Inspeção veicular ainda é desafio para Minas Gerais

Os maiores responsáveis pela poluição atmosférica em Belo Horizonte são os veículos pesados movidos a diesel. É isso ...

08/11/2005 - 01:02
 

Inspeção veicular ainda é desafio para Minas Gerais

Os maiores responsáveis pela poluição atmosférica em Belo Horizonte são os veículos pesados movidos a diesel. É isso o que indicam os dados de pesquisa divulgada nesta terça-feira (8/11/05) pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), em reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais. De uma amostra de 200 caminhões analisados, 86% foram reprovados. Em 59% dos casos de reprovação, o motivo foi a rotação acima do limite permitido. Em outras palavras, os motoristas retiravam intencionalmente o lacre da bomba, para aumentar o volume de combustível no motor e, com isso, elevar a potência do veículo. Resultado: jogavam mais fumaça no ar, pois o motor não conseguia queimar o combustível adicional, e aumentavam os níveis de poluição.

Inspeção é desafio - Os resultados da pesquisa, ainda não concluída, integram o projeto "Inspeção veicular: capacitação e avaliação inicial", coordenado pela Feam e desenvolvido por meio de cooperação técnica entre a fundação, Prefeitura de Belo Horizonte, BHTrans, UFMG e governo. Realizada a requerimento do vice-presidente da comissão, deputado Doutor Ronaldo (PDT), a reunião não serviu para debater somente os mecanismos de controle da poluição do ar causada pelos veículos, mas também para revelar que a implantação da inspeção veicular em Minas ainda é um desafio que não foi superado. Em todo o Brasil, apenas no Rio de Janeiro a inspeção é uma realidade. Com ela, poderão ser medidos os níveis de ruído, gases e fumaças emitidos pelos carros.

Os obstáculos são muitos: falta de decisão política e entrosamento entre as instituições envolvidas; polêmica sobre a viabilidade ou não da terceirização do serviço de inspeção; alto investimento para sua implantação; não-definição de normas específicas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e, no caso de Minas, necessidade de uma parceria estreita com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Tanto a pesquisadora da Feam Elisete Gomides Dutra quanto a gerente de Controle de Poluição Veicular da Secretaria Municipal Adjunta de Meio Ambiente da PBH, Bernadete Carvalho, ressaltaram que a parceria com o Detran é essencial, pois é o órgão que detém as informações sobre a frota. Mas isso, lamentaram elas, ainda não acontece no Estado.

A inspeção seria feita no momento de licenciamento do veículo, mas tanto Elisete Gomides Dutra quanto Bernadete Carvalho ressaltaram que a fiscalização nas ruas é uma ação complementar e importante, assim como o trabalho educativo, a fim de conscientizar os cidadãos de que economizar em manutenção é desperdiçar dinheiro e combustível. Após apresentar os resultados da pesquisa, a representante da Feam acenou com a possibilidade de firmar parceria com a Prefeitura para fiscalizar em massa a frota de veículos pesados movidos a diesel - hoje cerca de 44 mil na Capital. A Prefeitura admitiu, por sua vez, que precisa colocar mais equipes nas ruas e que a fiscalização é restrita a amostragens. Mas ponderou que é impossível abarcar os mais de 800 mil veículos cadastrados pelo Detran na Capital. Para Bernadete Carvalho, o trabalho educativo e a inspeção veicular darão sustentação ao trabalho dos fiscais.

Para o gerente da Câmara Setorial do Gás Natural do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos, Euler Loyola, todos os envolvidos devem se sentar à mesa e encontrar soluções para a implantação da inspeção veicular em Minas. Ele também questionou o porquê de apenas os veículos movidos a gás natural serem inspecionados. "A inspeção é essencial para todos", resumiu.

Prefeitura fala sobre Operação Oxigênio e responde questionamentos

A representante da Prefeitura falou sobre o projeto "Operação Oxigênio", desenvolvido sem interrupções desde 1988. O objetivo do programa é reduzir a poluição do ar da frota de veículos a diesel - que totalizam cerca de 50 mil, entre caminhões, utilitários, ônibus e vans. Os ônibus, em número de 6 mil, têm a fiscalização dividida com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), responsável por metade da frota. Hoje a "Operação Oxigênio" trabalha com quatro equipes, sendo três encarregadas dos veículos de carga e uma dos ônibus - que sofrem fiscalização adicional e periódica da BHTrans. Bernadete Carvalho informou que é meta estender o projeto aos demais combustíveis. Segundo a pesquisa divulgada pela Feam, de uma amostra de 800 automóveis de passeio movidos a gasolina, álcool e gás natural, cerca de 40% também foram reprovados.

Para Bernadete Carvalho, a fiscalização promovida nas ruas é um elemento educador importante. "A população polui por ignorância. Os motoristas economizam em manutenção, mas gastam mais com combustível, deteriorando a mecânica do carro", informou. Repetindo as palavras da pesquisadora Elisete Gomides Dutra, ela ressaltou que a fumaça preta emitida pelos veículos é o óleo que não queima. "É um dano grande à saúde, ao meio ambiente e ao patrimônio público, algo que corrói até fachada de prédio", completou. Tanto Elisete quanto Bernadete descartaram a implantação de rodízio de veículos na Capital por conta dos níveis de poluição. A pesquisadora da Feam informou que não existe justificativa técnica para isso, já que a fundação não faz o monitoramento da poluição sonora e atmosférica.

Respondendo a questionamentos do deputado João Leite (PSDB) sobre os altos níveis de ruído e fumaça dos veículos, a Prefeitura ressaltou o trabalho de fiscalização realizado. Quanto à fumaça e aos ruídos, informou que, no primeiro caso, os limites da legislação ainda são permissivos e, no segundo caso, que a própria metodologia de medição ainda está sendo elaborada. Para o deputado, a Comissão de Meio Ambiente deveria promover reuniões permanentes para discutir esses temas. Ele informou que apresentaria requerimentos para saber como se dá, em Belo Horizonte, a fiscalização da emissão de ruídos e poluentes pelos veículos, bem como a sistemática e o horário da coleta de lixo.

O deputado Doutor Ronaldo destacou a importância da discussão promovida nesta terça, e o deputado Márcio Kanguss (PPS) questionou por que ainda não foi implantada a inspeção no Estado.

Presenças - Deputados Doutor Ronaldo (PDT), que presidiu a reunião; João Leite (PSDB) e Márcio Kangussu (PPS), além dos convidados citados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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