Comissão debate equilíbrio entre desenvolvimento e preservação

Mudanças na legislação ambiental são necessárias para que se atinja o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e ...

09/11/2005 - 01:01
 

Comissão debate equilíbrio entre desenvolvimento e preservação

Mudanças na legislação ambiental são necessárias para que se atinja o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação da natureza. Esse foi o pensamento dominante entre os participantes da reunião conjunta das comissões de Meio Ambiente e Recursos Naturais e de Política Agropecuária e Agroindustrial, realizada nesta quarta-feira (9/11/05) na Assembléia Legislativa. A audiência, requerida pelo deputado Paulo Piau (PPS), contou com a participação de 30 convidados e durou aproximadamente três horas e meia.

Piau afirmou que o objetivo da reunião era exatamente o de abrir a discussão sobre o tema, visto que não existe um lado mais importante do que o outro, referindo-se às correntes "produtivistas" e "ambientalistas". A opinião foi compartilhada pelo deputado Laudelino Augusto (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, que comandou os trabalhos. Ele citou a necessidade de que a educação ambiental seja uma aliada, e não uma adversária do progresso. Paulo Piau disse ainda que não adianta o Legislativo produzir leis que não podem ser cumpridas, pois assim "estamos criando uma sociedade fora da lei". Ele defendeu uma revisão urgente da Constituição Federal e da legislação mineira que trata da questão ambiental.

Já o deputado João Leite (PSDB) elogiou a realização da reunião conjunta e afirmou que é preciso continuar essa discussão. Piau lembrou que existe a idéia de criar, em 2006, uma comissão especial na Assembléia para discutir exatamente esse equilíbrio entre produção e meio ambiente.

Críticas à burocracia e à agricultura convencional

Os convidados trouxeram uma série de dados e informações sobre os constantes conflitos entre as empresas e os órgãos ambientais. O presidente do Conselho de Empresários para o Meio Ambiente da Fiemg, Vítor Feitosa, se queixou da burocracia na concessão dos licenciamentos. Isso tem provocado perda de previsibilidade e de competitividade no setor produtivo. Feitosa reclamou também do Ministério Público, que, segundo ele, teria rejeitado a proposta da Fiemg, segundo a qual empresas em situação ilegal não seriam multadas em troca de sua regularização. O assessor técnico da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Carlos Alberto Santos Oliveira, concordou com o colega.

O modelo agrícola convencional, baseado na utilização de insumos industrializados, adubos químicos e agrotóxicos, foi atacado pelo assessor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Eduardo Nascimento. Ele disse que esse modelo é responsável não só por graves danos ambientais como também pelo aprofundamento da desigualdade social no Brasil. Nascimento defendeu a agricultura familiar, na sua opinião ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável. Já a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, afirmou que o setor produtivo, de forma geral, está muito aquém do necessário em termos de responsabilidade ambiental.

O professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG Ricardo Motta Pinto Coelho fez uma análise do setor ambiental brasileiro e constatou que este enfrenta uma profunda crise, independente da legislação em vigor. Ele falou que há incoerência entre as exigências legais e os riscos ambientais, defendendo ainda que as empresas atuem de maneira "mais objetiva" com relação ao impacto que provocam na natureza. "É preciso que os empresários mostrem à sociedade que estão tomando providências para resolver os impactos causados por suas atividades".

Diversos outros convidados fizeram uso da palavra e apresentaram críticas e sugestões à legislação ambiental. Os presentes que não tiveram oportunidade de se pronunciar no microfone puderam se manifestar por escrito. Além disso, todos os estudos citados e apresentados durante a audiência foram colocados à disposição das comissões para análise.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais; João Leite (PSDB); Márcio Kangussu (PPS); Sávio Souza Cruz (PMDB); Padre João (PT), presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial; Marlos Fernandes (PPS), vice; Paulo Piau (PPS); e Domingos Sávio (PSDB). Além dos citados na matéria, também participaram: Carlos Eduardo Orsini, subsecretário de Estado de Indústria, Comércio e Serviços; Fernando Antônio Cardoso, assessor especial de gabinete da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Luiz Eduardo Ferreira Fontes, professor titular do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa (UFV); Luiz Roberto Guimarães Guilherme, assessor do reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla); Wagner Soares Costa, gerente de Meio Ambiente da Fiemg; Humberto Candeias Cavalcanti, diretor-geral do IEF; Adauto Rodrigues, gerente de crédito do Sistema Crediminas; Eder Bolson, diretor da Associação de Sementes e Mudas de Minas Gerais (Apsemg); Joeider Pacífico Cordeiro de Campos, sócio-diretor da Destilaria Atenas; Ronaldo Duarte Pereira, diretor administrativo e financeiro da Agroindustrial Santa Juliana S.A.; Ricardo Castilho, secretário executivo da Associação Mineira de Silvicultura (AMS); Carlos Alberto Baltazar, assessor administrativo do Sindifer; Ênio Resende de Souza, coordenador técnico estadual de Meio Ambiente da Emater; Floriano Moura Guimarães e Charles Drake Guimarães Gonçalves, respectivamente, presidente e vice-presidente do Sicoob/Creditril; João Ribeiro Ferreira Filho, diretor da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Assemg); Celso Costa Moreira, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios de Minas Gerais; Luiz Gonzaga Resende Bernardo e Adriane Penna, respectivamente, analista de Ciência e Tecnologia e advogada da Feam; Paulo Fernando Kronka, gerente-geral da Usina Coruripe de Iturama; Rui Gomes Nogueira Ramos, da Usina Coruripe de Campo Florido; Luiz Custódio Cotta Martins e Vítor Wanderley Jr., respectivamente, presidente e vice-presidente do Sindicato do Açúcar e Álcool de Minas Gerais (Siamig); Luciano Rogério de Castro, superintendente dos Sindicatos da Indústria do Açúcar e da Fabricação do Álcool de Minas Gerais; e capitão PM Arley Ferreira.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715