Prolae é alternativa viável para o sistema prisional

Constituída nos moldes da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), o Programa Liberdade e Assistênci...

21/11/2005 - 01:00
 

Prolae é alternativa viável para o sistema prisional

Constituída nos moldes da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), o Programa Liberdade e Assistência ao Encarcerado (Prolae) funciona junto à cadeia pública de Ouro Preto. O programa, iniciado em 2002, envolve atualmente 16 detentos em regime semi-aberto, ou seja, presos que já estiveram sob regime fechado, mas obtiveram progressão da pena e podem cumpri-la em liberdade parcial. Eles dormem em um alojamento na cadeia pública do município e, durante o dia, trabalham em atividades agrícolas e de construção em um terreno anexo de 13 hectares.

O deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, conheceu de perto, nesta segunda-feira (21/11/05) essa experiência de recuperação de presos. Segundo ele, esse sistema é comprovadamente o mais eficiente para evitar a reincidência da criminalidade. Dos 79 presos que já passaram pelo Prolae, apenas oito voltaram a cometer crimes, um percentual próximo de 10%. No sistema carcerário tradicional, o índice de reincidência é de 85%. Além disso, o deputado destacou a economia para os cofres públicos: um preso pelo sistema Prolae custa entre R$ 400 e R$ 500 por mês, enquanto que pelo sistema tradicional esse valor sobe para R$ 1.800.

Orçamento - A coordenadora do programa, Shirley Xavier, afirmou que o Prolae conta com a ajuda de 12 voluntários que atuam em diversas frentes: educação, família, jurídica e outras. O orçamento para 2004 foi de R$ 900. Para este ano, a estimativa é de, no máximo, R$ 2.500. Shirley informou que esses recursos são provenientes de penas determinadas pelas varas de Direito Civil Especial e de Direito Criminal, geralmente aplicadas a empresas que cometem, por exemplo, agressões ao meio ambiente. Mas fez um apelo para que o governo colabore com a iniciativa, comprovadamente eficaz na redução da criminalidade.

No Prolae, os detentos cultivam hortaliças que são vendidas no mercado de Ouro Preto e também ao restaurante popular da cidade. Está em construção pelos próprios detentos um galpão onde vão funcionar um consultório odontológico, uma sala de aula e uma marcenaria, cujo maquinário já foi cedido por uma empresa da região.

Além de conhecer o Prolae, o deputado Durval Ângelo (PT) visitou a cadeia pública de Ouro Preto, onde 127 presos estão amontoados em 12 celas com capacidade para 70 pessoas. O parlamentar ouviu diversas reclamações dos presos e se comprometeu a pedir ao governo do Estado verbas para a conclusão do galpão para o Prolae e também para a aquisição de uma grade para cobrir o pátio da cadeia pública. Dessa forma, os presos poderiam passar mais tempo no pátio. Os detentos, que fizeram uma rebelião no último dia 1º, reivindicam uma alimentação de melhor qualidade, duas visitas dos filhos por mês, uma visita íntima mensal e respeito às três horas de visita, entre outros pleitos.

Após conhecer as duas realidades carcerárias que convivem lado a lado, Durval manifestou sua convicção de que os sistemas alternativos de carceragem precisam ser encorajados no Estado. Segundo ele, os municípios que adotaram esses sistemas, como Itaúna e Nova Lima, com a Apac, e Visconde do Rio Branco, com o Projeto Renascer, registraram quedas expressivas no índice de criminalidade e violência. "Vai chegar um momento em que não vai adiantar termos mais cadeias e mais polícia. O governo está gastando muito com o sistema prisional. Mas não basta criar vagas em penitenciárias. Trata-se de mudar o modelo", afirmou o parlamentar. Ele disse que o sucesso do Prolae se deve à parceria entre municípios, Estado e União.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; coordenadora do Prolae, Shirley Xavier; prefeito de Ouro Preto, Ângelo Osvaldo; vice-prefeito de Ouro Preto, Renato Figueiredo; presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto, Vanderley Rossi Júnior; vice-presidente da Câmara, Flávio Andrade; juíza da comarca de Ouro Preto, Lúcia de Fátima Albuquerque Magalhães; promotora Luiza Helena Troccito da Fonseca; delegada da comarca de Ouro Preto, Cleanice Reis Braz.

 

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