Cooperativas contribuem com 6% do PIB de Minas Gerais

As cooperativas respondem por 50% das exportações de café e 53% das vendas externas de leite de Minas Gerais e contri...

08/11/2005 - 01:00
 

Cooperativas contribuem com 6% do PIB de Minas Gerais

As cooperativas respondem por 50% das exportações de café e 53% das vendas externas de leite de Minas Gerais e contribuem com 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Os números dão uma amostra da importância do cooperativismo para a economia brasileira, mas o setor ainda enfrenta uma série de dificuldades, que foram apresentadas na primeira reunião com convidados da Comissão Especial do Cooperativismo da Assembléia Legislativa, realizada nesta terça-feira (8/11/05).

Espalhadas por todo o País, as cooperativas agrícolas respondem por 11% da produção de arroz e feijão, 17% do milho, 28% do café, 30% da soja e 40% do leite. No caso do trigo nacional, essa porcentagem chega a 62%. Em todo o Brasil, existem 7.136 cooperativas dos mais diversos ramos (agropecuário, de crédito, de saúde, trabalho, transporte), que somam mais de 6 milhões de associados. Em Minas Gerais, são 784 cooperativas e cerca de um milhão de cooperados. Os números foram apresentados pelo presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Scucato.

Outros exemplos da importância econômica do cooperativismo foram apresentados na reunião. Apenas as cooperativas de crédito empregam 26.500 pessoas em todo o Brasil. A Unimed-BH, principal cooperativa de saúde de Minas Gerais, tem nada menos que 550 mil usuários. A Consul, cooperativa de consumo do Vale do Aço, é responsável por 75% da arrecadação de ICMS do setor varejista da região. Os rádio-táxis da Região Metropolitana de Belo Horizonte somam um batalhão de 2.200 cooperados. Segundo Ronaldo Scucato, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é maior nas cidades que possuem cooperativas. "É uma prova inconteste da importância do cooperativismo", avalia.

Setor tem potencial a ser explorado

Mas os números também mostram que o potencial do setor ainda não é completamente explorado no Brasil. Estimativas da Organização das Nações Unidas apontam que pelos menos 2,4 bilhões de pessoas estão de alguma forma ligadas a cooperativas, o que representa cerca de 40% da população mundial. No Brasil, o número de pessoas com algum relacionamento com cooperativas é de 18 milhões, o equivalente a pouco mais de 10% da população. "Temos um largo caminho a percorrer para que o cooperativismo melhore a economia do País", considera Scucato.

Para isso, os representantes dos diversos segmentos do setor pedem redução da carga tributária, mecanismos de incentivo às associações (que são a base para a formação de cooperativas) e o ensino de conteúdos voltados para o cooperativismo tanto no ensino fundamental quanto nas universidades. Os deputados também ouviram reclamações sobre a legislação que regulamenta o setor e sobre o preconceito contra cooperativas de transporte e trabalho. Para o presidente da comissão, deputado Paulo Piau (PP), desenvolver o cooperativismo em Minas é um desafio, tendo em vista as dificuldades enfrentadas por segmentos como o de saúde e de trabalho.

Uma utopia centenária

De acordo com Ronaldo Scucato, as primeiras referências ao cooperativismo datam do século XVIII, quando o médico inglês William King defendeu a organização cooperativa como forma de facilitar o acesso dos associados a produtos alimentícios, no que foi considerado a primeira proposta de cooperativa de consumo. Mas a idéia só se concretizou em meados do século XIX, quando tecelões de um subúrbio de Manchester montaram um armazém onde os associados podiam comprar alimentos a preços mais baratos que no comércio local. Estava criada a primeira cooperativa da história.

Desde então, a utopia de subverter a fórmula do capitalismo, sobrepondo o trabalho ao capital, ganhou espaço na Europa e se espalhou pelo mundo. "O cooperativismo foi a única instituição que sobrou inteira da Segunda Guerra Mundial, e aparece agora como grande estratégia de organização de populações inteiras ao redor do globo", analisa o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), José Horta Valadares, estudioso do assunto.

Requerimentos - Ao final da reunião, a comissão aprovou quatro requerimentos de autoria coletiva. Eles viabilizam a formalização de convites para a realização das duas próximas audiências públicas (que vão debater as cooperativas de saúde e de crédito); convidam para ter assento permanente na comissão o professor Valadares e o assessor da Frente Parlamentar do Cooperativismo, Vagner Dias; e suspendem os trabalhos entre os dias 9 e 21 de novembro.

Presenças - Deputados Paulo Piau (PP), presidente; Laudelino Augusto (PT), José Henrique (PMDB), Doutor Viana (PFL), Sebastião Costa (PPS) e a deputada Ana Maria Resende (PSDB).

 

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