Destinação do lixo reúne representantes de sete cidades em Uberaba

Representantes de sete municípios participaram da décima reunião de interiorização do Seminário Legislativo "Lixo e C...

08/11/2005 - 01:01
 

Destinação do lixo reúne representantes de sete cidades em Uberaba

Representantes de sete municípios participaram da décima reunião de interiorização do Seminário Legislativo "Lixo e Cidadania - políticas para uma sociedade sustentável", realizada em Uberaba, no Triângulo Mineiro, nesta terça-feira (8/11/05). O evento é uma iniciativa da Assembléia Legislativa com o apoio de 56 entidades e atende a requerimento dos deputados Laudelino Augusto e André Quintão, do PT. Na abertura, o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) leu um pronunciamento do presidente da ALMG, deputado Mauri Torres (PSDB), em que ele afirma que a busca de soluções apropriadas para a coleta, a acomodação e a reutilização dos resíduos sólidos é urgente. "Esse processo depende de um esforço conjunto dos poderes públicos e da sociedade, envolvendo conscientização e educação ambiental, produção e divulgação de soluções técnicas, disponibilidade de recursos financeiros e cumprimento da legislação", afirmou.

Para o secretário municipal de Meio Ambiente de Uberaba, Ricardo Lima, a destinação adequada do lixo implica em qualidade de vida para a população. Segundo ele, em Uberaba, a Prefeitura ajudou no processo de organização dos 120 catadores de material reciclável em associações. A coleta seletiva também já está funcionando na cidade, além da usina de triagem. "Também temos programas de conscientização dos servidores públicos e da comunidade para os '3 Rs': reduzir, reaproveitar e reciclar", afirmou o secretário. Ricardo Lima disse ainda que tramita um projeto de lei na Câmara Municipal exigindo que 25% do material utilizado por empresas em serviços para a Prefeitura seja de aparas da construção civil.

No final de novembro, Uberaba também terá um aterro sanitário que receberá o lixo domiciliar. Hoje são cerca de 200 toneladas de lixo recolhidas diariamente. Com a construção do aterro, a meta é que, em dois anos, esse número seja reduzido para 100 toneladas por dia. "Vamos investir mais na compostagem, na coleta seletiva e na reciclagem", concluiu o secretário. A vida útil do aterro é de cinco anos.

Minas Gerais tem apenas 11 aterros sanitários

A situação de Uberaba, no entanto, não é regra no Estado. Dados levados aos participantes do encontro regional pelo membro do Comitê de Meio Ambiente da Associação Comercial de Minas, Santelmo Xavier Filho, mostram que, dos 853 municípios mineiros, apenas 21 têm aterros sanitários e outros 76 já estão com o licenciamento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) para implantá-lo. Outros 575 não foram licenciados. Desse número, 453 têm lixões, 106 aterros controlados e 16 usinas de triagem. Na época da coleta dos dados junto a Feam, 202 municípios ainda não haviam sido vistoriados pela fundação. O expositor lembrou que o prazo estabelecido pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Copam) para que os lixões deixassem de ser utilizados terminou em 30 de outubro deste ano.

Santelmo também mostrou que a situação do Brasil em relação ao tratamento do lixo não é diferente da encontrada em Minas Gerais: ¾ do lixo, de acordo com ele, estão depositados a céu aberto e só 8,2% dos municípios brasileiros têm coleta seletiva. Ele fez ainda um apanhado sobre a quantidade de lixo produzida - uma pessoa produz, em média, 350 Kg de lixo por ano - e do tempo que é gasto para que materiais utilizados no dia-a-dia das pessoas sejam decompostos, no intuito de sensibilizar os participantes para a importância da coleta seletiva. "É possível economizar até R$ 135 por tonelada de lixo, se ele for aproveitado", afirmou.

Responsabilidade de todos - A presidente da Associação dos Engenheiros de Belo Horizonte, Júnia Márcia Bueno Neves, propôs uma reflexão sobre a destinação do lixo: "A responsabilidade não é só do poder público. Produzimos lixo diariamente e precisamos de soluções para seu destino." Segundo ela, falta conscientização da sociedade para a coleta seletiva. "Em Belo Horizonte, por exemplo, como a adesão é livre, poucas pessoas colaboram", lamentou. Ela defendeu estímulos para que os resíduos da construção civil possam ser aproveitados, a ampliação do ICMS ecológico e apoio técnico às prefeituras para que políticas adequadas para a destinação de resíduos possam ser adotadas.

Desperdício - A preocupação com o aumento da quantidade e variedade do lixo produzido (fraldas descartáveis e filtros de café, por exemplo) e com o desperdício, foi manifestada por Leda Costa, do Fórum Estadual "Lixo e Cidadania". Ela apresentou dados que dão conta de que 30% da produção agrícola e 7% da industrial são desperdiçadas. Além disso, 20% de desperdício acontece nas residências. "De 1989 a 2000, a população brasileira cresceu 16% e a produção de lixo, 46%", disse.

Leda Costa também ressaltou a importância do trabalho dos catadores de material reciclável no processo de destinação do lixo e citou a formação do Movimento Nacional dos Catadores, em 2001, com a marcha a Brasília. Entre as conquistas do movimento destacadas por ela estão a articulação nacional dos catadores, o reconhecimento da profissão pelo Código Brasileiro de Ofícios (CBO) e a constituição do Comitê Interministerial de inclusão social dos catadores.

À tarde, os participantes do encontro foram divididos em três grupos para analisar as propostas elaboradas pelas Comissões Técnicas Interinstitucionais (CTIs) para o evento. As propostas (que podem ser alteradas), bem como as novas sugestões, serão incorporadas ao documento preparado pelas entidades que organizaram o evento com a Assembléia e analisadas durante a etapa final do seminário em Belo Horizonte, entre os dias 21 e 23 de novembro. Três temas estão sendo estudados nos encontros regionais: Lixo, Economia e Inclusão Social; Lixo Educação Ambiental e Cultura (Grupo I); Política de Recursos Humanos para a Área de Limpeza Urbana; Legislação, Recursos Financeiros e Mecanismos de Financiamento (Grupo II) e Lixo, Saúde e Meio Ambiente; Lixo, Tecnologia e Destinação (Grupo III).

Ao final do encontro, o deputado Adelmo carneiro Leão lembrou que desde o seminário legislativo sobre saneamento básico, em 1991, muito se avançou quanto à destinação de resíduos. "Mas é preciso que se avance não só nas leis, mas também na prática", concluiu. O deputado destacou ainda a qualidade do trabalho dos grupos no aprimoramento das propostas. Para ele, isso reforça a importância da participação da sociedade civil no debate p elaboração de políticas públicas

Também foram eleitos seis delegados que representarão a região na etapa final do seminário, tendo direito a voz e votos das propostas.

 

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