Lixo a céu aberto ainda é ameaça à saúde, na maioria das cidades

Na manhã desta terça-feira (22/11/05), a vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, Maeli Estr...

22/11/2005 - 01:00
 

Lixo a céu aberto ainda é ameaça à saúde, na maioria das cidades

Na manhã desta terça-feira (22/11/05), a vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, Maeli Estrela Borges, apresentou alguns números que mostram a necessidade de mais investimentos na destinação adequada do lixo em Minas. Segundo ela, apenas 3% dos municípios mineiros têm aterro controlado; e os 16 aterros existentes recebem de 30 a 33% apenas dos resíduos sólidos dessas cidades. Maeli foi a primeira palestrante do Seminário "Lixo e Cidadania - Políticas públicas para uma sociedade sustentável", do segundo dia do evento, que termina nesta quarta-feira (23), no Plenário da Assembléia Legislativa. A abertura desta terça-feira foi feita pelo deputado Fábio Avelar (PSC). Quem coordenou os trabalhos pela manhã foi o deputado Laudelino Augusto (PT).

Maeli Estrela Borges fez sua exposição no painel "Lixo, saúde e meio ambiente". Um dos pontos ressaltados por ela foi sobre a importância de se tratar o lixo das unidades de saúde, uma vez que esses detritos contêm muitos microorganismos nocivos e bactérias altamente resistentes, que podem contaminar o solo e o lençol freático. "Existem bactérias que resistem no solo por até 150 dias", enfatizou. Segundo ela, as águas subterrâneas podem ser contaminadas, causando sérios problemas de saúde pública, como epidemias.

A palestrante lembrou também que 66% dos municípios do Estado ainda depositam seus resíduos a céu aberto, e enfatizou a importância de separar o lixo em sua origem, para que ele possa ser reciclado depois. A experiência bem-sucedida de Betim, que instalou o primeiro aterro sanitário de Minas, foi mencionada por Maeli Estrela. A unidade, que hoje é modelo, passou por um processo de desenvolvimento, tendo funcionado por oito anos como aterro controlado.

Lixões representam risco de explosões

O engenheiro sanitário Fernando Sodré da Motta, da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Sólidos, mostrou as principais etapas para montagem de um aterro sanitário, enfatizando a necessidade da preparação do solo, com colocação de plástico e várias camadas de argila, para evitar contaminação. Na opinião dele, um dos maiores desafios é drenar adequadamente o chorume, que chega a ser dez vezes mais poluente que o esgoto doméstico quando lançado diretamente no meio ambiente.

Fernando Sodré chamou a atenção também para os riscos de explosão em lixões, em função do gás metano produzido pelos materiais em decomposição (uma concentração de 5% desse gás no ar já provoca explosões). Além de explosivo, o metano é cancerígeno. Daí porque, segundo o engenheiro, o combate aos lixões e à queima de lixo a céu aberto está sendo feito também em países da Europa e nos Estados Unidos.

Governo busca critérios justos para distribuição de recursos

De acordo com Mara Luiza Alvim Mota, do Fórum Nacional Lixo e Cidadania, do Distrito Federal, o Brasil tem uma história de "jogar dinheiro no lixo", com aterros que acabam virando lixões e usinas sucateadas. Por isso, o Governo Federal continuaria estudando critérios para distribuição dos recursos destinados a projetos relacionados com o lixo. O primeiro critério leva em consideração a população dos municípios. Os que têm até 30 mil habitantes devem encaminhar seus projetos para o Ministério da Saúde, por meio da Funasa; os que têm de 30 a 250 mil devem procurar o Ministério do Meio Ambiente. Os municípios com mais de 250 mil habitantes e que estão localizados em regiões metropolitanas são atendidos pelo Ministério das Cidades.

Mara Luiza Alvim citou ainda linhas de financiamento da Caixa Econômica Federal e do BNDES, que também atendem a pessoas físicas e cooperativas. "Mas esses programas também exigem parceria dos agentes públicos, as prefeituras", lembrou. Segundo ela, outro critério importante, levado em conta pelos órgãos financiadores, é a busca de sustentabilidade. "O município precisa ter um plano de gestão, apoiar os catadores e criar mecanismos de participação e controle social dos projetos", afirmou.

Ministério Público - A promotora de Justiça do Meio Ambiente de Belo Horizonte, Shirley Fenzi Brandão, trouxe ao seminário uma exposição sobre as principais atribuições do Ministério Público, para explicar como o órgão tem atuado nas questões relacionadas com o lixo. Ela citou o trabalho de ajustamento de conduta feito com os hospitais de Belo Horizonte, para minimizar os impactos do lixo hospitalar. Shirley Fenzi disse que o MP acaba de produzir um CD com orientações sobre como tratar o assunto, para ser distribuído aos promotores do interior, especialmente os que estão nos municípios da Bacia do São Francisco, onde o Ministério está atuando junto com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, para tentar despoluir os rios.

 

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