Licenciamento ambiental para piscicultura motiva nova audiência

Reunir o diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti, e o presidente da Emater, José Silva Soares, visando agi...

10/11/2005 - 01:00
 

Licenciamento ambiental para piscicultura motiva nova audiência

Reunir o diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti, e o presidente da Emater, José Silva Soares, visando agilizar o licenciamento ambiental para piscicultores no Estado. Essa foi a principal ação da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa, na reunião desta quinta-feira (10/11/05), quando aprovou um requerimento da comissão com esse objetivo. Foi aprovado um segundo requerimento da comissão pedindo que, na mesma data da reunião a ser marcada, seja feita uma segunda. Essa terá como objetivo tratar de outros aspectos relacionados à piscicultura - redução tributária, promoção de vendas, benefícios econômicos para municípios e segurança alimentar.

A decisão pela reunião sobre o licenciamento foi tomada a partir da constatação do técnico da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), Edson de Paula Gomes. Para ele, os presidentes dos órgãos estaduais devem articular a atuação conjunta para facilitar a legalização da atividade dos piscicultores no Estado. Um dos requisitos da legalização é o licenciamento ambiental da atividade, segundo Gomes, que seria dificultado pelo reduzido número de técnicos do IEF para vistoriar as propriedades. A saída, para ele, seria a Emater, que tem 710 unidades no Estado, ceder seus técnicos ao IEF para fazerem essas vistorias, o que agilizaria o licenciamento. Comparando o licenciamento estadual ao federal, Edson Gomes disse que o segundo demora apenas uma semana, ao passo que no Estado, demoram-se meses. Algumas medidas no âmbito federal contribuem para isso: os piscicultores com até 2 hectares de terreno estão isentos de taxas para legalização e da averbação de reserva legal. Também os praticantes da pesca extrativa não pagam taxas federais.

Gargalos - Flávio Lima Nascimento, da Seap em Juiz de Fora, afirmou que o potencial brasileiro é de uma produção de 80 milhões de toneladas de peixe por ano, mas falta muito para isso, já que a piscicultura apresenta inúmeros gargalos: a alta carga de impostos (de 18% sobre a venda do peixe) e taxas ambientais; desorganização quanto à responsabilidade de cada um dos órgãos estatais envolvidos com o setor, bem como desarticulação entre eles, inviabilizando parcerias; pesquisas incipientes (principalmente quanto ao melhoramento genético) e ausência de disciplinas sobre piscicultura nos cursos de veterinária; preço da alimentação dos peixes (rações caras); mercado ainda pequeno - "não foi despertado ainda no consumidor a necessidade de comer peixe".

Também o presidente da Associação dos Piscicultores do Sudeste de Minas Gerais, Aloísio Vasconcelos Barbosa, reclamou que, devido a essas dificuldades, apenas 5% dos 14 mil produtores estão legalizados no Estado. Apesar dos problemas, ele acredita que o setor pode ser uma grande alavanca para o desenvolvimento mineiro: "o peixe pode se tornar o 'frango do futuro'", declarou. Para isso, a entidade que preside tem feito parcerias com diversos órgãos, como a Seap, o Sebrae, Prefeitura e Universidade Federal de Juiz de Fora.

Assembléia aprovou PL com redução de ICMS para peixe

Na abertura, os autores do requerimento pela audiência pública, deputados Doutor Ronaldo (PDT) e Adelmo Carneiro Leão (PT), falaram da importância do setor para o Estado. Já Adelmo Leão disse que a reunião era propícia, pois a Assembléia acabou de aprovar um projeto de redução de ICMS e uma das emendas contempla a piscicultura. "Reduzimos a praticamente zero o ICMS na produção e venda do peixe, o que representa um grande estímulo para os produtores", lembrou ele.

Doutor Ronaldo trouxe alguns dados do setor: o Estado tem um grande potencial, pouco explorado ainda, para a piscicultura e aqüicultura, uma vez que possui 5 mil km2 de espelhos d'água. Ele informou que hoje existem no Estado 14 mil piscicultores, 95% dos quais são produtores de pequeno porte. Ainda de acordo com o parlamentar, o consumo de peixe é ainda muito baixo em Minas - menos de 7 kg no ano por habitante, o que seria causado pelo preço "salgado" do produto. Sobre esse assunto, ele perguntou o que representava a ração no custo do peixe, ao que Aloísio Barbosa respondeu que esse percentual ficava entre 70% e 80% sobre o preço final.

Criação em represas - Interessado na possibilidade da piscicultura em lagos de usinas hidrelétricas, o presidente da comissão, deputado Padre João (PT), perguntou qual o tempo necessário para que eles pudessem ser utilizados com essa finalidade. Flávio Lima, da Seap, informou que o prazo de cinco anos seria suficiente para o povoamento de peixes nas represas, desde que o local fosse previamente limpo, antes da formação do lago.

Doutor Viana (PFL) afirmou que a saída para os piscicultores passava pela sua organização, através da formação de cooperativas e na busca de apoio financeiro. "Temos que ir até o governo do Estado e pedir a redução da carga tributária para o setor; o campo é que sustenta o nosso País", acrescentou. Já o vice-presidente da comissão, deputado Marlos Fernandes (PPS), lembrou que sua região de origem, o Triângulo Mineiro, é rica em grandes lagos e que o poder público precisava oferecer soluções para a criação de peixes nesses reservatórios.

Requerimentos aprovados

Também na reunião, foram aprovados outros cinco requerimentos, um do deputado Antônio Júlio (PMDB) pedindo audiência pública com a Comissão de Saúde para tratar da distribuição de pinto de postura pelo governo e medidas de prevenção à gripe aviária. Os quatro requerimentos restantes são do deputado Padre João, solicitando: audiência pública para que o Ministério Público relate todas as denúncias feitas pela CPI do Preço do Leite ao órgão; informações da Secretaria da Fazenda quanto ao valor real da dívida da Usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, e os valores já pagos; providências do Tribunal de Justiça para localizar os autos do processo de execução fiscal contra essa usina e o levantamento de processos trabalhistas contra ela; e a fiscalização, pelo Ministério do Trabalho, na usina, em função de indícios de irregularidades praticadas na empresa.

Presenças - Deputados Padre João (PT), presidente da comissão; Marlos Fernandes (PPS), vice; Doutor Viana (PFL), Doutor Ronaldo (PDT), Adelmo Carneiro Leão (PT) e Biel Rocha (PT).

 

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