Elaboração de políticas de resíduos deve ter participação da sociedade

Palestrantes das áreas de educação ambiental, recursos humanos e inclusão social que falaram na manhã desta segunda-f...

21/11/2005 - 01:01
 

Elaboração de políticas de resíduos deve ter participação da sociedade

Palestrantes das áreas de educação ambiental, recursos humanos e inclusão social que falaram na manhã desta segunda-feira (21/11/05), no Seminário "Lixo e cidadania" recomendaram que a sociedade e os segmentos envolvidos na cadeia dos resíduos sejam ouvidos na elaboração de políticas públicas. O evento está sendo realizado pela Assembléia Legislativa, em parceria com 56 entidades, para colher subsídios para a elaboração de uma política estadual de resíduos sólidos.

A secretária de articulação institucional e parcerias do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e ex-superintendente da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) da Prefeitura de Belo Horizonte, Heliana Kátia Tavares, disse que a gestão dos resíduos sólidos passa por uma política de inclusão social dos catadores de papel e outras pessoas envolvidas no processo. Ela traçou um diagnóstico da pobreza do País, destacando que o ministério elaborou um estudo para identificar todas as ações do governo federal, na área social. Segundo Kátia, foram mapeadas 200 ações no Plano Plurianual, sendo 20 de transferência de renda e 30 de desenvolvimento social, em todos os ministérios e órgãos federais. Segundo ela, o objetivo de sua secretaria é disponibilizar estas informações em uma página na internet, até o final do ano.

Segundo Heliana Kátia, os principais desafios para os programas de inclusão social são garantir a motivação das famílias e que elas tenham um papel de protagonistas; articular e capacitar diferentes atores, integrar as ações e atividades; adequar os problemas e tecnologias às necessidades e fortalecer os programas de microcrédito.

Educação ambiental e valorização dos recursos humanos

Para o coordenador de projetos do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável, José Aparecido Gonçalves, o desafio da sociedade moderna é compatibilizar o crescimento da produção do lixo com a capacidade de processá-lo. Ele também citou a crescente pobreza, aliada ao desemprego, como causas também da exclusão de pessoas que vivem do lixo, como catadores e crianças. José Aparecido defendeu a valorização do trabalho dos catadores de lixo, "responsáveis por 90% do material que chega às indústrias de reciclagem e que não têm a remuneração adequada".

Ele citou como marco do segmento, a criação, em 2001, do movimento nacional dos catadores de lixo, "experiência que aponta para um novo modelo de sustentabilidade". O coordenador do Nenuca destacou como bandeiras desse segmento: a garantia da destinação dos materiais recicláveis; o cuidado com a terceirização da coleta, com o fim de não ignorar os catadores; a remuneração pelos poderes públicos do serviço prestado pelos catadores; e o domínio da cadeia produtiva, com o protagonismo dos catadores, a exemplo da recém-inaugurada unidade de processamento em Belo Horizonte.

A valorização dos recursos humanos das empresas responsáveis pela gestão dos resíduos sólidos das cidades, com remuneração adequada, política de assistência social e de saúde, capacitação dos trabalhadores foi defendida pelo consultor empresarial Ben-Hur Albergaria, ex-diretor de Recursos Humanos da SLU.

Já a pesquisadora Márcia Andréia Magalhães, especialista em educação ambiental pela UFMG, destacou a importância da interação dos diversos entes sociais que atuam na questão, a partir das três áreas de conhecimento : "o senso comum, o conhecimento científico e o conhecimento escolar".

Novas denúncias na fase de debates

Na fase de debates, o deputado André Quintão (PT), que presidia a reunião, abriu a palavra para a platéia. O representante da Delegacia Regional do Trabalho de Minas (DRT-MG) denunciou que o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) não está chegando a todas as crianças que estão no lixão, e muitas ainda correm risco, são escondidas e desrespeitadas. Ele pediu denúncia desses casos à DRT, pelo telefone 31-2270-6142. Heliana Kátia informou que o Ministério do Desenvolvimento Social está dobrando o número de bolsas do Peti para tirar as crianças dos lixões.

Márcia Andréia disse que as crianças que encontrou no lixão estão sujeitas, além de infecções, à radioatividade e à contaminação por metais pesados. Marco Antônio Borzino, do Ministério do Meio Ambiente, acrescentou que "não basta tirar a criança do lixo. É preciso também ressocializá-la". Denise Bruschi, da Feam, respondendo a pergunta da platéia, disse que a área escolhida para o aterro sanitário de Ribeirão das Neves foi considerada inadequada e que, por isso, o licenciamento ambiental foi indeferido. Até o momento, a Prefeitura não havia indicado outra área.

Para José Gonçalves, do Instituto Nenuca, disse que a época das acusações foi superada. "Já passou a época de denunciar. Agora é o momento de anunciar", formulou, pedindo que medidas concretas sejam tomadas já. Ilma Abreu, da associação dos servidores e contribuintes, propôs ao deputado André Quintão um projeto de lei obrigando grandes empreendimentos, como os parques de diversões, a recolherem seu próprio lixo, sem esperar na segunda-feira pela SLU.

Eduardo Tavares, do Instituto Hóu, denunciou que as empresas terceirizadas para a coleta de lixo não se submetem a licenciamento, nem passam por formação em higiene e saúde pública, com seus empregados correndo risco e levando risco para a população. Sinara Chenna, superintendente da SLU, admitiu que as empresas de coleta terceirizada não passam por licenciamento, mas defendeu o licenciamento do aterro sanitário da BR-040, concedido pelo Copam em 1998 e revalidado em 2003.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715