Direitos Humanos são mais amplos que assegurar direitos a infratores

O painel "A construção da política de educação em direitos humanos em Minas Gerais", no segundo dia do Ciclo de Debat...

11/11/2005 - 01:01
 

Direitos Humanos são mais amplos que assegurar direitos a infratores

O painel "A construção da política de educação em direitos humanos em Minas Gerais", no segundo dia do Ciclo de Debates "Educação em Direitos Humanos", promovido pela ALMG nesta sexta-feira (11/11/05), foi aberto pelo subsecretário de Direitos Humanos da Sedese, João Batista de Oliveira. Ele apresentou o organograma de sua subsecretaria, destacando que ela é dirigida por militantes dos direitos humanos. Criticou a campanha do referendo sobre o comércio de armas, por gastar dinheiro público sem enfocar aspectos educativos referentes aos direitos humanos.

João Batista procurou ampliar o conceito de direitos humanos para além do estigma de proteção de bandidos. "Quando uma pessoa precisa de uma cirurgia pelo SUS, e esta é marcada com carência de seis meses, isso também é transgressão aos direitos humanos. Quando a prefeitura quer esconder os meninos malabaristas que se apresentam no sinal, para não serem vistos pelos turistas, isso me parece faxina étnica", ilustrou o subsecretário. Ele anunciou para breve também o Memorial dos Direitos Humanos, dizendo-se preocupado com uma pesquisa que indica que 40% dos universitários mineiros admitem o emprego da tortura.

Veterana militante da anistia, Emely Salazar, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, indignou-se com a falta de memória da juventude quanto à luta pelas liberdades democráticas, que custou tantas vidas e tantos traumas aos torturados. "É dever de toda nação conhecer sua história, por mais dolorosa e constrangedora que seja. Esse conhecimento é a verdadeira educação para os Direitos Humanos", afirmou.

Maria Novaes, subsecretária da Educação, relatou os esforços de sua pasta para combater os ambientes hostis dentro da escola pública, e programas para alunos em situação de risco e em estabelecimentos prisionais. Admitiu, no entanto, que ainda não se trata da escola em tempo integral, que seria a melhor saída para retirar os jovens da rua e do risco de abordagem pelos traficantes.

Já a representante da Secretaria de Educação de Belo Horizonte, Macaé Maria Evaristo, optou por um discurso étnico com base nos conflitos recentes deflagrados pelos imigrantes da França. "Enquanto o capital tem livre trânsito no mundo, as pessoas enfrentam restrições para trabalhar e viver com dignidade em outros países. São tratadas como imigrantes ilegais e segregadas em guetos", disse Macaé.

Ivone Maldonado Gama, da Ouvidoria de Polícia, informou que aplicou questionários em 314 pessoas para avaliar o trabalho que presta à população. A Ouvidoria pretende fazer pesquisa de letalidade das intervenções policiais com arma de fogo em Minas, tanto de civis quanto de policiais mortos. Uma portaria foi preparada pelas corregedorias de Polícia e enviada às diversas unidades policiais para o envio de informações detalhadas.

 

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