JK, Maria de Lourdes Mourão, defendeu a síndica das acusações e pediu apoio dos deputados: "ajudem uma comunidade que anda de cabeça baixa por causa de uma única pessoa", disse, referindo-se a Erudite. Quando a palavra foi franqueada a três presentes, duas delas defenderam a síndica e uma a acusou de perseguir moradores.

Histórico - O Edifício JK fica no Centro de Belo Horizonte e tem 1.159 apartamentos. A síndica, Maria Lima das Graças, administra o condomínio há mais de 20 anos. O conflito no JK já foi objeto de debate na Assembléia em abril de 2004, quando a Comissão de Direitos Humanos ouviu depoimentos de moradores que acusaram a síndica de irregularidades na administração, perseguição a moradores, enriquecimento ilícito, além do envolvimento, dela e de policiais civis e militares, em ações de intimidação de moradores e em crimes como tráfico de drogas e prostituição de menores.

Requerimentos aprovados

Foram aprovados os requerimentos dos deputados: Célio Moreira (PSDB), que pede audiências públicas, em Buritizeiro, para discutir questões de segurança no município, e as condições de funcionamento do 4º Pelotão da PMMG; e, na ALMG, para obter informações sobre providências do Estado com relação à construção e ampliação de penitenciárias, tendo em vista a liberação de presos do 1º Distrito de Contagem; Roberto Carvalho (PT), que requer audiência pública para debater o planejamento e a execução de ações integradas de segurança pública na Região Metropolitana de Belo Horizonte; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que solicita audiência pública em Ouro Fino para debater questões de segurança pública no município e visita à cadeia pública local; Sargento Rodrigues, que pede o envio de ofícios ao promotor de Justiça Gustavo Rodrigues Leite, solicitando que esclareça a identidade do responsável pelo Termo de Declarações que acompanha este requerimento; e ao delegado Seccional da Polícia Civil e ao comandante da Companhia da PMMG de Andradas, solicitando informações sobre o número de efetivos, a relação de armamentos e viaturas disponíveis e o total necessário para o bom funcionamento das polícias locais.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), que presidiu a reunião; Antônio Júlio (PMDB), Célio Moreira (PSDB) e Doutor Viana (PFL).

 

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